Capítulo Dezenove

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Por volta das uma da manhã eu acordei com muito frio. O barulho dos meus dentes batendo estavam ecoando pela prisão. A ansiedade que eu tinha ontem toda tinha passado, agora eu queria o máximo não chegar a hora de fugirmos. E todo o medo que eu não tinha ontem eu tenho hoje com todas as forças... eu não queria ficar com pensamentos negativos então eu tentei dormir de novo. Acho que eu dormi até ouvir um espirro lá de cima, todos levantaram, eu sabia que aquela era a hora de partir.

- Eu verifico. - Ernesto falou enquanto se levantava.

Ele não demorou muito e chegou com minha mãe.

- Mãe! - eu a abracei com tanta força, e ela também, talvez tenha percebido o quanto eu a amava.

- Já está na hora pessoal, melhor irmos logo... - meu pai falou.

Marcelo me abraçou, depois Jacke, meu pai, enfim todos e no final demos um abraço em grupo.

Ernesto já tinha aberto o portão da cela, então nós tentamos fazer o mínimo de barulho possível. Tudo lá estava tão lindo da festa que tivera ontem.

- Por aqui pessoal. - Minha mãe disse abrindo a porta da cozinha.

Depois que ela fechou a porta minha capa azul (que eu nunca tivera usado desde o dia que Karmen falou sobre ela, tinha medo de que ela tentasse a pegar), tinha ficado presa na porta, ela abriu novamente a porta depois a fechou.

- Nossa que enorme aqui. - Jacke falou.

- Maior que a própria prisão. - respondi.

- Shiu - Ernesto pediu.

Nos saímos pela porta dos fundos da cozinha, como era bom sentir o aroma de terra e de grama novamente, sentir o frio natural. Depois andamos uns duzentos metros mais ou menos até chegar ao esgoto.

- Eu não consegui abrir essa tampa do esgoto então deixei para vocês meninos... - Sara falou.

- Claro. - Jacke falou olhando para Marcelo, Ernesto e meu pai.

Eles conseguiram levantar mais ou menos um minuto depois.

- Algum de nós vai ter que descer para ajudar as mulheres. - Mick falou

- Pode ser eu. - Marcelo logo se entregou.

Ouvi os pés dele chegando ao chão, só de imaginar que aquele barulho de água era esgoto me dava vontade de vomitar.

- Eu vou primeiro. - mesmo pensando assim, eu quis ir logo.

Coloquei o capuz da minha capa, quem eu tinha uma leve impressão que essa capa me dava realmente uma sorte tão grande! E comecei a descer aquela mini escada. No final já não tinha mais escada e eu teria que pular de uma altura até grande. Mais Marcelo pegou na minha cintura e me desceu.

- Não desgruda de mim um segundo se quer, tudo bem? E por favor me obedeça. - Marcelo falou parecendo preocupado.

- Você que manda.

Ele me abraçou forte e então encontrou meus olhos. Marcelo segurou meu rosto com suas duas mãos e se aproximou com cuidado, meu estômago se esfriou automaticamente com seu toque. Quando seus lábios estavam próximos o bastante, ouvimos passos no fim da escada e nos separamos rapidamente.

Quando minha mãe aparece ele segurou suas duas mãos e a desceu sem muitos esforços. Então veio Jacke e meu pai foi o último a descer.

- Temos que ser mais rápidos e se alguém nós pegar? - Jacke falou.

- Concordo com ele, acho melhor andarmos rápido. - Ernesto falou.

Começamos a andar. Meio quilômetro andando em um esgoto não era nada fácil, mais enfim eu podia ver seu final, daqui a poucos minutos poderia ver Hina e montar nela novamente, saber o que era ser livre, se eu estava assim imagina minha mãe que passou esse tempo todo aqui?! Eles abriram a tapa e nós subimos.

- Onde está Hina, Cloe... E todos os outros cavalos? - a primeira coisa que me veio na cabeça foi isso.

- Os coloquei um pouco mais para frente, assim ninguém poderia vê-los. - Ernesto respondeu.

Quando chegamos há eles, tenho certeza que meus olhos brilharam, todos estavam abraçando seus cavalos.

- Minha princesa preta, quanta saudade.

- É melhor irmos, ainda não estamos livres. - Marcelo falou.

Então ele chegou perto de mim e falou:

- Elise quero você atrás de mim ou do meu lado entendeu?

- Entendi.

Montamos no cavalo, assim que subi em Hina comecei a correr, Marcelo veio correndo atrás de mim, ele não falou nada, talvez quisesse sentir a mesma sensação que eu. Nós andamos a noite inteira não queríamos parar, era muito perigoso, assim que Karmen descobrir que fugimos mandará todos seus soldados atrás de nós. Já estava amanhecendo consegui ver o palácio do meu pai, parei e fiquei olhando estava com tantas saudades, nunca imaginei que aquele palácio me faria tão bem.

- Saudades? - Meu pai disse.

- Muita.

Quando olhamos para minha mãe ela estava simplesmente paralisada, encantada com o que via.

- Amor, está tudo bem? - Mick foi chegando o cavalo perto do dela.

Toda hora ela abria a boca para tentar falar mais não conseguia. Enfim saiu algo.

- Faz tanto tempo...

- Eu sei, eu sei.

Amor? Então quer dizer que meus pais estavam juntos novamente? Pelo menos isso para me alegrar.

Voltamos a andar com os cavalos e a conversar.

- O que acham que eles vão pensar de mim? - Sara perguntou

Ninguém respondeu, afinal, ninguém sabia. Já estávamos chegando na entrada na cidade, quando alguns moradores nos viram.

- Princesa Elise? Rei Mick? Eles voltaram! Eles voltaram!

Vários moradores saíram de suas casas. Então antes mesmo que meu pai pudesse falar alguma coisa, eu mesma tomei uma decisão, eu era uma princesa devia agir como uma.

- Ajude a passar o recado de que quero todos na porta do palácio, agora! Avisem a todos, ninguém pode faltar.

Depois disso subi no cavalo e comecei a correr até a porta do palácio, alguns moradores já estavam lá. Quando chegamos sentamos para esperar todos.

- Então, temos plano? - Jacke perguntou.

- Nós vamos explicar tudo. Cada detalhe. Temos que os fazer preparados, essa guerra acontecerá hoje mesmo.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora