Capítulo Vinte

6K 401 16
                                    

Mais ou menos uma hora depois, todos estavam presentes. Escolhemos quem subiria ao palco primeiro, e claro eu e meu pai. O rei e a princesa, já que a rainha ainda não poderia ser vista. Nós teríamos que explicar tudo primeiro, depois ela apareceria. Então nós subimos. Meu pai fez um barulho com a garganta para que todos fizessem silêncio.

- Povo de Boquia e Noquia. É um prazer vê-los novamente, pena ser em uma situação como essa. Quero explicar a vocês o motivo de nosso sumiço. Fomos sequestrados.

Podia ouvir algumas pessoas espantadas, outras com a expressão de que não estava entendendo nada.

- A um mês atrás, Karmen. Sim Karmen a ex rainha de vocês, mostrou sua verdadeira face, mostrou que era uma traidora. Karmen queria se aproveitar de nós, para que quando chegasse perto da guerra nós lutássemos com ela.

As pessoas estavam sem palavras, várias com suas bocas abertas, outras quase chorando. Imagina do quando falássemos de minha mãe. Então ele me passou a palavra e eu comecei a falar.

- Nos prendeu em sua prisão de seu palácio em Arvadam por todo esse tempo, nós preparando para lutarmos. Achava que trairíamos nosso povo. Há esse ponto que quero chegar. Nós nunca iríamos fazer isso, então encontramos uma maneira de estar vindo ao encontro de todos vocês, para avisar que ela vira, e não vira sozinha. Essa guerra meus senhores e senhoras acontecerá hoje mesmo.

Gritavam de desespero as mulheres, os homens olhavam para um lado e para o outro. Não sabiam o que fazer, eles não estavam preparados. Mais nós iríamos os preparar agora.

- Acalmem-se. Iremos dar armaduras a todos vocês, iremos dar armas. Fisicamente estarão todos preparados. Já psicologicamente eu não sei.

Agora era a parte mais difícil de se falar, meu pai iria falar sobre Sara, ele tinha mais poder e as pessoas confiavam e acreditavam nele.

- Por favor acalmem-se, quero falar sobre a passada Guerra dos Fios. Naquele dia, muitos de vocês ainda não moravam aqui, muitos ainda eram pequenos como Elise era. E não puderam conhecer minha amada Sara. Aquele teria sido a única guerra, mais não foi. Sara estava lutando, porém chegou tão à frente do lado adversário que se topou com o cavalo de uma mulher de Avardam.

Estavam todos tão concentrados na história, porém sem entender o motivo dela estar sendo contada.

- Essa mulher fingiu estar doente, Sara com seu coração piedoso concordou em ajudá-la, ela a levou a um lugar afastado. Assim que chegaram lá essa mulher colocou uma faca em seu pescoço e a ameaçou se ela não fingisse estar morta para todos nós, ela jurou que mataria Elise, eu e todos vocês. E vocês devem estar se perguntando como eu sei de tudo isso, e quem era essa mulher.

Ótimo ele escolheu matar dois coelhos em cajadada só. Ele queria o que? Matar todos do coração? Algumas pessoas olhavam umas para as outras com uma expressão de dúvida.

- Essa mulher era Karmen. E eu sei de tudo isso porque a própria Sara me contou.

Assim que ele disse isso algumas pessoas não acreditaram, mais Sara entrou logo que ele terminou sua fala. Eu mesma respirei fundo para esperar a reação de cada pessoa. A maioria delas começaram a gritar, reclamar, a chamá-la de traidora. Outras ficaram só observando. Mais minha mãe não se machucou com isso, ela mesmo quis se defender.

- Povo de Boquia e Noquia. Se eu tivesse feito outra escolha, vocês e nem seus filhos estariam aqui hoje, me julgando por ter feito a decisão correta.

Ela falou pouco mais falou muito, depois disso todos se calaram por respeito, talvez refletindo o que ela falou. Era verdade, se ela tivesse feito outra escolha nenhum de nós estaria aqui hoje.

Todos, sem exceção de um, se curvaram diante dos dois reis que estavam ali novamente juntos.

- O que nos resta agora, é armar todos vocês e nós preparar para a guerra. Antes que Karmen chegue e estejamos aqui.

- Como sabes que ela vira mesmo? - Um camponês perguntou.

- Ela nunca deixaria isso assim. Sem um ponto final.

Depois arrumamos todos, as crianças ficavam todas no palácio, em um lugar bem escondido e preparado para elas. Eu estava procurando minha capa azul, eu nunca poderia lutar sem ela, porém não fazia a mínima ideia de onde ela podia estar.

- Está procurando isso princesa? - Marcelo chegou com a capa em mãos.

- Graças! Eu estava feito louca, obrigada.

- Elise eu tenho uma coisa para te falar.

- Fale agora ou cale-se para sempre. – brinquei.

O engraçado era que eu podia estar tão mal, com tanto medo. Mas com Marcelo tudo parecia ser diferente. Brincadeiras, risadas. Nada de tensão.

- Literalmente não é mesmo? - ele respondeu sorrindo como se esse fosse o ponto que ele queria chegar.

- Ei, não foi isso que eu quis dizer. Vai ficar tudo bem, a gente não vai morrer.

- Esquece tudo que eu te falei sobre ficar do meu lado. É para você ficar atrás.

Eu comecei a rir da cara dele, talvez por achar que eu obedeceria. Depois comecei a passa a mão em seu rosto.

- Tudo bem, eu vou ficar atrás, quase ninguém vai me ver - menti.

Ele não respondeu mais ficou me olhando nos olhos como se fosse uma despedida, eu conhecia Marcelo ele estava com medo. Nunca tinha o visto assim. Depois me abraçou bem forte, estávamos assim abraçados, conseguia ouvir as batidas de seu coração.

- Garotos, vamos? Já temos que ficar em posição. - Minha mãe disse quando entrou onde estávamos.

- Eu te amo pequena. - ele disse dando um beijo em minha testa. Depois se virou.

Eu disse bem baixinho talvez para mim mesma e para ele " se cuida "

Quando estava saindo de onde estávamos, encontrei meu pai.

- Pai. - disse indo correndo o abraçar.

- Minha filha. - ele me abraçou mais forte ainda.

- Estou com medo pai, e seu eu não der conta? E se eu matar alguém que não devo matar?

- Minha querida Elise, você vai saber a hora certa, e a pessoa certa.

- Pai e depois disso tudo? Vai acabar né? Meus filhos, seus netos, não vão ter que passar por isso não é mesmo?

- Espero que sim minha filha. - ele me deu um abraço e depois um beijo na testa, o que me passava tanta segurança.

Não tínhamos mais tanto tempo, então saímos e meu pai instrui todos em suas posições corretas de ficar. Estávamos do nosso lado, para frente um vazio enorme. Estava tudo muito calmo bastava esperar. Olhei para trás, talvez para ver se todos estavam lá.

Ernesto, estava bem há frente, junto com meu pai. Jacke ao lado de seu pai na primeira fileira também. Marcelo na segunda fileira, porém atrás de meu pai. E claro o rei e rainha, na primeira fileira, se mostrando confiantes e passando segurança a todos. Eu claro, na terceira fileira.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora