Capítulo 1 Narrado por Isadora Pacheco

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- Nossa! Porra! Isso dói para caralho! - falei respirando fundo.  – Puta que pariu, doeu muito! - eu falava enquanto ela ria.

- Calma, calma, já passou. - falou Ana aparando o sangue, ela tentava furar o meu umbigo.

- Cara... doeu para caramba. - falei resmungando e vendo meu umbigo vermelho, não sangrava mais. Ficou maravilhoso com um piercing pequeno com uma estrela cor de prata.

- Você tá muito gostosa com esse piercing... Ainda mais com essa cintura fina - ela disse me tocando enquanto sorria e me olhava nos olhos.

- Ah sai daqui! - falei rindo e a empurrando, ela gargalhou e me olhou.

- Que bom que eu tenho você. - ela disse acendendo um cigarro. Olhei aquilo, eu nunca tive coragem de fumar. Não cigarro...

- Que bom que eu tenho você. - eu repeti suspirando e puxando a blusa curta um pouco para baixo.

A minha vida era uma droga, pai bêbado, amiga louca do namorado ciumento, quase não tenho casa e vivo em uma igreja abandonada que Ana Pontes morava.

Ana era uma garota que eu tinha conhecido há pouco tempo, mas tempo suficiente para termos uma amizade inseparável.

- Você sabe que quando eu melhorar de vida, vou te levar junto né? - ela sempre dizia isso. Ana alisava meu cabelo e me ofereceu o cigarro.

- De onde você roubou isso? - perguntei e ela riu. - Você sabe que não fumo. - eu disse chegando perto e a olhando.

- Que bom, não faz bem a saúde. - ela disse e eu ri.

- Então porque continua? - perguntei e ela deu de ombros.

- Como está seu pai? Você vem dormir aqui novamente? - ela disse me olhando. Ana tinha a minha idade, 18 anos.

- Estou pensando em pedir dinheiro para minha mãe, ela é minha mãe e estou cansada de ser mal tratada. - falei e ela bufou.

- Você acha mesmo que ela vai te dar alguma coisa? - ela perguntou alisando meu cabelo novamente.

- Não. - gargalhei. - Mas não tô nem aí, se ela não me ajudar ou me criar vou fazer da vida dela um inferno. - falei lembrando da minha vida.

- Esquece isso. - ela disse apontando o cigarro.

- Vou aceitar. - falei já irritada. Ela fez que não e puxou a fumaça do cigarro preto, nem sequer sabia se aquilo era cigarro mesmo, ela passou a mão nos meus cabelos, me puxando pela nuca e eu me aproximei um pouco, curiosa para saber o que ela pensava em fazer.

Ana puxou mais minha cabeça e aproximou os lábios dos meus, assoprando a fumaça para a minha boca.

- Isso tem um cheiro horrível. - falei depois de "engolir" a fumaça.

- Não mandei você engolir.  Agora deixa eu aliviar - ela disse e me beijou.

Minha melhor amiga me beijou. Fiquei um pouco assustada, mas retribui o beijo, ela beijava bem, foi um beijo rápido e desesperado, Ana estava em cima de mim, entre minhas pernas enquanto nos beijávamos, a língua dela passava na minha enquanto eu apertava a cintura dela no beijo, eu nunca tinha beijado uma menina, mas não deixaria que minha melhor amiga achasse que eu não beijava bem.

- Você sabe que isso é nojento... - falei gargalhando e saindo do beijo.

- Sei sim - ela disse rindo e caindo do outro lado da cama. - Espero que Diego nunca saiba que eu o traí com uma garota. - disse Ana gargalhando ainda.

- Eu também - falei e um barulho alto chamou atenção.

- Tarde demais, vadias. - falou Diego. Levantei correndo e tentei sai dali pela janela, mas ele me segurou pelos cabelos, ele me odiava, odiava a nossa amizade. - Calma aí mocinha. - ele disse puxando meu cabelo e me jogando no chão.

- Deixa ela Diego! - Ana gritou segurando ele que em seguida pisou na minha mão. Aquilo doeu um pouco e eu gemi.

- Diego para! Ela não fez nada demais! - falou Ana o fazendo parar.

- Sai daqui sua vagabunda. Não quero te ver nunca mais! - ele disse isso gritando e eu levantei do chão. Jurei naquele momento que tiraria Ana dessa vida.

Saí dali levantando o capuz do moletom que peguei antes de sair.

Andei muito, muito mesmo. Olhei para a porta branca da casa enorme, ali na verdade era tão grande que parecia um castelo. Ali morava a vadia da minha mãe. Fiquei encarando um pouco e entrei pela janela da casa, depois que um segurança virou o quarteirão. Sentei no sofá colocando os pés na mesa de centro, eu sabia que aquele horário só havia ela em casa. Cantarolei. Eu sabia que ela odiava a minha voz.

- Quem está... - a ouvi dizendo completamente irritada  e ouvi o POC POC de seu salto batendo no piso da escada.

- Boa noite, Mamãe... - falei ironicamente virando para ela, enquanto sorria.

- O que faz aqui? Como o segurança permitiu que uma ninguém como você entrasse? - ela disse me puxando pelo braço e me levando até a porta. Mal sabia ela que aquele braço eu mal sentia de tão roxo.

- Vim atrás de dinheiro, o traste que você me deixou não serve para nada. - disse e ela pegou sua bolsa na mesinha de centro. Ela sequer perguntava para que era, o homem que ela iludia era tão rico que ela me dava o dinheiro só para se livrar logo de mim.

- Vai embora. - ela disse jogando uma cédula de 100 em mim. - vai embora que o filho do meu marido está chegando dos Estados Unidos. Eles não podem saber da sua existência. - ela disse me empurrando. - Você não sabe o quanto sinto por ter te deixado nascer - ela disse com nojo. - Que cheiro é esse? ta envolvida com droga? - ela disse abrindo a porta e me empurrando. -E esses arranhões e esse olho roxo? ta se metendo em briga? - ela dizia me empurrando e assim que passei pela porta esbarrei em alguém e em seguida cai por cima de uma mala grande. Eu estava tão machucada que assim que cai no chão o ar faltou, fiquei tonta, mas mesmo assim levantei cambaleando.

- Você esta bem? - um garoto perguntou, eu no mesmo minuto subi o capuz que havia caído assim que eu caí.

- Quem é você? O que está acontecendo aqui? - um homem maduro saiu da casa, me surpreendendo  porque eu achava que  Maria estava sozinha naquela mansão, o senhor bem aparentado olhava para Maria atrás de respostas. - Explica Maria! - ele exigiu.

Dei meia volta e fui embora rindo dela.

- Você me paga! - ela disse alto irritada e eu virei para trás.

- Vai se foder! - gritei gargalhando enquanto mostrava o dedo do meio para ela. Olhei rapidamente para o garoto ali e ignorei, virando o quarteirão enquanto corria.


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CAPÍTULO NOVO TODOS OS DIAS <3

MarcosOnde histórias criam vida. Descubra agora