Capítulo 66 - Narrado por Marcos

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- Me desculpa... – Isa falou me olhando. - eu te amo... – ela disse com dificuldade para mim que logo vi ela apagar de uma vez me fazendo perder a cabeça.
- Me solta, não vou deixar minha mulher... - Disse sendo expulso da sala pela enfermeira.
- Você fica aqui, não vai poder ficar aqui dentro - Ela disse entrando e trancando a porta, eu ainda estava com a roupa que me deram para ficar na sala, escorreguei pela parede em prantos, era madrugada eu estava só próximo a porta da sala de cirurgia, eu só pensava no rosto de Isa dizendo que me amava, que aquilo não tenho sido um despedida...
- Meu Deus... - Falei ainda chorando muito no chão do corredor.
- Marcos! - Disse meu pai ao fundo, eu o olhei, meus olhos estavam tão inchados que mal conseguia abri-los.
- Meu pai... - Disse o abraçando no chão.
- Tenho medo de perder Isa, de perder minha filha, tudo menos isso, que me levem no lugar delas, dou minha vida por elas, não viverei sem elas meu pai... - Disse chorando muito em seu abraço.
- Calma meu filho, você vai ver logo ela sairá dessa sala com Alissa nos braços, tenha fé - Ele disse mas eu sentia suas lágrimas, olhei para frente e vi Ana em uma cadeira de rodas sendo carregado por Carter.
- Onde está Isa? - Ela perguntou com os olhos arregalados.
- Ela estava em trabalho de parto, mas teve uma complicação... - Falei quase sem voz, lágrimas não pararam de cai dos meus olhos nenhum só segundo, Ana colocou a mão na boca sem acreditar no que estava acontecendo, com a outra mão segurava na blusa de Carter que também chorava -Que droga, não posso ao menos ver minha mulher! - Disse socando a parede, eu estava descontrolado, no chão do hospital, estava desestruturado, não tinha mais chão, eu não conseguia pensar no melhor quando eu lembrava da última vez que vi Isa, deitada em uma mesa de cirurgia dizendo que me amava - Dentre todas essas pessoas no mudo... elas não podem partir... - Falei abraçando meu pai novamente - O que eu faço sem elas meu pai? eu não sei mais o que fazer...
Esperei chorando na porta daquela sala, sentado naquele chão frio com o choro ainda tomando conta do meu ser - Família de Isadora Bernardini - Disse o enfermeiro saindo da sala.
-Sim! pelo Amor de Deus me diz que ela está bem, onde ela esta? - Falei quase passando por cima do enfermeiro para ver dentro da sala - Onde está minha mulher e minha filha? - Falei com voz grave, esperando pelo melhor.
- Calma senhor eu entendo seu transtorno, mas não se preocupe, a cirurgia foi um sucesso, sua filha está sendo levada para a incubadora e sua mulher vai ser levada para a sala de recuperação, sem visitas por enquanto -Assim que ele disse eu perdi as forças, me ajoelhei no chão chorando e agradecendo a Deus, senti meu pai e Carter me abraçarem com Ana chorando ao lado, eu só iria me acalmar quando eu ver Isa e Alissa.
- Eu posso ver minha filha? - Perguntei antes do rapaz sair.
- Sim, ela já deve estar sendo levada para a incubadora, me levantei do chão e corri para a sala onde ficava os recém nascidos, só havia o Rafa na sala juntamente com uma enfermeira, a porta ao fundo se abriu e eu vi a enfermeira entrando com uma criança no colo eu sabia que era Alissa, era minha filha, minha tão amada e esperada filha, encostei a mão no vidro chorando vendo Alissa ser colocada na incubadora. - Oi meu amor... papai está aqui - Falei com a voz falhando, meu pai me abraçou me segurando, as lagrimas ainda corriam pelo meu rosto, mas agora de felicidade.
- É a família de Isadora? - O médico disse se aproximando. - sou o médico responsável pelo parto. - falou - você é um homem de sorte, as duas lutaram legalmente até o último suspiro. - falou e estendeu a mão para mim.
Olhei para o lado e o vi com a mão estendida para um cumprimento, passei direto e o abracei - Muito obrigado, muito obrigado, por ter salvado minha mulher e minha filha, eu nunca pagarei essa divida que tenho com você - Disse o abraçando forte - Me diga doutor, quando eu posso ver Isa? eu preciso vê-la - Falei o olhando saindo do abraço.
- Vamos fazer uma bateria de exames nela, sua mulher teve uma parada cardíaca e ficou desacordada por 5 minutos. Se eu tivesse reanimado antes de tirar sua filha, provavelmente você não teria nem uma e nem outra. Sua mulher foi valente... Só acordou nas últimas, mas está bem, graças ao meu furo... Provavelmente serei processado, mas não podia deixar meu último parto com mortes. Irei me aposentar. - falou de uma vez - sua mulher está bem agora, ela perdeu muito sangue e recebe um pouco agora, bem cansada vai passar a noite em observação – Ele disse para mim me fazendo passar as mãos na cabeça descendo para o rosto.
- Não deixarei que façam nada com você, você é o homem que salvou não só a vida delas mas a minha também, não se preocupe quanto a isso, me diga só em que sala ela está, não sairei daqui enquanto não a vê-la, não importa o tempo que passe - Falei o olhando sério agora, eu não chorava mais, mas meus olhos estava inchados e minhas costas doloridas por ficar sentado no chão ao lado da sala de cirurgia.
- Já vou ser processado hoje então... O que acha de entrar escondido? Mas só você - falou olhando me olhando. E em seguida Tiago - me desculpe, sei que é errado, mas... Vejo seu desespero amigo... - ele disse - ja passei por isso também, Minha mulher teve a mesma coisa que a sua, mas logo eu a trouxe de volta... Elas enganaram a morte.

Olhei para meu pai que afirmava com a cabeça.
- Por favor meu pai cuide para que esse homem não seja processado - Falei o olhando.
- Não se preocupe meu filho, nada irá acontecer a este homem, dou minha palavra - Meu pai disse e eu sorri, olhei para Ana e Carter logo em seguida.
- Vai logo, eu quero saber como que ela está - Disse Ana sorrindo.
- Eu aceito doutor, onde está minha mulher?
- Não vai ser tão fácil. - falou o doutor. - vou te dar um jaleco e uma máscara. - ele disse me levando a uma sala. - se perguntarem você vai verificar pressão ou temperatura. - ele disse entregando a mim - Ok? Fique bem atrás de mim e não demore. – falou.
- Certo doutor, farei como mandar - Disse o seguindo, entramos e uma sala e ele me deu um jaleco, e uma máscara, logo saímos da sala, já era de manhã e o movimento de funcionários começava a aumentar no hospital, eu o seguia sem falar uma palavra.
- Quero ver como a paciente está. - o médico falou e a enfermeira saiu da sala sem tirar os olhos de mim.
O médico gelou. E fechou a porta a trancando.
- Certo. Agora olhe sua mulher enquanto eu vejo seus exames – Ele disse baixinho.
O médico abriu alguns exames e viu como Isadora estava. Surpreendentemente tudo normal, como podia? Quase 5 minutos morta... aquilo era demais para minha cabeça e só uma coisa fazia sentido... Deus não a quis morta, a quis ao meu lado e eu agradecerei eternamente por isso.
- Sim, suas orações foram ouvidas e ela tecnicamente esbanjava saúde, da mesma forma que Alissa - O médico estava tão feliz por ter feito aquele trabalho todo que tirou os olhos do papel para contemplar o nosso amor.
Então a olhei, sua pele estava pálida me aproximei e não pude conter minha emoção.
- Oi amor... - Falei baixinho perto de seu ouvido - Eu vi nossa princesa, ela é linda assim como a mãe - Falei e a toquei, sua pele estava fria - Eu te amo meu amor - Disse enxugando a lagrima que saía do meu olho - Estarei aqui fora te esperando viu... - Falei vendo o médico se aproximar de mim, olhando a bolsa de sangue - Obrigado mais uma vez doutor, nunca deixarei de lhe agradecer, nunca será o suficiente - Falei e em seguida ouvi um barulho na porta.
- Temos que ir. - o médico disse e abriu a porta. Eu estava bem atrás dele. Saímos de uma vez e o doutor ficou falando termos médicos para a enfermeira.
Então logo tirei o jaleco cuidadosamente e o entreguei na mão do médico.
- Obrigado pela confiança. - falou o doutor me estendendo os braços para um abraço.
- Eu que agradeço - Falei retribuindo o abraço, nos separamos ali e me juntei a meu pai, que ainda estava em frente a sala onde estava Alissa e Rafa.
- Como ela está Marcos? - Ele perguntou baixinho enquanto eu me aproximava.
- Ela está bem, ainda está dormindo, mas está bem -Falei e virei o olhar para Alissa, ela era bem maior do que o Rafa.
- Que linda minha filha... -Disse olhando pelo vidro.
- Me sinto um homem realizado meu pai - Falei o olhando.
- Agora sabe o que senti quando te vi pela primeira vez - Ele disse e eu o abracei.
- Prometo cuidar bem dessas duas meu pai assim como o senhor cuidou de mim - Falei o abraçando.
- Você vai ficar aqui? - Ele perguntou saindo do abraço.
- Sim meu pai, vou ficar até ver Isa acordada - Falei e ele afirmou com a cabeça.
- Tenho que ir meu filho, estou cansado, mas virei mais tarde e trarei roupas para você e para ela - Ele disse e eu o abracei mais uma vez .
- Obrigado meu pai - Falei e ela saiu, continuei ali olhando Alissa pelo vidro, maravilhado, encantado com sua pele branca olhos claros assim como os de Isa.

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