Capítulo 3 Narrado por Isadora.

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Cheguei em casa e tomei um susto quando vi meu pai com mais dois amigos. Ele bebia muito com os dois, vários litros secos estavam pela sala, mesa da cozinha, escada, tudo.

- Ela chegou! - ele disse assim que abri a porta. - Vá fazer uma bebida para os meus amigos. - ele falava com dificuldade, o cheiro de álcool pareava por todos os lugares.

- Seu... - falei quase chorando de raiva. Fui à cozinha, tirei o moletom que cobria meu corpo e comecei a preparar a bebida só para me livrar logo, mas um homem entrou na cozinha e eu o olhei.

- O que faz aqui? - disse segurando bem a faca que eu cortava os limões.

- Vim só lavar as mãos. - ele disse com um tom debochado, continuei a cortar os limões e ele foi lavar as mãos. Alguns segundos depois senti uma mão passando na minha bunda. Virei de uma vez assustada, soltando a faca e me escorando na bancada.

- Se assustou, linda? - ele disse me esmagando entre a bancada e o corpo dele, gemi o empurrando e  assim que virei para correr o cara segurou meu cabelo me jogando no chão.

- Não... Por favor. - gritei, ele ficou por cima do meu corpo e começou a desabotoar sua calça.

- Socorro! - gritei e ele me deu uma tapa, aquilo doeu muito, pois ele era forte e gordo, sua barba estava por fazer e seus olhos estavam cegos de tesão, me fazendo ter náuseas.

-Vamos gostosa... Quero te ouvir gemer... Ah que delícia te imaginar nua... - ele disse baixando a calça e no mesmo segundo tentando abrir a minha calça, enquanto eu  tentava o bater para aquilo não acontecer.

Estávamos ao lado do fogão. Estiquei meu braço tentando pegar a frigideira, meu braço doeu muito quando estiquei, mas fiz um esforço e assim que peguei a frigideira, bati com muita força em sua cabeça. Ele gemeu saindo de cima de mim. Ele já estava nu.

Levantei e corri chorando para o meu quarto, subi as escadas ainda correndo e tranquei a porta. Desci soluçando, escorada na mesa, e com as mãos na cabeça neguei tentando não pensar no pior.

Quem era aquele homem? Não basta apanhar do meu pai bêbado, ele tinha que trazer mais bêbados para dentro de casa?

- Abra a porta! Porque você não quer fazer um carinho no meu amigo? - meu pai disse rindo e eu subi na cama saindo pela janela.

Foi ali que eu jurei nunca mais voltar para aquela casa. Eu não suportava mais passar fome, apanhar, e me cortar por tristeza. Chega.

Desci e sai no meio da rua.

Parei na praia, eu estava com fome e já era tarde da noite. Pensei em ir à velha igreja onde Ana morava, mas então lembrei que Diego podia estar lá...

Onde eu passaria a noite?  Eu estava sem casaco, machucada, as pessoas me olhavam com medo, outras com nojo...

Sentei em um banco um pouco escuro e bem ali, dormi. Pior do que minha casa a rua com certeza não seria.

- Moça, Acorda. - alguém chutou levemente minha perna. - Acorda que você está embaçando minhas vendas.

Olhei para o senhor que tinha uma barraquinha de comida. Meu estômago roncou no mesmo minuto.

- O que você fez para dormir fora de casa em? - ele disse e o olhei, mal ele sabia... - Uma moça tão bonita... - ele disse negando com a cabeça. Como se eu tivesse culpa.

- Me desculpa, eu não queria estragar suas vendas.  - falei levantando tremendo de frio, eu estava com uma calça rasgada no joelho e um cropped.

- Você quer comer alguma coisa? - ele disse e eu neguei com a cabeça.

- Eu não tenho dinheiro para pagar. - falei lembrando que meu moletom com os 100 reais havia ficado na cozinha.

MarcosOnde histórias criam vida. Descubra agora