Capítulo 27 - Narrado por Isadora.

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- Oi amor, boa tarde... – ele disse meio receoso, me olhava com olhos tristes e eu piscava vagarosamente, o quarto estava claro e me incomodava, Marcos passou a mão em meu cabelo enquanto ainda me olhava - Como esta se sentindo, meu amor? - Disse com voz branda enquanto apertava mais minha mão e com a outra enxugava as lágrimas.

- Bem... – falei o olhando com pena, me sentia meio confusa, como eu havia parado ali? Passei uma mão na cabeça e tentei sentar na cama, mas Marcos me impediu. - O que eu faço aqui? – perguntei vendo vários aparelhos ao meu redor, meu braço recebia soro - minha última lembrança é ver minha mãe no carro e sentir minha perna presa... - falei lentamente tentando olhar minha perna, mas Marcos me impediu novamente de me mexer. O olhei e sorri. - Senti sua falta. – falei fechando os olhos e apertando sua mão.

- Eu também – ele disse sorrindo e se aproximando, ele parecia com medo... ou assustado seria a melhor palavra? – Só não se levante, o doutor já está a caminho – ele disse me olhando nos olhos e apertando minha mão mais uma vez, então a porta abriu e eu olhei um medico forte, alto entrar.

- Oi Isadora, vejo que acordou mais calma – ele disse sorrindo e se apresentando – Me chamo Vinícius Monteiro e sou seu atual médico – ele disse sorrindo e eu forcei um sorriso.

- Ta, obrigada, já posso ir pra casa? - falei tentando levantar novamente. Ele riu e me olhou.

- Isadora seus amigos me falaram que você é forte e determinada, mas não falaram que nasceu de 7 meses – ele disse rindo e eu ri com a brincadeira. - Ainda temos muitos exames pela frente. E precisamos ter uma conversa. - ele disse ficando sério agora e olhei Marcos. Seu semblante não era bom.

- Calma meu amor, deixe o doutor fazer os exames, tenho certeza que logo você receberá alta, mas não tente se levantar, por favor – ele disse me olhando e repetindo mais uma vez para eu não levantar, eu estava começando a ficar impaciente, porque eu não podia levantar?

- O que ta acontecendo? Porque eu não posso levantar? - falei e olhei meus pés do mesmo jeito que eu estava deitada, estavam cobertos por edredons quentinhos, mas algo me pareceu estranho só tinha uma voltinha do edredom, como se eu tivesse apenas um pé. - O que... - perguntei olhando estranho para Marcos. O doutor começou a falar algo que eu mal escutava e eu via que marcos estava a ponto de chorar.

- Isadora, você ficou entre a vida e a morte, assim que seu carro saiu da pista, ele bolou muitas vezes... - ele começou a dizer é eu comecei a me debater na cama tentando me levantar, tinha algo estranho acontecendo e Marcos não me deixava levantar.

- Marcos! - gritei e ele me soltou, ele chorava e passava as mãos na cabeça. No mesmo segundo afastei o edredom, eu vestia um avental de hospital e só tinha uma perna na minha visão, por um momento pensei que fosse desmaiar, mas então comecei a chorar e tremer. Meu Deus, eu só tinha uma perna, meu Deus, meu Deus!

- NÃO, NÃO, NÃO NÃO! - Gritei desesperada. - Não por favor não... Meu Deus! - gritei e chorei ao mesmo tempo, marcos tentou me abraçar, mas eu o empurrei. - sai daqui... - gritei com as forças que eu já não tinha. - sai daqui Marcos, não quero que me veja assim. - eu gritava e chorava - sai, SAI POR FAVOR! - Tapei o rosto e chorei soluçando.

O medico começou a puxar Marcos para fora da sala.

- Não... Não... – falei e sentei na cama mais uma vez, eu tremia, meu cabelo caia no rosto e eu o jogava para trás apenas para tentar ver alguma coisa, mas as próprias lágrimas banhavam meus olhos de uma forma que eu quase não via. Subi aquele vestido de hospital e vi minha perna esquerda enfaixada na parte que era para ser a do joelho – Não, não... - chorei desesperada olhando minha coxa, minha perna direita estava bem machucada, com alguns cortes fundos, mas já estavam quase cicatrizadas, mas quando eu tocava minha coxa esquerda... como seria minha vida agora? Sem pais, sem casa para morar, sem dinheiro, sem Marcos e sem uma perna?

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