Capítulo 4

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Após Clarissa sair Joseph apareceu com uma garrafa de vinho na mão e Eleonora disse para comemorarmos.

— Finalmente vamos ter paz — falou me lançando um olhar venenoso.

Subi para meu quarto depois desse comentário. Estava farta da felicidade dela e Mathias tinha dado um jeito de fugir para a casa de alguma nova amante.

Fechei a porta quando entrei e me sentei em frente a janela em um banquinho alto e encarei a minha aldeia. Tão pequena e isolada.

Sozinha ali comecei a pensar em quem não devia. Damien surgiu nos meus pensamentos e soltando um grunhido me levantei.

Precisava extravasar minha raiva e resolvi pintar, raramente pintava. As cores e formas que surgiam eram diferente da do lápis que era simples e vazio. Pintar exigia colocar os sentimentos para fora algo que não fazia.

Peguei um dos papéis grossos e só usados para o trabalho e um pincel e minhas tintas.

Comecei a pintar e deixei meus sentimentos guiarem o pincel. Fiz o rosto de Damien sorrindo pintado de vermelho e preto e parei sentindo as lágrimas descerem.

Era bom chorar às vezes, limpava a alma e trazia lucidez aos olhos e era disso que eu precisava para enfrentar o que viria.

Não pensei no amanhã. Mas tão rápido que o pensamento de viver em um castelo surgiu na minha mente, tão rápido o dia chegou e Eleonora me acordou dizendo que era o grande dia. E de fato era.

Mal tive tempo para me ajeitar. Eles chegaram e me deram apenas dez minutos para me despedir, o que não era necessário.

Arrumei minha mala. Apenas umas roupas, Clarissa falou que iriam me dar roupas adequadas e novas.

Vesti a mesma roupa de ontem. Já que eram as mais bonitas que tinha.

Só peguei o essencial que era alguns desenhos que consegui salvar e as cartas, infelizmente não conseguiria me desfazer delas. Não ainda.

Muitas pessoas tinham cercado nossa casa. Finalmente souberam que era eu a participante da competição e queriam se despedir e dar boa sorte. Muitas eu reconheci e outras não fazia ideia de quem eram.

Eleonora derramou lágrimas falsas e Joseph me lançou um sorriso triste.

Mathias queria me abraçar, mas não deixei. Apenas lancei um olhar de desagrado na sua direção.

— Se cuida Rose. E não se meta em confusões — pediu coçando a nuca e me limitei a um risinho frio.

— Elas me perseguem, Mathias.

Ele sorriu tristemente.

— Vou sentir sua falta — ele parecia querer dizer mais alguma coisa, porém desistiu.

Me virei não querendo mais olhá-lo. Eleonora me puxou para um abraço repentino e fiquei imóvel. Sem respirar.

— Se comporte, não chame atenção e fique o máximo que puder. Jogue seu charme ou abra as pernas para o príncipe, acredito que seja a única coisa que sabe fazer. Não serviria como uma princesa mesmo.

Me afastei sem esboçar meu choque. Era algo que ela diria de qualquer forma, mas me incomodou.

— Tome cuidado e... sinto muito... por tudo — disse Joseph e se virou para entrar na velha casa.

Me virei para Clarissa com as palavras de Joseph grudadas na minha alma, ela esperava ao lado da carruagem. Era um modelo sofisticado banhado a ouro e com um leão estampando o emblema de Mountsin.

Princesa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora