Capítulo 38

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Era o dia.

Finalmente após dias de alta tensão entre todos, como se soubessem que naquele dia algo mudaria, muitas pessoas sequer conversavam no castelo.

Tudo tinha ficado silencioso.

Amália tinha ido embora, na realidade muitos empregados fizeram as malas e partiram sem nem pegar o pagamento daquele mês.

Leon me disse que era algo normal, após o Dia Vermelho.

Eles tinham medo, pois se nobres eram tratados daquela forma eles não queriam descobrir como seriam tratados caso fizessem algo errado.

Ele também comentou que o rei tinha sido benevolente com os condenados. Já que dá última vez queimou um homem vivo. Leon ainda podia ouvir os gritos dele ao dormir.

Perguntei o que tinham feito com os corpos e ele me contou que nas muralhas eles colocavam as cabeças em estacas e as exibiam como sinal de que nenhum traidor seria poupado.

Lembrei do dia em que cheguei e fiquei enojada ao imaginar Luke lá em cima. Leon garantiu que o tiraria de lá, após tudo ser resolvido esta noite.

Eu torci para que Marcta não soubesse sobre este fato, e me senti mal por Edward que sabia.

Não o vi durante os dias que se seguiram. E Marcta fora embora com a mãe, foi isso que Ivna me contou.

Milei se foi com seu tio na tarde de ontem, sem avisar a ninguém. Simplesmente sumiu, assim como a vários nobres. Não os culpava.

Aquele dia tinha começado estranho, não só pelo silêncio e vácuo que Amália deixou.

Ela tinha me escrito uma carta breve avisando para eu me cuidar e indicando onde estava meu vestido. Não gostava de despedidas.

Mas era estranho pelo fato do sol ter ficado o dia inteiro em seu maior esplendor. Já era para estar com um aspecto nublado, deveria ter começado a ficar mais frio. Porém o tempo não quis seguir as leis da natureza.

A ansiedade crescia em meu peito e após ter me arrumado o que me levou muito mais tempo do que costuma levar.

As saias do vestido eram pesadas, não eram como as dos outros que usei que pareciam plumas.

Eu me senti usando um traje de batalha.

Não fiz um penteado elaborado, deixei meu cabelo solto e coloquei luvas que terminavam em meu pulso de um branco prateado.

Em frente ao espelho encarei meu reflexo.

O vestido longo possuía muitas camadas do que parecia ser uma plumagem de um branco e prata que ia intercalando entre uma cor mais forte e outra mais amena subindo e adquirindo a cor escura já na cintura era completamente negro. Com pedras brilhantes dando a volta pelo meu quadril.

O busto em coração era tomara que caia com várias pequenas penas e folhas o percorrendo.

Segurei a máscara nas mãos e a imagem de sangue, um coração e de um grito de mulher preencheu minha mente.

Balançei a cabeça e a coloquei.

Amália passou horas a fazendo para mim. Eu a usaria nem que me força-se a usar.

Era do tipo de máscara com uma cordinha que a mantém no rosto e ela tinha um cisne de um lado e do outro várias flores, folhas e redemoinhos.

Amália fez um incrível trabalho.

Mordendo os lábios me considerei pronta após colocar saltos pretos e abri a porta engolindo em seco.

Parada ali encarando os corredores me permiti alguns segundos para decidir se realmente estava preparada para o que viria.

Princesa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora