Capítulo 39

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Durante meus dezoito anos de vida achei saber como era a dor. Era uma amiga, sempre presente. Seja nas lembranças ou na ponta de um chicote.

Achei saber o que era ter o coração partido. Damien me fez acreditar que aquilo era o que me fez sentir quando o vi com aquela mulher.

Que tola.

Nada havia me preparado para suas palavras. Para a dor que sentia.

É um sonho. É um sonho. É um sonho.

Tentei me levantar e ainda continuava presa ao chão, meus pés me impedindo de levantar. O choque do cometário de Leon fez Imyir abaixar o arco.

— Não estou entendendo — falou e eu gostaria de dizer o mesmo se pudesse.

Não. Ele não a matou. Não fazia idéia de que jogo ele estava jogando, mas não podia ser verdade. Não podia.

Olhei para o rei e sinti lágrimas queimarem meus olhos. A verdade explícita no rosto dos dois foi rachando meu coração pouco a pouco.

Não.

Não.

Acorde, Rose.

Acorde.

Por favor.

Acorde.

— A explicação não é tão difícil para uma mortal entender. Eu a matei. Quer um motivo? Ela descobriu o que eu sou e meus planos — sua voz era igual a que usou para lutar com Islachr. Divertimento macabro. — Foi divertido, sabe, a deixar brincar de detetive. Uma pena quando ela entendeu tudo. Tive que me livrar rápido dela, estava gostando tanto de brincar com ela.

Ele soltou um suspiro e Imyir o olhou confusa e depois algo clareou na sua mente. Ela arregalou os olhos e deu um passo para trás, cambaleando.

Duw Creulon? — falou em outra língua e Leon fez uma careta.

O que aquilo significava?

— Não gosto desse nome. Mas dentre os vários que tenho este é menos ofensivo — seus olhos azuis cobalto a devoraram ao analisar seu rosto. — Crescer num templo tem suas vantagens. Que azar o meu, ou eu deveria dizer o seu.

— Não. É impossível. Era uma lenda, uma história — disse Imyir balançando a cabeça. — E mesmo que fosse real, não tem como você ser ele. A maldição.

— Céus, humanos são tão irritantes. Eu sou ele, agora cale-se — como se recebesse uma ordem ela parou e em seus olhos vi o pânico. Parecia não controlar o próprio corpo.

Magia, aquilo era magia. E não era possível. Ela não podia ser acessada.

O rei parecia pálido e olhava para frente, de cabeça erguida, sua coroa brilhava sob a luz das velas.

Leon caminhou até o pai e subiu as escadas e se colocou em frente ao rei, que não o olhou nos olhos.

— Eu estive esperando esse momento por mais de quinhentos anos. Não sabem o prazer que sinto ao ver tudo reunido. Tenho a pessoa que me fará voltar ao meu corpo original, a minha amada imortalidade e tenho meu sacrifício de sangue.

Princesa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora