Capítulo 49

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Parte do trono estava sendo consumido por um tipo de fogo negro.

E um grito coletivo ressoou, talvez somente na minha mente e parecia vir do trono.

Os antigos reis estavam bravos por terem sido devorados.

O colar que Leon me tinha dado tinha sido absorvido pela escuridão e não estava mais no meu pescoço.

Encarei a cena com o corpo pesado e a respiração fraca.

Leon estava ao lado da rainha, quase como se a protegesse de mim. Yanna estava horrorizada comigo.

Desviei meus olhos dele e olhei minhas mãos. Minhas veias estavam escuras e subiam pelo meu braço em tom preto arroxeada. Parecia que esfreguei carvão na minha palma e percorri com ele até metade do pulso.

Então começou a desaparecer, sendo absorvidos pela minha pele até minhas mãos voltarem ao normal.

Estava tão chocada que não reparei que Leon se aproximou, desfazendo seu escudo protetor.

— Liberou tudo isto com apenas uma quebra parcial?

Parcial... não quebrou o tal selo nas minhas costas.

A dor fora tremenda para apenas arranhar meu poder.

Meu poder.

Queria rir da ideia absurda que possuía tal coisa. Mas vendo o estrago que eu causei seria errado tentar negar.

Leon encarou os pedaços de ossos do que sobrou do trono.

— Destruiu meu trono. Será necessário muitas pessoas para o reconstruir — a ideia fez meu estômago se revirar. — Mas é justo, já que tomarei seu poder.

Ele tomaria algo que recém descobri sobre mim, sobre minha mãe verdadeira. Sobre um passado que desconhecia.

Queria ativar o poder que consegui a segundos atrás, porém não conseguia.

Qualquer que tenha sido o preço por tal explosão de poder agora ela exigia um pagamento. E minha energia estava sendo aceita como recompensa.

Cai de costas para o chão e Leon balançou a cabeça.

— Seu corpo é fraco.

— O que fez a ela? — questionou a rainha, aturdida.

— Apenas parti metade de seu selo. Levaria semanas para libertar ela de cada um e esperar seu corpo se desintoxicar do chá. Talvez meses.

— Meu, senhor. O eclipse — alertou Lilith, com urgência.

Leon assentiu pegando uma adaga oferecida pela loira, com um símbolo de sol e lua na haste.

— Vamos dar inicio ao ritual.

Não conseguia me mexer. Não conseguia sequer ter forças para falar.

Meus olhos suplicavam para eu fecha-los, quase exigiam. Porém eu me mantive firme. Não podia dormir, não aqui e não agora.

— Os deuses vão o impedir — disse, de forma ríspida, a rainha.

O príncipe a olhou com humor.

— Não, vão. Por que os deuses não se importam com nenhum de vocês. Eu não queria a matar, sabe? Queria que fosse Edward ao invés de você.

A rainha estava tão horrorizada quanto eu.

Não sabia se deveria agradecer Ivna pelo sequestro.

— Você é um monstro — cuspiu.

— E você não é nada.

— Eu sou a tola que pensou que pedir um filho aos deuses não traria mal algum. Estava tão errada... Rosemary — ela nunca tinha me chamado pelo nome. Seus olhos me transmitiram uma mensagem clara. Cumpra o acordo. — O destrua. Destrua a tudo...

Princesa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora