Tentar descobrir o paradeiro dos meus amigos era tão fácil quanto fugir daquele lugar.
Não haviam guardas na masmorra. A única companhia era a rainha e alguns presos que eram tão silenciosos quanto mortos.
De vez enquanto um grito de dor soava e eu sabia que estavam torturando alguém. Imyir foi colocada em outro lugar e eu temia por ela.
A rainha não conversava mais comigo. Toda sua elegância se fora e só restará uma mulher cansada.
Ela beliscou o pão do prato.
Vasculhei a cela para ver se achava uma arma. Um prego solto, uma pedra afiada, qualquer coisa. Mas o lugar não parecia ter nada a não ser as camas de pedra, um balde para necessidades e a maldita fresta.
Frustrada sentei na minha cama e encarei as grades, querendo que ela se dissolvessem com o meu poder de ódio. Passei as próximas horas andando de um lado para o outro inquieta.
Nenhum plano que imaginava parecia funcionar.
Tenho que saber se eles estão bem.
Sentei de frente para a rainha que encarava seu pão já fazia horas.
— Como se sente vendo seu filho...
— Não é meu filho! — disse a rainha jogando para longe o pão. Seus olhos azuis me fitaram em ódio. — Não é.
— Ele disse que você pediu aos deuses um filho.
— Sim, foi o meu maior arrependimento — ela se virou e deitou na cama se encolhendo. A conversa acabou.
Suspirei e olhei para a fresta na parede. Não conseguia ver nada a não ser o céu azul e nenhum sinal da neve.
Quanto tempo ficaríamos aqui?
Uma semana se passou de acordo com meus cálculos. Nenhuma de nós falava muito. Era apenas vai comer esse pedaço?
O frio do lugar não ajudava e tinha que dormir embolada, já que só usava aquele vestido que ele me obrigou a colocar.
Nunca tinha ficado tanto tempo sem tomar banho, mesmo gelado eu tomava. A sujeira consumia meu corpo e alguns de meus sonhos eram sobre tomar banho, alguns sobre fugir, outros eu revendo todo mundo.
Na maioria aparecia um leão com olhos azuis cobalto e o que me dava mais medo eram os sonhos em que estava desenhando no quarto do castelo num dia normal antes do baile de máscara. E a vontade em voltar no tempo me invadia e quando acordava um sentimento de vazio dominava meu estômago.
Ninguém veio nos ver. Não sabíamos de nada que estava acontecendo. E aquilo estava me levando a loucura. Precisa saber logo deles ou seria morta nesse sacrifício idiota.
Já era noite e uma sopa rala, pão e água foi servida por um guarda pessoal do Leon. Que não disse nada e apenas abriu a cela e deixou tudo no chão e se foi.
A rainha só pegou a água e bebeu tudo colocando o copo vazio no chão.
— Precisa comer — falei empurrando um pedaço de pão a ela.
— Não quero — a rainha não tocou no pão e se deitou na cama dela.
— Como quiser — comi tudo e ainda sentia fome.
Deitei na cama me encolhendo e tentando afastar a fome. Quando o sono já me envolvia ouvi sua voz e quase pensei que estivesse sonhando, delirando.
— Eu e Gureisha nos conhecemos quando meu pai veio ao castelo a pedido do Rei Trenton — começou em uma voz distante. Como se estivesse relembrando do ocorrido. — Ele estudava as pessoas com magia no sangue e eu o acompanhava já que éramos só nos dois. Minha mãe morreu quando eu era pequena, alguma doença sem cura. Gureisha e eu nos apaixonamos a primeira vista — ela sorriu ao se recordar.
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Princesa de Vidro
RomanceCìlia um populoso continente composto por 10 reinos onde Mountsin é o reino mais poderoso e o salvador dos humanos, por subjugarem seres mágicos considerados perigosos e vis à um continente inóspito e misterioso. A magia não pulsava há 18 anos, até...