Capítulo 41

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Tentar descobrir o paradeiro dos meus amigos era tão fácil quanto fugir daquele lugar.

Não haviam guardas na masmorra. A única companhia era a rainha e alguns presos que eram tão silenciosos quanto mortos.

De vez enquanto um grito de dor soava e eu sabia que estavam torturando alguém. Imyir foi colocada em outro lugar e eu temia por ela.

A rainha não conversava mais comigo. Toda sua elegância se fora e só restará uma mulher cansada.

Ela beliscou o pão do prato.

Vasculhei a cela para ver se achava uma arma. Um prego solto, uma pedra afiada, qualquer coisa. Mas o lugar não parecia ter nada a não ser as camas de pedra, um balde para necessidades e a maldita fresta.

Frustrada sentei na minha cama e encarei as grades, querendo que ela se dissolvessem com o meu poder de ódio. Passei as próximas horas andando de um lado para o outro inquieta.

Nenhum plano que imaginava parecia funcionar.

Tenho que saber se eles estão bem.

Sentei de frente para a rainha que encarava seu pão já fazia horas.

— Como se sente vendo seu filho...

— Não é meu filho! — disse a rainha jogando para longe o pão. Seus olhos azuis me fitaram em ódio. — Não é.

— Ele disse que você pediu aos deuses um filho.

— Sim, foi o meu maior arrependimento — ela se virou e deitou na cama se encolhendo. A conversa acabou.

Suspirei e olhei para a fresta na parede. Não conseguia ver nada a não ser o céu azul e nenhum sinal da neve.

Quanto tempo ficaríamos aqui?

Uma semana se passou de acordo com meus cálculos. Nenhuma de nós falava muito. Era apenas vai comer esse pedaço?

O frio do lugar não ajudava e tinha que dormir embolada, já que só usava aquele vestido que ele me obrigou a colocar.

Nunca tinha ficado tanto tempo sem tomar banho, mesmo gelado eu tomava. A sujeira consumia meu corpo e alguns de meus sonhos eram sobre tomar banho, alguns sobre fugir, outros eu revendo todo mundo.

Na maioria aparecia um leão com olhos azuis cobalto e o que me dava mais medo eram os sonhos em que estava desenhando no quarto do castelo num dia normal antes do baile de máscara. E a vontade em voltar no tempo me invadia e quando acordava um sentimento de vazio dominava meu estômago.

Ninguém veio nos ver. Não sabíamos de nada que estava acontecendo. E aquilo estava me levando a loucura. Precisa saber logo deles ou seria morta nesse sacrifício idiota.

Já era noite e uma sopa rala, pão e água foi servida por um guarda pessoal do Leon. Que não disse nada e apenas abriu a cela e deixou tudo no chão e se foi.

A rainha só pegou a água e bebeu tudo colocando o copo vazio no chão.

— Precisa comer — falei empurrando um pedaço de pão a ela.

— Não quero — a rainha não tocou no pão e se deitou na cama dela.

— Como quiser — comi tudo e ainda sentia fome.

Deitei na cama me encolhendo e tentando afastar a fome. Quando o sono já me envolvia ouvi sua voz e quase pensei que estivesse sonhando, delirando.

— Eu e Gureisha nos conhecemos quando meu pai veio ao castelo a pedido do Rei Trenton — começou em uma voz distante. Como se estivesse relembrando do ocorrido. — Ele estudava as pessoas com magia no sangue e eu o acompanhava já que éramos só nos dois. Minha mãe morreu quando eu era pequena, alguma doença sem cura. Gureisha e eu nos apaixonamos a primeira vista — ela sorriu ao se recordar.

Princesa de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora