O corredor estava silencioso. Damien me deu uma capa com gorro e a coloquei escondendo meu cabelo e rosto. Não deixei que visse meu machucado, e mesmo que tivesse, não comentou nada.
Seu aperto de mão era forte e macio, me mantive próxima a ele com alguns centímetros nos distanciando.
— Damien, obrigada — sussurrei e ele me olhou de esgueira. Sua expressão era como se perguntasse pelo quê o agradecimento. — Por estar me salvando e por ficar ao meu lado. Mesmo depois de tudo que causamos um ao outro.
Ele voltou a olhar para frente e apertou levemente minha mão.
Não disse nada, talvez por medo de acabarmos brigando e estragando o plano.
Revirei os olhos sabendo que era bem possível, afinal ele sempre foi cauteloso, desde que o conheço. E não o perdoei, na realidade queria jogar isso constantemente na sua cara.
Enquanto caminhávamos sempre olhavamos para cada corredor conferindo se não havia guardas rondando. Já era três da manhã e todos deveriam estar dormindo.
Naquele silêncio pensei sobre o que faríamos depois, se conseguíssemos fugir. Não tínhamos dinheiro, havia só o que juntei com essa maldita competição.
Clarissa me prometeu que eu tinha dinheiro na conta, não a vi depois de ser trancafiada e esperava que estivesse bem. Teríamos que passar no banco e depois pegar sua irmã Mad em casa e embarcar em um dos navios e construir uma vida longe desse reino.
Isso não me faria o perdoar ou voltar com ele. Mas ele ainda era meu amigo, meu único amigo, já que não sabia onde Edward estava e porque Ivna o sequestrou.
Não havia motivos para ir até minha casa, minha. Nunca foi e nunca seria.
Porém mesmo assim eu gostaria de falar com ele, perguntar sobre minha verdadeira mãe. Ele me devia isto. Era o mínimo que podia me dar.
Uma parte de mim temia, pois talvez ela estivesse viva em algum lugar.
Pensei na promessa que fiz a rainha e da adaga que ainda estava na masmorra em baixo do travesseiro.
Uma promessa que eu não poderia cumprir, mas faria outra. Iria viver longe o bastante de Mountsin e de Leon. Nem que para isso precisasse ficar fugindo constantemente, eu o faria.
Envelheceria e depois morreria de alguma doença de velho, isso se eu pudesse envelhecer.
Esperava que sim.
Não podia arrastar Damien e sua irmã comigo, mas sabia que ele viria junto. Por mim, ele iria. Porque apesar de tudo que me fez, as mentiras e traições, foi para me salvar.
Não poderia perdoar, mas podia aceitar em partes.
Passamos por um corredor estranho.
— Onde estamos indo? — perguntei baixinho.
Ele balançou a cabeça e colocou o dedo nos lábios em sinal de silêncio, obedeci.
Vi uma porta que me lembrava vagamente a sala do espelho.
Lembrei das imagens que ele me mostrou e que algumas se realizaram. Tantas imagens embaralhadas preencheram minha mente e tentei lembrar de alguma de forma concisa, só que eram tão confusas. Foi a tanto tempo.
Fiquei nesse castelo durante meses e mal sabia o fim que tudo levaria. Porém eu tinha recebido tantos avisos, a plebéia, o rei, a rainha, Lucyus, Imyir e até Amália me avisaram. Eu não ouvi e me condenei.
Apertei mais a mão de Damien. Ao menos ele veio me salvar, me ajudar. Porque era o que fazíamos quando um se metia em confusão, o outro ajudava.
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Princesa de Vidro
RomanceCìlia um populoso continente composto por 10 reinos onde Mountsin é o reino mais poderoso e o salvador dos humanos, por subjugarem seres mágicos considerados perigosos e vis à um continente inóspito e misterioso. A magia não pulsava há 18 anos, até...