É oficialmente quinta-feira, uma semana que cheguei aqui e já está na hora de voltar para casa, um lugar onde realmente me sinto uma estranha, em uma cidade que me faz se sentir estranha... Termino de arrumar a mala e desço, pronta para me despedir e seguir para o aeroporto, foram dias bons, necessários, dias de uma loucura que eu jamais iria acreditar um dia que conseguiria fazer, uma viagem sozinha...
-Não fica assim Manu, eu não preciso prometer porque você sabe muito bem que volto para o natal e vou amar conhecer minha prima ou primo.
-Tudo bem, eu sei. Tenha uma boa viagem, Bella.
Depois das tristezas e despedidas que eu odeio, finalmente embarco para casa e dentro do avião continuo me torturando com os meus pensamentos, será que o que eu achava que sentia pelo Rafa ainda continua aqui dentro? Será que ele já esta com outras? E como estão meus amigos?
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Após desembarcar, percebo que já estou no caos de São Paulo, pessoas correndo no aeroporto por toda parte, aquele barulho da multidão, acabou a paz. O bom é que meus pais vão demorar algumas horas para chegar então posso chamar um uber e ir tranquila para casa, aproveitar meus momentos de paz. Percebo também o quanto já estou reclamando, não sabia que quando chegasse nessa fase da adolescência ficaria tão rabugenta assim, talvez não precise de tanto, voltei e vou encarar tudo da melhor forma possível.Já são 16:00 quando acordo e percebo que não fiz nada além de dormir, depois de tomar um banho e comer, começo desfazer a minha mala e procuro no meu guarda roupa o uniforme, afinal amanhã tudo volta ao normal.
Escuto um barulho na porta e não tenho dúvida que lá estavam eles, a minha família.O final da noite foi daquele jeito, muito amor, histórias e risadas, era bom está ali unida com pessoas que eu amava de graça, que apesar das diferenças não media esforços para me ver feliz e o mínimo que eu podia fazer era começar reconhecer isso, nenhuma família é perfeita e que mal tem nisso? Apesar da falta de comunicação e afeto que tenho com a minha mãe, sei que ela estará lá de braços abertos para sempre me acolher.
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Sextou e depois de algumas faltas, não poderia emendar, era hora de voltar para a escola. A rotina foi a mesma de sempre e ao chegar lá avistei meus amigos e do outro lado mais à frente estava o Rafa, ahhh como ele estava mais lindo.Abracei e falei com todos, depois de muitos "feliz aniversário, parabéns" comecei a reparar que apesar de ainda sentir um climão em relação a Fernanda e o Nicolas, não posso deixar isso atrapalhar a nossa amizade, ou melhor, se eles ficarem juntos que todos estejam felizes. Apesar de sentir algo estranho, acho que nunca vou saber se algum dia o Nicolas gostou de mim, se a indiferença quando falava do Rafael era por ciúmes de amor ou de amizade, tipo proteção, aquela coisa de irmão mais velho. Ou se a garota dos olhos dele sempre foi a Fernanda e toda a história de não notar, confundir com amizade fosse um lance deles, apenas dele. O Nicolas parecia feliz, e eu não devo virar a cara para a Nanda, ela tem mais que ser feliz com ele também, pensei o quanto estava tendo um pensamento machista em querer jogar a culpa apenas para ela, até porque foi um ato que os dois estavam envolvidos e eu não tenho nada haver com isso, romance é a dois.
Enquanto vamos subindo as escadas para a sala, me aproximo dela e digo:
- Ei Nanda, me desculpa por ficar estranha, por tudo que vem acontecendo nos últimos dias. - Termino de falar com um sorriso envergonhado.-
-Para, não precisa pedir desculpas, em uma amizade sempre temos nossas diferenças, mas quando entendemos e passamos por elas, é aí que percebemos o significado real e verdadeiro do que é ser um amigo.
Quando chegamos na porta da sala nos abraçamos, e aí veio todas aquelas aulas com revisões (não posso negar que amo), até que finalmente chegou o intervalo.
Lá estava ele, radiante como nunca, o bom de ficar longe de quem gostamos é que a distância faz uma saudade, que a pessoa fica mais linda, mais interessante.... mas para as pessoas que ficam, as que estão longe se tornam desinteressantes, ele me viu algumas vezes de relance.
-Olha amiga, não fica assim, tenho certeza que ele vai olhar para você, sabe olhar de verdade, ele está olhando de relance apenas para que você não perceba e deixe ele envergonhado, imagina você retribuindo um olhar, com esses olhos cor de mel, ele não vai resistir - Dizia o André cantarolando.
-Tudo bem, ele não vai olhar, mas eu fico mais triste em ter que ouvir você falando nesse ritmo, tipo uma música, rima.
-Nossa Isabella, eu aqui de bom coração, te consolando, tentando te fazer sorrir e você me critica, quem te viu, quem te vê! Tudo isso só porque não tenho um violão. - dizia fingindo tocar um.
- Aprende tocar violão e quem sabe voltamos a conversar xuxuzinho.
- Xuxuzinho? Que brega, quem fala isso? Agora sei porque ele não olha.
-André, André...
Bateu o sinal e subimos nos abraçando, é ele não olhou, na entrada, intervalo, na saída, na ida de volta para casa, não tinha mais ele, o olhar dele, ele estava olhando para outras pessoas.
Pode parecer drama, mas sabe quando esse tipo de coisa acontece? Nunca. Sabe quando esse tipo de coisa acontece com pessoas como eu? Nunca. Em geral na escola não era uma pessoa sofrida, que se escondia, sofria bullying, eu só era alguém que estava ali, não fazia diferença para muitos, não é atoa que ele me olhou por eu ser de fora, a garota do condomínio que ele encontraria por acaso em um corredor da escola, se eu fosse apenas uma aluna da escola, não teria porque ele ter vinculo como uma pessoa como eu. Parece que estava vivendo um conto de fadas, mas já deu meia noite, já havia perdido o sapatinho e eu não precisava nem da madrastra e das irmãs para me ferrar. Eis que segundo minha lógica cai em um bom raciocínio, Cinderela, filmes de comédia romântica, menina esbarrando em menino e deixando o material cair, o que seria mais difícil, então pensei, se na escola tudo é mais difícil, que tal esquecer um livro na praça...
Depois de dormi, acordei e tomei um susto
A campainha não parava de tocar.
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Vivendo com Bella
Teen FictionTudo muda quando Isabella volta de viagem, começa as aulas e ela já prevê que o ano irá ser como todos, sua vida vai ser uma bosta, vai continuar sendo a mais nerd da sala e o seu grupo o mais excluído da escola. Mais só que ela não imagina que vai...