Capítulo dezesseis 💠

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Inspiro profundamente em seu peito, pela primeira vez em muito tempo me sentindo segura e até, consigo tentar acreditar na ilusão de achar que estou sendo amada. É um sentimento tão bom e tão completo, que quase trás mais lágrimas aos meus olhos.

  De volta a realidade, ouço Vicente soltar um suspiro. Com um pouco de relutâcia, tiro meus braços de cima dele.

  - Desculpa - murmuro, me sentindo envergonhada.

  - Tudo bem, ninguém precisa ser forte o tempo inteiro, Isabel.

  Ninguém precisa ser forte o tempo inteiro. Essas palavras me atingem como um balde de água quente depois de passar muito tempo no frio.

  Passo as mãos pelo meu corpo e vejo que já estou sem o cinto de segurança. Vicente vendo que pretendo me levantar, se afasta do carro para me dar passagem. Demoro um tempo para perceber que já estamos na garagem e deixo pra me preocupar depois, com a maneira que ele conseguiu entrar aqui.

  Já de pé, nós nos encaramos. Sinto vontade de me estapear por estar sendo tão infantil e frágil.

  - Você...

  - ... acho melhor...

  Sorrio. Isso é constrangedor.

  - Você pri....

  - ... meiro...

  Levanto o dedo dizendo, sem dizer, que quero que ele me deixe falar primeiro.

  - Você gostaria de entrar? - convido no impulso, sem me dar tempo para conseguir pensar no que estou fazendo e mudar de idéia. Ele me olha surpreso, coloca as mãos nos bolsos da calça jeans (na qual ele fica escandalosamente bem) e antes que possa dizer alguma coisa, acrecento: - Como amigos... - Vicente arqueia uma sobrancelha.

  Eu sei que meu convite não lhe pareceu muito convidativo, mas é o máximo que eu posso oferecer. Além do que, não faço idéia de que horas são e como ele pretende voltar pra casa. E ele fez tanto por mim em apenas uma noite.
 
  Ele olha dentro dos meus olhos, como se estivesse pensando muito a respeito e me contorço para não mandá-lo a merda.

  - Por que não? - ele diz finalmente e eu me assusto com o quanto ouvir isso me deixou alíviada e com um sorriso no rosto.

  - Certo.

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  - Ual! - Vicente assobia quando eu abro passagem para ele entrar no meu apartamento. Eu rio com a sua reação. - Acho que daria para colocar toda uma família aqui nesta sal... pera aí, aquilo ali é uma lareira?! - rio mais alto.

  - Bom, não tem chaminé, mas o papai Noel pode dar um jeitinho, não? - brinco, me sentindo de repente, muito bem humorada.

  Ele ri.

  - É claro - ironiza, enquanto observa tudo parecendo encantado.

  Coloco a chave no cabide e começo a tirar essas botas lindas de morrer, mas que estão me matando. Tiro a primeira com sucesso mas a segunda parece estar meio emperrada no feicho.

  Era só o que me faltava!

  Levanto mais o pé pra cima, puxando com força total. O feicho abre, eu tiro a bota e meio que cambaleio para trás, mas acabo me equilíbrando a tempo e não caio.

  Me levanto, jogando o cabelo para trás sorrindo.

  - Consegui! - coloco as mãos nos quadris ofegante e arrisco um olhar para Vicente que olha me intensamente.

Minha estrela particularOnde histórias criam vida. Descubra agora