💠 Capítulo um

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Parecendo uma minhoca virada de cabeça pra baixo, passo por uma fração de segundos em frente ao espelho no banheiro do meu escritório e noto o quão ruim meu cabelo parece. Sem tempo pra pensar muito sobre isso, me apresso em fechar o último botão da minha calça de cintura alta e arrancar fora minha blusa social. Visto minha regata negra, com um pouco de dificuldade na parte do busto, coloco rapidamente as roupas que tirei na bolsa, calço meu chinelo e saio.

   No escritório, passo avoada pela minha mesa, pegando o presente de Leonardo e minhas botinas de couro marrom e vou em direção ao elevador.

   - Oi, boa noite! - cumprimento, meio ofegante, a mulher que aguarda o elevador.

   Ela tem cabelo ruivo grisalho e estatura alta. Me inspeciona de cima abaixo antes de responde secamente:

   - Boa noite.

   Vai entender.

   Meu celular começa a tocar no momento em que o elevador se abre.

   Entro dentro do cubículo de metal, aperto térreo e encosto-me no final. Abro minha bolsa e pego o celular.

   - Al...

   - Cadê você?! - é Lídia.

   Ela parece nervosa.

   - Eu tive um imprevisto - explico, mesmo sabendo que isso não vai colar.

   - O seu relógio está atrasado ou seu celular pifou? - Seu tom é duro. Posso sentir a frieza em sua voz.

   Ela está furiosa.

   - Eu já estou chegando - minto, receosa. Ela ri sem humor.

   Eu me sinto a pior pessoa do mundo.

   - Eu quero você aqui até ás nove, se der a hora e eu não estiver vendo a droga da sua cara, é melhor você nem aparecer! - ela desliga na minha cara.

   Olho ás horas no meu relógio de pulso. Oito e quarenta e seis.

   Encosto a cabeça no vidro e fecho os olhos. Suspiro.

   Eu havia prometido que não iria me atrasar desta vez. Não de novo. Eu tinha planejado tudo nos mínimos detalhes, mas parece que sempre tem algo, alguém ou nesse caso, uma reunião de ultima hora para me tirar o tempo.

   O elevador se abriu e sem que eu percebesse já havia chegado minha parada.

   Ainda da tempo.

   Esse é o pensamento que me inspira a continuar.

   Com as forças renovadas, ando, quase correndo, em direção ao meu carro.

   Eu ainda tenho tempo!

   Quando vou verificar a hora novamente, meu chinelo escorrega, meu pé da uma virada e eu tombo para o lado me desequilibrando. Quando estou prestes a rachar minha cara no chão de uma maneira nada filmística, uma mão forte, calejada, agarra meu braço. Preciso olhar para cima para vê-lo por conta da minha estatura baixa e da sua muito alta.

   Sinto os músculos dos seus braços me puxarem para cima e eu vou indo em direção ao seu peito musculoso e muito másculo, revestido em um terno.

   Ele realmente parece bem com esses olhos cor âmbar me queimando por dentro. Mordo meu lábio inferior em ansiedade. Seus olhos descem para os meus seios e o encanto se quebra. Eu o empurro, voltando a realidade.

   - Você est...

   - Desculpa - digo rapidamente. - Por favor não guarde rancor e muito obrigada, mas eu preciso ir.

Minha estrela particularOnde histórias criam vida. Descubra agora