- Eles ficarão hospedados aqui por um tempo. Vocês serão responsáveis pelos nossos hóspedes. - A rainha disse para os serviçais e depois acenou com a cabeça.
Liliane acenou de volta e fez sinal para que a seguisse. Minha vontade é abraça-la, mas se não está respondendo ao seu nome verdadeiro, as situações não estejam das mais normais. Jonathan disse para que os meninos o seguissem e eles fizeram o mesmo. Ele tem cabelo castanho escuro, um tom parecido com o meu, antes de virar sereia. Íamos seguir corredores diferentes. Será que é seguro?
- Lili, para onde estamos indo? - Eu pergunto. Liliane apontou para a própria boca e movimentou o dedo indicador negativamente. - Não pode me falar?
Ela não me responde. A cada corredor que passamos e curva que fazemos, fica mais difícil lembrar o caminho de volta. Meu coração aperta depois de entrar em outro corredor. Pode ser uma armadilha.
Subimos três escadas antes de chegarmos em um corredor mais amplo e o chão de pedra tornar-se polido. No final do mesmo, há uma porta de madeira, a qual Liliane abre com uma chave rústica e revela o cômodo mais delicado e leve da construção. O quarto é predominantemente rosa claro, mas não chegando a ser de "menininha". Ele é hegemonicamente neutro. Lili entrou primeiro, fechando a porta atrás de si. Me abraça com força e eu a abraço de volta.
- Eu prometo explicar tudo. - Ela sussurra. - Mas só posso fazer isso mais tarde. Há toalhas no banheiro e a banheira está cheia. Pode deixar suas roupas no banheiro e depois desça pata almoçar. - Ela fala tudo com pressa. - Tem um pequeno sino atrás daquelas cortinas. Se precisar de ajuda, toque-o.
- Okay. Obrigado. – Falo, mas minha vontade é pedir explicações.
Ela apontou para uma porta mais ao canto do quarto e eu entro. O banheiro é divido em três partes: um com a pia e com o espelho, um com uma maca do que consideraria ser de massagem e a última parte com uma banheira circular de granito rústico. Cheiro de rosas se espalha pelo cômodo. Me aproximo da banheira, está morna e pétalas da flor flutuam por toda a superfície. Me dispo e penso na roupa que Liliane deve ter preparado para mim. Estou torcendo para que seja algo que esconda minhas guelras e um sapato o qual posso deixar minha lâmina. Antes de me despir por completo e pôr-me dentro da banheira, coloco a lâmina acima da maca de massagem.
Depois do banho, não consigo me sentir revigorada, e sim mais cansada ainda. Será que aqui tem café? É o que mais necessito no momento. Saio do banheiro de roupão e vislumbro o vestido que me aguarda acima da cama: um vestido azul esverdeado longo e rodado. Para a minha sorte, o vestido tem gola, mas os sapatos são saltos comuns. Liliane disse que as roupas serão recolhidas, mas a Lâmina está junto com as roupas. Me visto, mas não sei o que fazer com meu cabelo. Será que se eu amarrar a lâmina entre as saias inferiores do vestido, dá certo? Não, eu não conseguiria andar sutilmente.
Alguém bate na porta.
- Pode entrar. – Eu falo, e tento abandonar a preocupação da minha face.
Liliane entra e põe a mão no queixo, me avaliando.
- Eu não sei o que fazer no cabelo. - Digo.
Na verdade eu não sei para o que eu tenho que arrumar meu cabelo. Ela vai até a penteadeira e bate levemente na cadeira para que eu me sente, e começa a pentear meu cabelo para trás. Ela deixa meu cabelo semi preso e vai ao banheiro. Meu coração palpita, quando ela sai do banheiro com minhas roupas em uma mão e na outra, minha Lâmina. Ela deixa-a na escrivaninha e sai com as roupas. Liliane volta logo após com as mãos vazias e me chama para sair do quarto.
Chegamos a uma porta dourada que de altura, dá três de mim. Ela abre e faz sinal para que eu entre, e logo após, dá-me tchau. Entro na sala. Há uma mesa enorme, repleta de talheres, pratos e copos vazios, abaixo de um lustre enfeitado por demasiada joias. A mesa está vazia, exceto por duas pessoas mais ao fundo do cômodo. Alex e Arthur. Risadas altas vêm de onde eles estão sentados. Bom saber que mesmo sendo diferentes, ainda conseguem conversar assim. Sento-me em frente ao dois, que não perceberam minha chegada. Arthur está com a cara emburrada e Alex está rindo sozinho. Parece que minha vontade de perguntar o que está acontecendo está tão grande que foi estampada na minha cara, pois Arthur arregala os olhos e nega com a cabeça para mim. Levanto uma sobrancelha.
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Entre Sereias - O Medalhão De Ares [Livro I]
Fantasy"É possível lutar mesmo estando jorrando sangue. E acredite: Eu sou o mais adequado para afirmar isso." - Ares, deus da guerra. Elizabeth perdeu o pai quando tinha apenas onze anos, o que fez sua vida mudar, pois toda a paixão pelo mar a ela concedi...