Desceu as escadas e dirigiu-se ao salão, onde todos haviam planejado encontrar-se. Depois de olhar de relance para Christopher, sentado a uma mesa de jogos com Christian e Maite, caminhou em direção oposta a eles. Não pretendia aproximar-se de Stepan e Victor, mas lançou-lhes um olhar de glacial indiferença.— Quero falar com você, mocinha. — Ela ouviu o tio dizer, de repente.
Maldição! Agora teria de ouvir mais reclamações sobre seu comportamento. Não que atirar a bola em Christopher tivesse sido um ato louvável, mas estava cansada de críticas. Caminhou em direção ao tio, mas notou que ele olhava para alguém, atrás dela. Era Christopher, que fazia um gesto negativo com a cabeça para o duque. O que queria dizer aquilo?
— Vá embora Dulce — o tio decidiu de repente. — Falarei com você mais tarde.
Melhor seria pedir desculpas a Christopher. Afinal, não fazê-lo daria a errônea impressão de que estava temerosa.
Ao voltar-se, viu que o conde a observava. Quando seus olhares se encontraram, ele evitou o contato e pôs-se a conversar com Christian e Poncho. Dulce atravessou o salão e foi ficar ao lado dele. Esperava que Chris notasse sua presença, mas ele a ignorou.
— Senhor conde — falou com voz suave. — Peço desculpas pelo meu comportamento imperdoável desta tarde. Espero, sinceramente, que me perdoe.
O olhar de Christopher tornou-se mais terno e um leve sorriso surgiu em seus lábios.
— Está dizendo isso por ordem de seu tio?
— Não. Porém, estou certa de que era isso que ele me mandaria fazer.
— Decidiu pedir desculpas porque não queria ser repreendida na presença de todos? — Ele sorriu. — Maite, Christian e eu estamos querendo jogar, mas precisamos de um quarto parceiro. Joga conosco?
Aquilo era a última coisa que Dulce gostaria de fazer. Sua dificuldade para distinguir certos números só causaria problemas. Recusar, porém, seria indelicado.
— Adoraria jogar cartas, mas não faço idéia de onde pus meus óculos.
— Terá apenas que ler alguns números — disse Christopher. —Tenho certeza de que conseguirá jogar, sem maiores dificuldades.
Dulce concordou e sentou-se à mesa de jogos, de frente para o conde. Olhou de esguelha para Maite e não pôde deixar de perceber o ar preocupado da irmã. Afinal, ela conhecia bem suas dificuldades com números.
Christopher embaralhou as cartas e pediu que Maite cortasse o baralho. Em seguida, distribuiu-as. Colocou a última carta, o trunfo, virada para cima sobre a mesa, em frente ao lugar onde estava sentado.
— Ouros é o naipe do trunfo — anunciou. Dulce apanhou suas cartas, apreensiva. Tinha nas mãos um bom número de seis e noves, assim como de cartas vermelhas e pretas. Os vermelhos pareciam ter a mesma forma, assim como os pretos. Mas como poderia saber qual carta vermelha era a seqüência do trunfo?
Não deveria ter aceitado o convite para jogar, pensou. Olhou para Maite e viu que havia uma indagação nos olhos da irmã. Limitou-se a fazer um leve movimento de cabeça. Recusava-se a falar a Christopher ou a quem quer que fosse sobre seu problema. Faria o melhor que pudesse.
Christian, à sua direita, começou o jogo, colocando um dez preto sobre a mesa. Dulce olhou para a carta com atenção: havia os números um e zero na carta. Era um dez preto. Seria espadas ou paus?
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Adorável Condessa - Vondy
De TodoInglaterra, 1814 Entre mentiras e traições, um ardente jogo de paixões... Por mais que Dulce Maria Saviñón seja linda e graciosa, a reputação de jovem impertinente colocou em risco suas perspectivas de casamento. Somente as pessoas mais próximas a...