capítulo 6

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Desceu as escadas e dirigiu-se ao salão, onde todos haviam planejado encontrar-se. Depois de olhar de re­lance para Christopher, sentado a uma mesa de jogos com Christian e Maite, caminhou em direção oposta a eles. Não pretendia aproximar-se de Stepan e Victor, mas lan­çou-lhes um olhar de glacial indiferença.

— Quero falar com você, mocinha. — Ela ouviu o tio dizer, de repente.

Maldição! Agora teria de ouvir mais reclamações sobre seu comportamento. Não que atirar a bola em Christopher tivesse sido um ato louvável, mas estava can­sada de críticas. Caminhou em direção ao tio, mas notou que ele olhava para alguém, atrás dela. Era Christopher, que fazia um gesto negativo com a cabeça para o duque. O que queria dizer aquilo?

— Vá embora Dulce — o tio decidiu de repente. — Falarei com você mais tarde.

Melhor seria pedir desculpas a Christopher. Afinal, não fazê-lo daria a errônea impressão de que estava temerosa.

Ao voltar-se, viu que o conde a observava. Quando seus olhares se encontraram, ele evitou o contato e pôs-se a conversar com Christian e Poncho. Dulce atravessou o salão e foi ficar ao lado dele. Esperava que Chris notasse sua presença, mas ele a ignorou.

— Senhor conde — falou com voz suave. — Peço des­culpas pelo meu comportamento imperdoável desta tar­de. Espero, sinceramente, que me perdoe.

O olhar de Christopher tornou-se mais terno e um leve sorriso surgiu em seus lábios.

— Está dizendo isso por ordem de seu tio?

— Não. Porém, estou certa de que era isso que ele me mandaria fazer.

— Decidiu pedir desculpas porque não queria ser repreendida na presença de todos? — Ele sorriu. — Maite, Christian e eu estamos querendo jogar, mas pre­cisamos de um quarto parceiro. Joga conosco?

Aquilo era a última coisa que Dulce gostaria de fa­zer. Sua dificuldade para distinguir certos números só causaria problemas. Recusar, porém, seria indelicado.

— Adoraria jogar cartas, mas não faço idéia de onde pus meus óculos.

— Terá apenas que ler alguns números — disse Christopher. —Tenho certeza de que conseguirá jogar, sem maiores dificuldades.

Dulce concordou e sentou-se à mesa de jogos, de fren­te para o conde. Olhou de esguelha para Maite e não pôde deixar de perceber o ar preocupado da irmã. Afinal, ela conhecia bem suas dificuldades com números.

Christopher embaralhou as cartas e pediu que Maite cortasse o baralho. Em seguida, distribuiu-as. Colocou a última carta, o trunfo, virada para cima sobre a mesa, em frente ao lugar onde estava sentado.

— Ouros é o naipe do trunfo — anunciou. Dulce apanhou suas cartas, apreensiva. Tinha nas mãos um bom número de seis e noves, assim como de cartas vermelhas e pretas. Os vermelhos pareciam ter a mesma forma, assim como os pretos. Mas como poderia saber qual carta vermelha era a seqüência do trunfo?

Não deveria ter aceitado o convite para jogar, pensou. Olhou para Maite e viu que havia uma indagação nos olhos da irmã. Limitou-se a fazer um leve movimento de cabeça. Recusava-se a falar a Christopher ou a quem quer que fosse sobre seu problema. Faria o melhor que pudesse.

Christian, à sua direita, começou o jogo, colocando um dez preto sobre a mesa. Dulce olhou para a carta com atenção: havia os números um e zero na carta. Era um dez preto. Seria espadas ou paus?

Adorável Condessa - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora