capítulo 7

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— Lady Dulce tem métodos pouco ortodoxos, o se­nhor deveria saber. Saiu pela janela, não pela porta. E desceu pela árvore. —Após dizer isso o mordomo retirou-se com o nariz empinado.

— O que significa que ela venceu. — O comentário vinha de Stepan, que olhava para ele com sarcasmo.

Christopher lançou um olhar cheio de indignação para o jovem príncipe, que parecia muito satisfeito com aquela situação e por vê-lo humilhado diante de todos. Afinal, Stepan e Dulce eram amigos, já tinham até mesmo saí­do às escondidas à noite, e essa idéia o incomodava.

— Tenho profundo afeto por meu irmão — Christian in­terveio, antes de voltar-se para Stepan. — Quer deixar as coisas ainda mais difíceis para Dulce?

Sem uma única palavra, Christopher dirigiu-se à porta a passos largos.

Desta vez vou lhe dar uma lição que ela jamais esque­cerá, pensou.

A duquesa Alma apareceu e segurou-o pelo braço, antes que ele fizesse algo de que pudesse se arrepender mais tarde.

— Pretende arruinar suas mãos de tanto bater em Dulce? — ela indagou baixinho. — Ou prefere ter sua futura condessa só para si mesmo de verdade?

— Estou ouvindo. — Christopher sentou-se a uma ca­deira, tentando controlar a respiração acelerada.

— Vá encontrar-se com Dulce e faça de conta que nada aconteceu. Depois a acompanhe até os aposentos dela. — Alma falava baixinho, num tom de evidente cumplicidade. — Em seguida, vá até seu próprio quarto e ponha-se a fazer as malas. Eu mesma me encarregarei de dizer a Dulce que você decidiu liberá-la do compro­misso de casamento. — Aproximou-se e falou-lhe ao ou­vido: — Aposto a minha cabeça como ela irá correndo até seu quarto, para tentar persuadi-lo a ficar.

— E se ela não fizer como à senhora imagina?

— Conheço aquela menina mais do que ela conhece a si própria. Tem um temperamento forte, não há dúvida, mas você precisa compreender que ela é uma jovem so­nhadora como todas as outras e está com o orgulho ferido e decepcionada. Afinal, você nunca a cortejou e mantive­mos segredo quanto ao acordo de casamento que, diga-se de passagem, é algo nada romântico. Uma jovem ingênua como minha sobrinha sonha com um cavalheiro galante que a peça em casamento.

— Está bem — Christopher concordou. — Verei o que posso fazer.

Ele deixou a casa e dirigiu-se ao caramanchão. Con­seguia sentir em suas costas os olhares curiosos de Alfonso e Christian, que certamente espiavam da janela, mas resol­veu ir em frente e fazer como Alma instruíra.

Assim que Dulce avistou o conde, recolocou a flau­ta no estojo, um tanto temerosa. Entretanto, não podia perder a chance de olhar mais uma vez para aquele belo homem e pensar que em muito pouco tempo ambos se­riam marido e mulher e dormiriam lado a lado. Fariam amor todos os dias e ele lhe daria lindos filhos. Aqueles pensamentos a faziam suspirar.

— Devo preparar-me para uma surra, ou terei de vol­tar para meu quarto?

Christopher olhou para ela por um momento e, então se sentou a seu lado, passando o braço pelos ombros dela, trazendo-a para mais perto de si.

— Só estou curioso para ouvir sobre as lições que diz ter aprendido — disse ele, com o cenho franzido.

— Peço desculpas por ter escapado — ela murmurou con­fusa, enquanto se preparava para uma bronca daquelas.

Adorável Condessa - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora