artificial

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Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.

- William Shakespeare

Seus olhos intercalavam entre o azul e o verde. Não era sempre que podia ficar no jardim a vontade, o verde se tornou uma cor muito diferente para ele, afinal, não era o branco, nem o cinza, nem o azul, era simplesmente o verde, porém naquele lugar parecia ser falso. Sentiu o vento passar por si e seus cabelos ficaram bagunçados, fechou os olhos e sentiu o que todos podem chamar por falsa liberdade, um momento no qual você sente que pode fazer tudo, mas a verdade é que você não pode. Quando Newt voltou em si até o ar parecia ser artificial, mas de fato o mundo sempre foi artificial, pense como quiser, no final todos sabem a verdade, mesmo que ela esteja enterrada no fundo de cada ser. Naquele momento o garoto sentiu vontade de chorar, mas ele iria apenas reprimir aquele sentimento que começava a despertar para dentro de si.

- Hey loirinho! você viu o Aris? - Newt tomou um leve susto com a aproximação de Sonya que se sentava ao lado dele e mantinha sua voz em uma entonação bem empolgante.

- Eu tenho cara de babá? - Ele soltou em um tom amargurado. - Desculpa Sony. - Acrescentou após perceber que não era necessário tratar a menina daquela forma.

- Tudo bem! - Ela forçou um sorriso.

- Você quer ajuda para procurar ele? - Perguntou.

- Você não é uma babá - Retrucou Sonya.

- Certo, eu mereci essa! - Newt deu um pequeno sorriso.

- Já procurei esse trolho em todos os lugares e nada, então pode deixar lindinho! eu só espero que ele não tenha tentado nada de errado.

- Se ele tivesse feito algo, acho que nesse ponto todos saberiam. - Newt disse e a menina optou por concordar.

Como se fosse possível fazer alguma coisa ali dentro, tudo era modificado demais para que acontecesse alguma coisa e isso também inclua as pessoas.

- A gente se vê - Ela depositou um beijo na bochecha de Newt que estremeceu com o contato e saiu andando.

O garoto continuou sentado no banco do lado de fora, mas agora se encontrava inquieto, não poderia afirmar se era pelo fato de se encontrar sozinho, mas ele estava otimo daquele jeito antes de Sonya ir para perto dele. As vezes o antigo Newt que gostava de estar cercado por pessoas gritava por atenção, porém era sempre reprimido e ignorado, era uma parte da consciência que era deixada de lado, não tinha mais lugar ali.

Parou para observar em sua volta, existiam outras pessoas ali, umas mais loucas do que ele e outras não, porém nunca ia entender ao certo como foi se aproximar de Aris, Sonya e Ben, bom, claro que Aris era seu colega de quarto, mas ele chegou bem depois de Newt, que aliás tinha odiado a ideia de dividir o lugar, mas o outro não era assim tão ruim, era apenas mais uma pessoa completamente quebrada que não merecia a situação em que sua mente se encontrava. E então de um dia para o outro ele passou a ficar na companhia dos outros, em horários livres, de almoço e jantar. Acreditava que o grupo era um tanto seletivo, afinal nesse tempo ninguém mais havia se juntado á ambos, claro que as vezes o homem que dizia que era Jesus já tentou se aproximar, mas ele fazia isso simplesmente com todos dali para começar a falar as suas loucuras, quem tinha o espantado foi Ben alegando que todos ali preferiam o diabo, Newt tinha que confessar que aquele dia tinha sido engraçado e bom, situações engraçadas faltavam na vida do garoto. Cada um deles era tão diferente e todos simplesmente se juntaram, talvez fosse por questão de sobrevivência ou apenas algo que aconteceu muito aleatoriamente sem explicação alguma.

POLAROID. newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora