Capítulo 3

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Gustavo

- Mais que merda, hein?

Estávamos eu e Sarah no bar que sempre íamos, depois do trabalho. Me arrependi amargamente de não ter ido onde a mesma me indicou. A maioria das bebidas que eu gostava estava em falta, o som só tocava músicas antigas e nada dançantes, as pessoas estavam mortas apenas bebendo.

- Mas qual o problema, Guto? Achei que quisesse vir nesse bar...

- Eu até queria, mas... Agora aqui parece tão tedioso...

- Hm... Olha ali. Aquele rapaz está de olho em você faz um bom tempo. Porque não vai lá?

Olho pro garoto que sorria pra mim. Retribuo o sorriso levemente, pra não ser mal educado, e logo desvio o olhar para Sarah.

- Ele não faz nem um pouquinho o meu tipo.

- E desde quando você tem um tipo, Gustavo?

- Ah, Sarah, sei lá... Eu só não estou a fim, só isso.

Ela suspira, provavelmente decepcionada com meu desânimo. Mas eu era uma pessoa muito influenciada pela música que ouvia. Se ouvia uma música alegre e dançante, tinha vontade de dançar. Se ouvia uma música romântica, sentia vontade de amar. Se ouvia uma música triste, tinha vontade de chorar. E aquelas músicas estavam causando uma angústia tremenda no meu peito, com a qual eu não conseguia fazer absolutamente nada. Suspiro e rodeio o meu dedo indicador no copo de cerveja, o qual estava quente, pra piorar tudo. Sarah segura em minha mão, e fala com o olhar pedinte.

- Podemos ir pro PDS agora?

Eu olho pra ela com um sorrisinho nos lábios, tentando fazer um suspense. Não gostava de ter que mudar de ideia, ainda mais de uma coisa que eu tive tanta convicção a momentos atrás. Mas resolvi abrir mão do meu orgulho, e aceitar que estava completamente errado sobre minhas expectativas acerca da noite.

- Tudo bem. A gente racha um Uber. (Olha a propaganda gratuita de leve aí kkkkkkk)

Íamos para o lugar recomendado por Sarah, e eu estava aliviado por não termos gastado todas nossas economias naquelas bebidas horríveis. Ao menos tínhamos dinheiro e sanidade o bastante pra beber o suficiente pra conseguir voltar para casa. Eu mesmo nem precisava beber tanto pra me alterar. Já Sarah bebia um pouco mais, mas nada que passasse dos limites. A música do carro já me deixava animado, e eu batucava os dedos na porta, fazendo Sarah sorrir. Até o rapaz do Uber começa a rir quando eu não me aguento e canto um pedacinho da letra da música, praticamente dançando sentado. Eu esperava ardentemente que a noite superasse minhas expectativas. Eu precisava de algo pra me animar e me esquecer da vida horrível que estava levando. E por incrível que pareça, estava com um ótimo pressentimento aquela noite.

Logo chegamos no bar, e eu grito ao ouvir de longe umas das minhas músicas favoritas tocando alto. De longe podia ver várias pessoas dançando bastante, e parecia bem animado, me deixando contente. Pagamos o rapaz e saímos em direção a diversão que nos esperava. Chego no lugar sem nem prestar atenção aos detalhes, apenas aproveitando o restinho da música pra dançar, já me afastando de minha amiga, que não era muito de dançar sóbria. Provavelmente ela tomaria umas mais pra poder se juntar a mim.

Logo Sarah me traz uma garrafa de bebida, e eu bebo um pouco aproveitando o líquido gelado queimando minha garganta, sem parar de dançar. Devolvi a bebida a ela, e continuo dançando, sentindo a música me envolver intimamente. Dançava de olhos fechados, me sentindo muito bem. Apenas aproveitando o momento. Mas assim que abro os olhos, a primeira imagem que me veio foi de um garoto baixo de barba, muito bonito. Sua blusa rosa se destacava, e ele estava suado, provavelmente de tanto dançar, o que o deixava um pouco sexy.

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