Capítulo 16

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Miguel

Acordo no outro dia sorrindo ao ouvir Carlos roncando no colchão, todo amarrotado e babando no travesseiro. Atiro um travesseiro na cabeça dele, e ele acorda parecendo um cachorro com amnésia.

- Ai... O que foi isso?

- Só um travesseiro. A princesa vai levantar sozinha, ou quer que eu chame um guindaste?

- Não... Já tô levantando. Não podemos chegar atrasados na aula de Ciência Política...

Ele se senta meio sonolento ainda, e me dá um dó dele tentando equilibrar a cabeça e se manter acordado. De certa forma a culpa era minha por ficar conversando com ele até tarde.

- Sabe que deu uma vontade de ligar pro Gustavo? Fiquei pensando na nossa foda a noite toda.

- Ihhh, tá apaixonado, Miguel?

- Até parece que puta tem coração, né, meu amor?

Me levanto da cama e pego meu celular em cima da bancada.

- Isso daqui é só pra garantir que vai ter uma segunda rodada.

- Ahh, claro. Só cuidado pra não deixar seus sentimentos embaixo dos lençóis.

- Eu sei me cuidar, gatinho.

Digo enquanto já digitava o número de Guto, que demora um pouco a atender.

- Alô? Miguel? Aconteceu alguma coisa?

- Oi, não gatinho (risos) Só queria saber se hoje depois do trabalho você quer dar uma volta comigo.

- Dar o quê?!

- Era uma volta, mas se quiser dar outras coisas também, fique a vontade.

Sinto Carlos dar um tapa em meu braço como uma forma de me repreender pela safadeza. Dou um sorrisinho e ouço a voz nervosa de Guto no celular.

- Ahh... Tudo bem então, eu posso sair com você hoje. Mas pra onde?

- Surpresa, Guto. Até mais tarde.

Desligo o celular e Carlos sorri de mim.

- Posso saber que lugar misterioso é esse?

Dou um sorriso de lado e saio da cama.

- Se eu te contar, perde toda a graça da brincadeira.

- Ué? Mas eu não vou falar pra ninguém, cara. Me conta aí.

Me viro pra ele com a mão na cintura e sombrancelha arqueada.

- Porque? Vai querer participar, por um acaso?

- Claro que não, idiota... (Risos) Só quis saber mesmo, mas como não quer contar pro seu melhor amigo, tudo bem.

- Ai, não fica magoadinho não, gato... Tá ok. Eu te conto.

Chego pertinho dele e sussurro o lugar escolhido em seu ouvido. Carlos arregala os olhos surpreso, e me dá um tapa novamente.

- Para de me bater, garoto!

- Eu só espero que o Gustavo goste dessa sua ideia.

- Mas é claro que vai gostar.

Fomos para a aula, e até que conseguimos chegar cedo. O professor estava lá, com aquela cara de tacho, organizando as aulas em seu notebook. Felipe não estava com uma cara diferente, jogando no celular alheio a conversinha da galera, que pela cara, estavam falando de mulheres.

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