E isso deveria corresponder
Com a escuridão que você sentiu
Eu nunca quis que você corrigisse a si mesmo-Centuries,
Fall Out BoyHeidi para bruscamente ao ver com quem seu alvo está conversando no momento. O que sua irmã caçula está fazendo com a mulher que quase a condenou para as autoridades?
Alice, apesar de entretida na conversa, se vira prontamente para a irmã assim que ouve o "tec-tec" que seus calçados fazem contra o chão de pedra.
— Alice?! — Heidi exclama, mostrando um sorriso falso no rosto. — Quem é sua amiga?
— Eu não chamaria de amiga tão rapidamente, Hei. — Murmura Alice, olhando com o canto do olho para a mulher cega.
— Temos que revisar teu conceito de amiga, então. — A moça comenta, batendo sua bengala no chão na direção da nova integrante do diálogo. — Pelos meus anos de conhecimento, amiga é com quem se partilha seus segredos, e essa menina aqui... — ela aponta com a ferramenta cor de barro para Alice. —... acabou de me dizer que é uma uzi criminosa que mora nessas redondezas.
— Eu não disse isso! — defende-se Alice, cruzando os braços, indignada.
— Insinuou. — Corrige-se a mulher negra. — Ninguém quer saber informações sobre algo que não seja para benefício próprio. Humanos são extremamente egoístas. — Ela suspira, respirando fundo.
— Ah, eu não quero interromper seu pensamento, mas também é humana. — Heidi se pronuncia.
— Estou ciente deste fato. — Confirmou ela. — Enfim, estavam dizendo que são uzis criminosas, certo?
— Não, somos descendentes de uzis. — Corrige Heidi.
— Mesma coisa, amada. Genética existe.
Heidi, ao contrário de Alice, nunca pensou na hipótese de ser uma uzi também. Nunca pensou na descendência, na possibilidade, nas consequências. Aquilo foi como um choque de realidade para ela.
Ela sempre achou estranho nunca ter encontrado nenhum tipo de fallaxe na vida. Contudo, nunca se preocupou com tal, pois estes não são comuns em Daverden.
Nem passou por sua mente que provavelmente eram os fallaxes que não se aproximavam da família Meuer por medo.
— Está dizendo... — inicia Heidi, ainda tentando ligar os pontos e encontrar o xis da questão. —... que é provável que sejamos uzis também? — a garota termina, ainda em estado de choque.
— Não basta faltar a aula de história, tem que faltar a de ciências! — Alice brinca, tirando proveito da hilária situação que sua irmã se encontra.
— Creio que sim, amada. A genética raramente falha. — A mulher responde na maior calmaria. — Pegue meu exemplo: ambos meus pais eram cegos, porém não de nascença. O material genético dos dois se juntou e perdi a visão aos onze.
A irmã mais velha respira fundo. Agora, mais que nunca, é necessário que ela aceite a probabilidade alta dela ser uma uzi.
Um silêncio constrangedor reina no ar por alguns minutos, ninguém sabendo exatamente o que dizer. O príncipe e sua carruagem de ouro ainda estão no meio da Feira, atualmente, o herdeiro está distribuindo autógrafos. Deve ter acabado de comprar suas frutas e ido doar assinaturas.
— Aliás, meu nome é Cecilia. — A cega quebra o silêncio, se apresentando. — Meus pais deram-me este nome pois já sabiam sobre a cegueira que eu teria. Cecilia origina-se do latim, e tem três significados principais, que são cega, sábia e guardiã dos músicos.
Alice e Heidi se entreolharam. Cecilia não é uma boa companhia, principalmente agora que sabe seus segredos.
— Sabe, muitos acham que os cegos enxergam tudo preto, mas na verdade eles não enxergam nada. É como se você estivesse fechando os olhos, simplesmente nada. Porém, ao contrário do que pensam, sim, nós temos sonhos, e nestes somos capazes de enxergar. É uma dádiva, sonhar. Se bem que já tive um sonho em que eu era cega...— ela continua seu monólogo, aparentemente é uma entendedora do assunto.
— Você disse que aqui é a área mais monitorada pela Guarda Real, certo? — Alice a interrompe, tentando tirar uma dúvida que ficou em sua cabeça desde o seu primeiro diálogo com Cecilia.
— Disse sim. — A moça negra não aparenta estar irritada por ser interrompida. Pelo menos foi o que ela demonstrou por sua expressão e linguagem corporal.
— Como sabe dessa informação?
— Ah, minha amada, sei de muitas coisas. Mas esta, em específico, eu sei porque eu sou da Guarda Real.
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Fuga Familiar (Não Revisada)
Fantasy"Viver a vida nunca foi fácil, mas continuá-la é ainda mais difícil." -Gerald Hertel, Capítulo Dezenove: A Vingança Será Feita Heidi e Alice sempre fugiam, desde o ataque. Até um dia, ao desenterrarem seu passado, descobrirem muito mais do que elas...