Fuga Familiar (Não Revisada)

• DEZ •

Não é justo, apenas me deixe aperfeiçoar isto
Não quero viver uma vida que era compreensiva
Porque ver claramente seria uma má idéia
Agora me acompanhe em sair fora daqui

-New Perspective,
Panic! At The Disco

As irmãs estão atentas. Já Gerald, nem tanto. Ele apenas girava um lápis amarelo desapontado em suas mãos, talvez por tédio da situação.

- Os meus pais, Jamily e Henry, não são meus pais biológicos, são apenas adotivos. - Brendon inicia, olhando para ambas as meninas.

- Você sabe quem são? - Heidi questiona.

- Sim, eu descobri. Pesquisei em jornais do dia que meus pais dizem ser meu aniversário de um ano, pois suspeitei que fosse a data de aniversário de minha adoção. Muita coisa desinteressante estava escrita nas primeiras páginas, porém, continuando a ler, cheguei em uma matéria sobre o abandono de um bebê perto da região da Feira. No final, dizia quem a adotara: a família real.

- Você foi abandonado quando pequeno? - Alice pergunta, perplexa.

- Nem sempre foi da linhagem real? - Heidi indaga.

- O lápis foi muito caro? - o Lançador também questiona, com o objeto em mãos.

- Sim, não, e... - o príncipe começa a responder, até se dar conta do questionamento de Gerald, que o faz rir. - Não muito.

- Afinal, quem são seus pais? - Alice continua o interrogatório.

- Ester e Leonard Meuer. - Ele responde tranquilamente, como se não fosse algo grande.

- Está nos dizendo que somos suas irmãos?

- Estou.

Heidi ainda está chocada pela notícia, mas Alice já está formulando algo em sua cabeça, algo que ela ainda não acredita que seja verdade, principalmente pela lei boba que seu irmão criou.

- Você... sabe que nossos pais foram mortos pela Guarda Real, certo? - a morena inquire com um certo receio na voz.

- Estou ciente deste fato, afinal, foi uma ordem minha.

- Por que raios ordenou a morte de nossos pais? - Heidi demanda.

- Vingança, querida irmã. Não apenas aos nossos pais, mas sim a todos os uzis. Já vocês, bom, a sua condenação não foi imediata pois são minha família, a única que me resta. - Ele diz tudo calmamente, quase para causar pena.

Porém, nenhuma das duas consegue ter dó do garoto em sua frente, apenas raiva, rancor e fúria. O príncipe não fica surpreso com suas reações, muito pelo contrário. Eram esperadas, afinal, não é todo dia que se tem a notícia de que seu irmão é o responsável pela morte de seus pais e pela sua fuga frequente da família real.

- Ainda não consigo acreditar... - suspira Heidi, respirando fundo para processar aquelas informações.

- Matou nossos pais apenas por... vingança?! - Alice mais exclama do que pergunta, a ira evidente em seu tom de voz. - Você é maluco.

- Olhe os modos quando se está falando diante do futuro príncipe de Daverden. - Gaba-se, apoiando os pés na mesa redonda, em uma posição relaxada. - E não sou maluco, sou vingativo. Há uma diferença aí, irmãzinha.

Alice e Heidi se contém para não estrangular o mais novo integrante de sua família bem na biblioteca.

- O que acontecerá no nosso julgamento amanhã? - Alice indaga, o ódio ainda presente em seu tom de voz.

- Terá muito blábláblá, mas no final não deixarei vocês serem condenadas, apenas o garoto do lápis. - Indica um Gerald distraído com sua cabeça. - Então terão uma nova moradia, o castelo, e viverão felizes para sempre. - Ele explica com um jeito brincalhão.

- Por que Gerald será condenado? - Heidi questiona.

- Esta é fácil, ele matou Wagner. Ele era como nosso conselheiro, a mão-direita. Faremos seu enterro logo após sentenciar o garoto e, em seguida, minha coroação será feita.

Nenhuma das duas gosta da ideia de seu irmão mais velho, mas não adiantaria de nada comentar isto com ele. O cômodo fica em um silêncio extremamente constrangedor, sem saber o que falar.

- Se eu apontar este lápis e ele se desapontar, é um lápis desapontado, desapontado? - O Lançador pergunta, completamente alheio à conversa. Bom, é o que aparenta estar.

- Sim, Gerald. - Heidi o assegura, e a quietude volta a dominar a conversa.

- Obrigada, irmão. - Alice quebra o sossego agradecendo, tendo um pouco de desconforto ao falar o vocativo. - Nos encontraremos amanhã, então. - Ela se levanta e sua irmã faz o mesmo. O indivíduo ao lado delas também imita o movimento. - Vamos para nossos quartos, boa noite. - A morena deseja enquanto lança um olhar penetrante e decidido para seus amigos.

Chegando no corredor de seus aposentos, Alice para e aponta para seu dormitório, indicando para os três se reunirem no local. Eles se sentam em sua cama e se entreolham.

- Precisamos fugir deste castelo o mais rápido possível. E é preciso que seja hoje ainda.