Fuga Familiar (Não Revisada)

• EPÍLOGO •

Porque eu realmente odeio estar segura
Os normais, eles me fazem sentir medo
Os malucos, eles me fazem sentir sã

-Mad Hatter,
Melanie Martinez

Uma batida na porta. Duas, três, quatro. O indivíduo atrás da madeira, aparentemente, não irá parar até o dono da casa se apresentar.

- Alice! Atenda a porta! - sua irmã mais velha pede enquanto faz o jantar das duas na cozinha.

- Atenda você, estou ocupada! - grita do quarto. Provavelmente está apenas escolhendo a roupa para o encontro que terá no dia seguinte.

Heidi bufa, limpando suas mãos no pano, e vai abrir a porta para o importuno sujeito.

Com uma cara um tanto desagradável e cansada, ela gira a maçaneta e destranca a porta. Do lado de fora, encontra as pessoas mais conhecidas deste país que, por acaso, são seus mais fiéis amigos.

- Qual é a janta de hoje? - pergunta o príncipe, entrando no chalé mesmo não sendo autorizado. A loira ri, se virando para o casal que ainda não entrou e perguntando:

- Não querem entrar, Majestades?

Ambos entram com um sorriso no rosto, admirando sua antiga casa e como as irmãs não mudaram absolutamente nada da decoração.

- Esqueci de agradecer vocês pela casa. - continua ela. - Está nos ajudando muito.

Gisela se aproxima da garota, colocando uma mecha de seu cabelo dourado atrás de sua orelha e a abraçando logo em seguida.

- Não há de quê, Heidi. - a rainha diz, a abraçando. - Nós é que deveríamos agradecer.

Do outro lado da sala, Gerald pula em direção ao sofá cinza, mas erra a mira e acaba caindo no tapete velho e mofado cor de musgo. Kauan, como um ótimo pai, ri descontroladamente de seu filho.

Provavelmente por ter reconhecido a inconfundível gargalhada do rei, Alice sai de seu quarto, cumprimentando os presentes.

O menino, massageando a parte de trás de sua cabeça, nem se dá o trabalho de se levantar, mas insiste em seu questionamento:

- Então, o que vamos comer?

A anfitriã mais velha respira fundo, negando com a cabeça, todavia, com um sorriso no rosto.

- Creio que a comida da cozinheira real é centenas de vezes melhor que a minha. - opina ela. - Ainda estou aprendendo com livros de receita.

- O preparo de nossa chefe de cozinha nem se compara ao seu. - explica a ruiva, e os homens concordam.

Heidi cora, envergonhada.

- Melhor eu voltar à cozinha, então.

Alice senta-se no sofá cinza, com seus pés no ar, porém simulando que está pisando em Gerald. Ele também participa da brincadeira, fingindo dor. Então, a morena retira seus pés descalços de cima dele e o rapaz se levanta, deitando-se em cima dela no sofá.

- Está muito abusado para meu gosto, Ger.

- A realeza tem consequências, Ali. - explica ele.

Seus pais se sentam na cadeira de madeira na sala de jantar, olhando Heidi cozinhando de modo concentrado.

Quem visse aquela cena poderia jurar que se tratava de uma família feliz em apenas um fim de tarde comum, entretanto, quem realmente soubesse a história de cada um, saberia que não é exatamente assim.

Contudo, essas cinco pessoas se juntaram por laços inseparáveis, mesmo tendo tantas diferenças entre si.

Bom, certamente eles não são uma família por sangue, mas se uniram como uma. As demonstrações de afeto, carinho, consideração e preocupação são tão comuns quanto escovar os dentes de manhã.

É incrível como tudo mudou, em tão pouco tempo. O desconhecido tornou-se conhecido e o passado foi deixado para trás.

Porém, ao contrário do que as irmãs pensavam, o desconhecido pode sim ser bom. Na verdade, pode ser incrível. É só tomar a família unida que se formou com o Quinteto Imbatível como exemplo que verá que o desconhecido apenas vem fantasiado de Rainha Má quando, na verdade, é um dos sete anões.

Já os outros seis? Bom, eles claramente são as coisas boas que vêm junto do desconhecido quando você decide mudar drasticamente o jeito que vive. Pois, às vezes, o que te espera é inúmeras vezes melhor do que sua zona de conforto atual.

Portanto, vale a pena se arriscar, caso for para atingir um bem maior, como uma acolhedora família.