• QUATORZE •

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Preciso começar a pensar direito, e me limpar
Em vez disso, olho no espelho e questiono no que me tornei

-Eraser,
Ed Sheeran

-Eraser,Ed Sheeran

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- Falhara novamente?! - Henry perguntou, nervoso. A veia em sua testa era tão visível quanto as roupas que usava. - Não é a primeira tampouco segunda vez que isto acontece! - ele recordou, furioso.

- Sinto muito, senhor... - a mulher choramingava, gaguejando. Tudo que menos queria era perder este emprego, a única coisa que consegue sustentá-la e seu marido. - Não irá se repetir...

- Estou farto de ouvir suas desculpas! - ele a cortou, ríspido. - Não há como continuar exercendo este cargo neste rumo, General Saeger.

- Por favor, senhor... - ela implorava de joelhos, agarrada em suas longas vestes de monarca. - Tudo que peço é uma segunda chance...

- Escutei estas mesmas palavras há meses, General, e nada, absolutamente nada, fora modificado desde então. Demissão é a única opção, os papéis serão assinados ao entardecer e na alvorada sua presença não será mais bem-vinda. Nem neste castelo tampouco na Guarda Real.

- Sou sua melhor soldada... - ela ainda tentou encontrar argumentos, mas estava fraca demais pela choradeira.

- Nunca me foi dito isso, sequer fora falado por mim. Não sei de onde tirou estes rumores, mas garanto-lhe, todos são falsos. - Ele puxou suas vestes para ficarem longe do alcance de sua funcionária. - Comece a arrumar suas malas, pedirei à Wagner que inicie o processo.

Apesar de não adorar seu marido, não pôde deixar de pensar no momento em que chegasse em sua casa com uma mala na mão e sem o sustento que normalmente trazia consigo. Muito em sua vida seria modificado se perdesse seu emprego.

- Mas, meu rei, e minha família? Tenho um marido para sustentar, uma casa, um...

- Sobre seu marido, tenho a pura certeza de que o feiticeiro do palácio dará um jeito. Saeger, confie em mim quando digo que é melhor que as malas estejam prontas ao amanhecer, caso contrário, as vestes e objetos que restarem aqui não terão um fim muito agradável. Agora, recrutarei novos membros para a Guarda para substituí-la, e não se esqueça de falar com o feiticeiro sobre o caso do seu querido marido. Tenha um boa noite.

 Tenha um boa noite

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A mulher prepara sanduíches e bebidas quentes para o trio. Eles ainda não tiveram a oportunidade de sequer perguntar o nome da moça, dado que durante o preparo dos alimentos ela apenas dialogava com seu animal de estimação.

- Se fugiram da Guarda, Kauan... - ela volta a conversar com o falcão. - Não há nada com o que se preocupar. - A jovem entrega o sanduíche para Gerald, que ainda não possuía um. Ele agradece antes de comer vorazmente. - Está vendo? - a ruiva acaricia a plumagem do querido bicho. - Boas pessoas.

- Ham, desculpe interromper, - Alice inicia. - Mas não sabemos nem seu nome, pode nos dizer, por gentileza?

A anfitriã sorri, como se estivesse admirando uma pequena boneca de porcelana feita por ela mesma.

- Está corretíssima, querida. Mil perdões pelo meu esquecimento habitual. - A mulher ri, e Kauan faz o mesmo barulho de sempre. - Meu nome é Gisela Saeger, prazer em conhecê-los. - Ela estende a mão contrária do ombro que o falcão se apoia. Heidi encerra o cumprimento estendendo a mão também.

- Sou Heidi Meuer, esta é Alice Meuer, minha irmã. - Heidi aponta com a cabeça para Alice. - E este homem aqui ao meu lado é Gerald Hertel.

- Igualmente um prazer, srta. Saeger. - O garoto pega a mão da mulher e beija a superfície.

- É senhora, cavalheiro. - Ela o corrige de prontidão.

- Desculpe-me pelo erro, madame. - Ele se perdoa e Gisela assente, sinal de aceitação das suas desculpas. - Casada há quanto tempo?

- Desde meus quinze anos, pelo que me recordo. O nome dele é Kauan.

Gerald se vira para o falcão, como se estivesse o examinando. Depois, olha para a dona e indica Kauan com a cabeça.

- Homenagem? - ele pergunta.

- Ahn? - ela olha para seu animal. - Ah, não. Eu não escolhi seu nome, não.

- E quem escolheu?

- Seus pais, pelo que ele me disse. - Simplesmente responde, fazendo carinho nas penas brancas e pretas de Kauan.

As irmãs se entreolham, confusas. Todavia, Gerald não esboça nenhuma expressão diferente, apenas continua encarando o falcão e sua dona gentilmente.

- Por que nos mandou entrar o mais rápido possível?

- Bom, pode-se dizer que minha relação tanto com a Guarda quanto com a família real não é das melhores.

- Pode nos explicar por quê?

- Ah, querido, isto é assunto para outra hora. Afinal, acabamos de nos conhecer e este tópico, creio eu, não é apropriado para o primeiro encontro. - Ela suspira. - Bom, é o que acho. Nunca realmente tive um primeiro encontro. - Gisela respira fundo, recordando-se dos tempos de sua infância.

- E seu marido? - Gerald pergunta preocupado, começando a sentir empatia pela moça ruiva.

- Eu sequer o conheci antes de nosso casamento. - Apenas diz, um tanto rude, querendo cortar o assunto. Evidentemente, a conversa está desagradável para a donzela.

- Sinto muito. - Gerald acrescenta, ficando calado logo em seguida.

Os cinco ficam quietos, apenas o tilintar das canecas na mesa e o barulho do pão sendo mordido são ouvidos no chalé. Até Kauan parece sentir o clima tendo pairando no ar e, finalmente, se cala.

- Por que a Guarda Real os segue, exatamente? - a ruiva pergunta, ignorando o clima constrangedor que pairava no ar até o momento.

- Honestamente, não sei a razão de Gerald estar metido nisto, talvez só tenha fugido para não ser condenado amanhã de manhã. - Admite Alice, que toma a frente da conversa. - Já eu e minha irmã descobrimos recentemente que nós e o herdeiro do país somos filhos dos mesmos pais. Além disso, tem a lei que o próprio criou que ordena que a Guarda Real persiga todos os uzis e fallaxes de Daverden.

- Espere um instante, vocês são uzis ou fallaxes? - questiona a anfitriã, de olhos arregalados.

- Eu não tenho nada a ver com isto. - Defende-se Gerald, levantando as mãos em sinal de rendição.

- Eu e minha irmã somos. - Heidi explica, um toque de nervosismo perceptível em sua voz. Ao ouvir tais dizeres, os pelos da pele de Gisela se arrepiam, lembrando-se da má experiência que teve com um uzi específico, que ainda lhe dá frequentes pesadelos toda noite.

 Ao ouvir tais dizeres, os pelos da pele de Gisela se arrepiam, lembrando-se da má experiência que teve com um uzi específico, que ainda lhe dá frequentes pesadelos toda noite

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Fuga Familiar (Não Revisada)Where stories live. Discover now