Capítulo 7 - Eu não o quero perto deles

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HELOÍSA POV

Samantha estava deitada sobre minhas pernas olhando o céu enquanto conversávamos sobre nós, e como somos. Pude reparar o quão meiga e inocente ela é, e que seus olhos ficam mais claros quando o sol se põe. Ela corava com quase todas as minhas perguntas escondendo o rosto em minha blusa cumprida. Sua alta gargalhada soava alta no espaço aberto. Estávamos ali a não sei quantas horas, e pra ser sincera, nem faço questão de saber.

-E qual é o seu hobby? –ela perguntou com os olhos intensos de curiosidade, passei a mão por seus cabelos pensando um pouco sobre a pergunta.

-É.. –estreitei os olhos, eu não ia contar pra ela sobre meu vicio em fotografia, não agora –meu hobby é secreto.

Ela fez uma cara de insatisfeita, revirando os olhos

-Como se você fizesse alguma coisa que preste além de jogar vôlei de praia –Samantha disse sorrindo debochada e eu me fingi ofendida – É sério Lica, fala.

-Me fala o seu primeiro –ela levantou do meu colo e sentou-se de frente pra mim, e eu senti um frio repentino em minhas pernas, praguejei-a internamente por ter feito aquilo.

-Eu.. eu canto –ela fitou o chão tímida, corando com o meu olhar fixo em seu rosto –de vez em quando –eu a encarei surpresa e ela riu da minha cara

-Eu quero ouvir –balancei-me empolgada

-Vai ficar querendo, só canto pra você quando me contar o seu hobby secreto

Eu estava prestes a debater mas meu celular começou a tocar, eu ia rejeitar a ligação mas então vi pela tela de bloqueio que era a minha mãe.

-Alô? –disse com a voz arrastada dando a entender que eu estava incomodada

-Aonde você esta Heloísa? –sua voz soava irritada, quase furiosa e um arrepio me percorreu ao pensar que eu devia ser a causa daquilo.

-Eu estou aqui no hotel, com a Samantha –disse como se fosse obvio e a ouvi bufar do outro lado da linha.

-Heloisa Gutierrez, não mente pra mim –ela quase gritou

-Samantha, da um oi pra minha mãe aqui, por favor –eu disse e ela falou prontamente. Minha mãe calou-se por uns instantes ao ouvir sua voz porém logo voltou a falar irritada.

-Desce agora –após dizer isso ela desligou e eu fiquei sem reação, sabia que a fera me esperava. Bloqueei a tela do telefone e levantei sem dizer uma palavra, estendendo as mãos para ajudar Samantha a se levantar.

-O que houve? –ela me olhou nos olhos com o semblante confuso e a testa franzida, tão fofa

-Minha mãe ta estressada.. –balancei a cabeça em negação- sabe se aconteceu alguma coisa quando eu estava na faculdade?

-Mesmo se tivesse acontecido eu não iria saber por que estou aqui desde que cheguei, depois que Guto e Felipe desceram, você chegou –ela disse me puxando cuidadosamente pela estreita escada de emergência

Felipe. Este era o problema

SAMANTHA POV

-Alguém tem que projetar um elevador pro telhado –Lica disse sem fôlego quando chegamos no oitavo andar, eu ri de seu estado e ela deu um leve tapa em minhas costas. Fomos andando até a porta do quarto implicando uma com a outra. Lica deu um leve chute na porta do quarto.

-Esta entregue –ela sorriu desanimada e eu a abracei afundando o rosto em seu pescoço, logo depois encarando-a

-Ei, não precisa ficar tristinha assim só porque vai me deixar aqui, sei que sou uma ótima companhia, mas você tem que ser adaptar sem mim –eu a olhava tentando me manter séria enquanto ela ria e balançava a cabeça.

-Idiota –deu um leve tapa na minha cabeça seguido por um beijo na testa e foi andando em direção ao elevador –falo com você mais tarde.

Eu apenas assenti e ela entrou no elevador. Assim que as portas de metal se fecharam eu balancei a cabeça negativamente, Guto iria quase me matar se soubesse que estou fazendo amizade com a Heloísa.

Entrei no apartamento com pensamento longe, chamando por Guto mas me deparei com o ambiente vazio e um pequeno bilhete em cima da mesinha dizendo:

"Fui comer alguma coisa com a Benê, não sei que horas volto, amanhã te conto tudo, coma alguma coisa, te amo –Guto"

HELOÍSA POV

Respirei fundo pesadamente uma única vez antes de abrir a grande porta do escritório de minha mãe. Entrei de cabeça baixa. Eu sempre costumo afrontar minha mãe, mas hoje não, não estava disposta, acho que é por que eu não estou com a razão. Fechei a grande porta e finalmente o encarei: ela estava sentada em sua poltrona, de braços cruzados envoltos num blazer e com feições indecifráveis. Parecia estar calma e irritada ao mesmo tempo.

Ela ficou me encarando por alguns minutos e eu não aguentei mais aquele silencio torturante.

-Mandou me chamar? –eu disse calma e pausadamente, baixando o olhar, dando a entender que não estava para briga

-Mandei -ela respirou fundo e começou a tamborilar os dedos na grande mesa de mármore –sabe o que eu vi hoje? –ela disse aparentemente irritada e eu apenas neguei com a cabeça, colocando os dois braços para trás com sinal para que ela prosseguisse.

-Felipe –ela disse balançando a cabeça como se aquilo a incomodasse- aqui, no meu hotel, com Guto e Samantha –ela se debruçou na mesa- agora me responde, o que ele estava fazendo aqui? Onde você estava quando isso aconteceu? –ela foi aumentando o tom de voz- eu não estou te pagando pouco Heloísa, se eu pedi pra você cuidar deles é pra você cuidar.

-Eu tive um imprevisto com um professor –menti na cara dura, porém mantive o tom de voz baixo- e quando voltei eles não estavam mais na faculdade.

-E você não foi procura-los?

-Eu passei a tarde procurando.

-Escuta aqui, escuta bem: eu não quero o Felipe perto deles –ela quase gritou, seu rosto estava vermelho- eu não quero aquele moleque perto delas, de irresponsável já me basta você. Escuta Heloísa, se você der mais um passo em falso eu te tiro da faculdade, eu tomo seu apartamento, você ouviu? Eu não quero o Felipe perto deles.

Feelings i never know (LIMANTHA)Where stories live. Discover now