Capitulo 11

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Ao abrir meus olhos no dia seguinte, eu senti como se a bola de ferro do clipe da Miley Cyrus tivesse invadido minha cabeça. Só com o movimento de piscar os olhos eu já a sentia latejar. Rolei meu corpo para o lado e em um flash a cena da piscina me veio na mente. Ao contrário de muitas pessoas no estado de ressaca, eu me lembrava de tudo o que tinha feito noite passada. Não lembrava exatamente de tudo o que eu tinha dito, porém o que veio em minha mente era absurdo, e eu não sabia como encarar Shawn. Forcei-me a levantar e arrastei-me até o banheiro, tendo uma ótima sensação da água quente em meu corpo. Depois de um banho de quarenta minutos eu coloquei uma roupa confortável e não pensei duas vezes em deitar novamente.

Eram seis da tarde quando eu resolvi descer. Cruzei os dedos para que Shawn não estivesse em casa, porém minhas preces não foram atendidas. Encontrei-o de pé no balcão da cozinha, que me recebeu com um enorme sorriso.
— Boa tarde! — ele riu, olhando no relógio e vendo a hora em que eu havia acordado.
— Minha cabeça vai explodir. — reclamei, ficando de frente para o balcão pegando a primeira fruta que eu encontrei.
— É isso que acontece com quem não sabe beber. — Shawn continuou rindo, focado no lanche que estava preparando.
— Se você visse a quantidade de álcool que nós ingerimos, não falaria isso... — me defendi, ficando ao lado dele com a intenção de também preparar um lanche, eu estava morta de fome.
— Fala sério, Mila! — ele riu. — Você é fraca com bebida e eu já percebi isso. — disse, cutucando minha costela.
— Para! — o empurrei imediatamente. Se tinha uma coisa que me matava mais do que puxões de cabelos, era cócegas. — Vamos sair um dia e aí a gente vê quem é fraco na bebida. — disse, focada agora no meu lanche. — Para, Shawn! — reclamei quando mais uma vez ele me cutucou.
— Amanhã vou sair com meus amigos, topa? — Shawn perguntou, abocanhando seu sanduíche.
— Isso é um convite? — coloquei a mão na cintura e o olhei com a sobrancelha arqueada. Ele deu uma risada gostosa e respondeu:
— Quero ver de perto como você não sabe beber. — rolei os olhos, aceitando o convite de Shawn.
— Para com isso, insuportável! — retruquei novamente, já que ele parecia uma criança implicando comigo.
— Você sente cócegas? — Shawn me olhou assustado e eu ri, afirmando com a cabeça. — Jura? — perguntou, deixando de lado seu lanche e vindo à minha direção.
— Eu faço xixi na calça. — disse, já rindo antes mesmo que Shawn me tocasse, e o mesmo deu uma enorme gargalhada com a minha confissão e quando eu senti Shawn me fazer cócegas, dei um enorme berro e saí correndo pela casa. — NÃO! — pedia histericamente, porém sem parar de rir. Shawn não atendia meus pedidos, e quando mais eu berrava, mais ele me fazia cócegas. Senti meu corpo bater no sofá, fazendo com que eu deitasse sobre ele, e Shawn se jogou em cima de mim. — Por favor! — implorei com os olhos fechados, tentando escapar de Shawn, que deu uma risada e segurou meus braços. Minha respiração estava ofegante por ter rido, berrado e corrido ao mesmo tempo, assim como a de Shawn. O mesmo estava em cima de mim, e agora me encarava com um olhar que eu jurava me cegar. Depois da euforia passar, eu pude perceber a posição e o clima em que estávamos. Shawn me observava com um olhar tão vago. Seus olhos estudavam meu rosto. Eu apenas olhava para sua boca, e a vontade de senti-la novamente era mais forte do que qualquer coisa. Esse homem causava em mim o que ninguém nunca causou. Dava-me uma sensação de inalcançável, o que só fazia com que eu quisesse cada vez mais.
— Seu celular. — ele falou de supetão, saindo de cima de mim e indo novamente para cozinha. Respirei fundo e me levantei. Eu mal tinha escutado meu celular, que estava em cima da mesa da cozinha.
— Alô? — atendi sem nem olhar quem era no visor. — Ah, oi, Matthew! — olhei rapidamente para Shawn, que agora olhava dentro da geladeira. Fiquei quase meia hora inventando inúmeras desculpas para não aceitar o convite de sábado à noite para sair com Matt, que, por sinal, foi muito insistente.

Depois de almoçar com Kim e Perrie, eu fui para casa e passei a tarde inteira na internet. Conversei horas e horas com meus amigos, que me deixavam a par de tudo o que estava acontecendo no Brasil. E a fofoca do momento era que meu ex-namorado, que me corneou, havia sido corneado pela vagabunda da nova namorada dele. E, sem dúvidas, eu não podia estar mais feliz com a notícia. Depois de tomar um banho relaxante, eu comecei a me arrumar. Sairia com Shawn e seus amigos. Segundo ele, além de um motivo para provar que eu era fraca na bebida, era um agradecimento por não ter ido viajar por causa de North. Bobagem. Mas eu jamais negaria sair com Shawn, ainda mais para encher a cara.
— Mila, está pronta? — ouvi a voz de Shawn seguida das batidas e logo abri a porta do meu quarto.
— Sim! — falei o encarando, que estava com seu braço encostado no batente da porta olhando para seus próprios pés, e, ao me ver, fez uma cara que eu achei um tanto quanto engraçada. Eu vestia um vestido branco, simples, mas curto, talvez até demais, junto com uma jaqueta e um salto. — Vamos? — falei, prendendo meu riso da cara boba que ele fazia enquanto me admirava e logo Shawn balançou a cabeça, virando e descendo as escadas. Depois de entrar no carro, foram quase vinte minutos até que finalmente chegássemos ao local. Era um enorme pub, que mais parecia ser uma boate. Adentramos ao lugar e fomos direto para o bar, onde Shawn encontrou seus amigos.
— Oi, Mila! — Justin me cumprimentou. Nós já nos conhecíamos, pois desde que cheguei, o vi na casa da família Mendes umas duas ou três vezes.
— Esse é o Lucas. — Shawn me apresentou para mais um amigo seu e, por um momento, achei que estava cega. O cara era simplesmente maravilhoso. Era moreno, tinha uma barba mal feita enfeitando seu rosto, e um olho que quase chegava a ser verde. Acho que estava apaixonada. Nós sentamos em uma mesa e logo eu estava entretida não só com os caras, mas também com a irmã de Justin, que era super divertida.
— Eu não vou te carregar, já vou avisando... — brinquei com Shawn, que bebia sem parar e a noite ainda não tinha nem começado.
— Eu não vou ficar que nem você, relaxa. — ele piscou o olho e eu fiz careta. Shawn também estava lindo, com uma camisa preta social, dobrada até os cotovelos, jeans, e tênis. Charmoso, elegante, delicioso. Mas tenho que admitir que, naquela noite, meus olhos não se decidiam entre Shawn ou Lucas.
— Eu acho, só acho, que devíamos fazer uma aposta. — a irmã de Justin disse animada. A ideia era ver quem bebia mais shots de tequila em dez segundos. E depois de muitas tentativas, minha cabeça já latejava.
— Já tomou esse aqui? — perguntei a Shawn apontando para uma bebida no cardápio que se chamava Bahama mama e, mesmo sem conhecer, eu e Shawn pedimos. Estava sendo uma noite divertida, e sinceramente? Eu estava a-d-o-r-a-n-d-o estar com Shawn. Estar ali com ele, como amiga. Sem ser simplesmente babá e patrão. Ou au pair e host dad.
— Eu faço questão de você beber essa. — Lucas, o amigo de Shawn, esticou a mão assim que voltou a mesa e me entregou uma bebida toda colorida e eu olhei sem entender.
— Qual o nome? — perguntei, encarando o drinque e logo ele me respondeu: Sex on the beach. E, sem disfarçar, Lucas abriu o sorriso mais pervertido que alguém já havia dado para mim. Soltei uma risada baixa e aceitei o drinque. Shawn levantou para ir ao banheiro e em um piscar de olhos, Lucas estava sentado ao meu lado, fazendo milhões de perguntas sobre mim. Mas ele não queria saber nada sobre mim. Seus olhos o entregavam. Lucas estava dando em cima de mim descaradamente e eu apenas ria, já que ambos estávamos alterados. Sem perceber o que eu estava fazendo, caí no jogo de sedução de amigo de Shawn e logo estávamos os dois conversando ao pé do ouvido um do outro.
— Vamos dançar! — Justin disse, se levantando e logo todos foram para um espaço com meia luz do pub reservado para que pessoas alteradas como nós pudessem dançar. Eu não sei se foi coincidência, mas a música que tocava falava sobre uma noite de sexo selvagem, claro, tudo mascarado na poesia que os compositores conseguiam fazer. Eu não sei onde Shawn estava naquele momento, porém, ter seu amigo dançando atrás de mim, nem me fez lembrar de Shawn. O moreno, alto, bonito e sensual esfregava seu corpo ao meu sem pudor nenhum. Ele, sem dúvidas, estava se aproveitando de mim naquele momento. E eu? Eu não estava nem ligando. Pelo contrário, dançava de um jeito que eu poderia enlouquecer qualquer homem daquele lugar. Dançava de um jeito que só eu dançava. De um jeito que todas as americanas branquelas que ali estavam morressem de inveja de mim. Ao correr meus olhos pelo local, avistei Shawn, parado no balcão do bar, com uma cerveja em mãos e seus olhos penetrados em mim e seu amigo. Eu rebolava enquanto o moreno soltava uma cantada qualquer em meu ouvido e, esquecendo que havia outras pessoas ali, ele posou uma mão sobre minha coxa e subiu lentamente até chegar a barra do meu vestido.

Au Pair • shawmila << adaptada >>Onde histórias criam vida. Descubra agora