Capitulo 31

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— Eu não quero, sua CHATA! — berrei para Kylie, rindo, enquanto a mesma teimava em me servir comes e bebes. Alias, não só ela. Todos estavam tentando me agradar o tempo todo. Todos estavam preocupados comigo, querendo saber se eu estava bem, se eu queria beber ou comer algo, se eu precisava de alguma coisa. Enche o saco? Sim. Mas isso me provava que eu tinha amigos que se importam comigo de verdade. Estava tendo uma verdadeira festa em casa. Além de todos que foram ao hospital ontem, ainda tinham algumas pessoas do meu estágio. Shawn havia convidado todos, sem faltar ninguém. E isso incluía até o Lucas.
— E aí, maluca? — ele se sentava ao meu lado no sofá com uma garrafa de cerveja na mão. — Que história é essa de ficar se jogando na frente dos carros? — Lucas brincou e eu dei um empurrão em seu braço.
— Que ridículo, eu não me joguei em frente de carro nenhum. — falei, rindo. Ele apenas balançou a cabeça, olhando ao redor. — Faz tempo que você não vinha aqui, não é? — perguntei, o olhando.
— Não lembro nem qual foi a última vez. — suspirou, virando sua cabeça, olhando Shawn em pé na porta que dava para piscina. — Mila... seja sincera. — ele pediu e eu concordei com a cabeça, me ajeitando no sofá com dificuldade. — Você acha que o Shawn vai me perdoar um dia? — ele perguntou com o olhar baixo. Abri a boca para responder, mas recuei. Ele queria que eu fosse sincera, e, sinceramente, eu não fazia ideia.
— Lucas... — mordi meu lábio inferior, sem saber o que falar. — Eu não sei. — respondi.
— Se não fosse por você, ele jamais me deixaria vir aqui. — Lucas disse, rindo baixo, e eu concordei, também soltando uma risadinha baixa.
— Relaxa... Um dia tudo isso vai passar. — falei, sorrindo, e recebi um sorriso confiante de volta. Meus amigos passaram a tarde toda me fazendo companhia. Eu ainda estava sentindo dores muito fortes pela pancada na cabeça e em algumas partes no corpo. Isso fazia com que eu ficasse a maioria do tempo sentada, mas nada que impedisse cada hora um de sentar ao meu lado.
— Olha lá... até parecem melhores amigos. — eu cochichava para Jade, apontando para Shawn e Matthew conversando na cozinha.
— Você também, hein, Camila! — Jade me olhava. — Deixa os dois... Antes amigos do que inimigos, você não acha? — ela perguntou e eu concordei com a cabeça.
— É claro... Mas espero que o Matthew não pense que está tudo bem só porque ele contou a verdade para o Shawn. — falei, ajeitando a almofada nas minhas costas. — Acho que eu mereço um pedido de desculpas, você não? — encarei Jade, que rolava os olhos.
— Eu acho é que esse acidente te deixou chata e carente! Credo! Vou chamar o Shawn... — ela falou, saindo e gritando o nome de Shawn, dizendo o quanto eu estava manhosa. Eu quis socar Jade por isso.
— É mentira! — falei, rindo, vendo Shawn e Kim vindo até mim.
— Sério, ela está impossível... Vê se dá conta, porque eu não estou aguentando. — Jade implicava comigo, sentando-se no sofá a minha frente, enquanto Shawn se sentava ao meu lado, colocando o braço ao redor do meu ombro com cuidado.
— Eu dou conta, relaxa. — falou, piscando o olho para Jade, e eu fiz uma cara engraçada para minha amiga, sem entender as intenções de Shawn.
— Mas então você vai passar o Natal imobilizada, amiga? — ela perguntou, apoiando seu queixo na mão, e eu neguei com a cabeça.
— Não... Eu vou tirar tudo isso daqui a duas semanas. — falei, me referindo aos curativos e ao gesso. Nós já estávamos em dezembro, e o Natal já estava chegando. Meu intercâmbio começara em fevereiro, e tinha duração de dez meses, no caso, acabaria em novembro, porém, como eu havia estendido mais seis meses, eu passaria o Natal aqui, e ainda meu aniversário, que era em janeiro.
— Mentira! — Shawn deu um pulo de animação quando eu falei do meu aniversário e eu o olhei, assustada.
— Qual o problema? — perguntei, curiosa, olhando para Shawn.
— Que dia é seu aniversário? — ele perguntou, ainda com a feição engraçada.
— Dezesseis de janeiro, por quê? — foi a minha vez de perguntar.
— Mentira! — ele repetia as palavras.
— AI, Shawn, o que houve? — perguntei, já irritada do suspense que Shawn estava fazendo e o mesmo gargalhou do meu stress.
— É porque eu também faço aniversário em janeiro... Vinte de janeiro. — ele falou, sorrindo, e eu abri a boca, rindo, sem acreditar.
— Espera, você estão morando juntos há quase um ano e nem sabiam o aniversário um do outro? — Jade olhou desconfiada para nós dois.
— É porque eu vim para os Estados Unidos em fevereiro... Ou seja, meu aniversário já tinha passado... — expliquei a ela. — E a gente nunca conversou sobre datas de aniversário, não é? — olhei confusa para Shawn, que concordou com a cabeça.
— Nossa, vocês são estranhos. — Jade falou, nos olhando com uma expressão confusa, e tanto eu quanto Shawn gargalhamos. — Com licença que eu vou procurar o Justin. — ela falou, se levantando e nos deixando sozinhos.
— Você está bem? — Shawn perguntou, me abraçando novamente.
— Uhum. — falei com um sorriso maroto no rosto, dando um beijo no rosto de Shawn, que sorriu. Aos poucos, meus amigos foram indo embora. No final da noite, Matthew conversou comigo, e digamos que nos acertamos. Preciso admitir que nunca mais ia ter a mesma consideração que eu tinha. Depois da pequena festa, Jads novamente ficou comigo, me ajudando nas pequenas coisas e só foi embora quando eu já estava pronta para deitar. Demorei a pegar no sono, já que a minha conversa com Shawn no dia anterior não saía da minha cabeça. Então queria dizer que ele também gostava de mim, certo? Se eu tinha alguma dúvida se Shawn sentia algo por mim, agora eu realmente não tinha mais. E nada me deixava mais feliz em saber que o sentimento era recíproco. Não fazia ideia de como ia ser daqui para frente. Acredito que muito melhor do que todo meu intercâmbio. Agora, eu e Shawn estávamos juntos, sem nenhuma incerteza ou indecisão.

2 semanas depois.

— North, você vai quebrar o meu braço de novo! — falava, rindo, porém assustada pela garota, que não parava de pular em cima de mim, de um sofá para o outro.
— Filha, a Mila acabou de tirar os curativos, fica quietinha um pouco, por favor. — Shawn disse e finalmente a pequena atendeu, sentando-se ao meu lado ofegante de tanto pular.
— O jantar está pronto, meninas. — Shawn avisou e imediatamente eu e North fomos para a mesa.
— Jantar? — North falou, olhando para mesa. — Pai, isso é pizza! — ela falou com a mão na cintura, batendo os pés.
— Ué, mas é comida, certo? Então não deixa de ser um jantar. — Shawn se defendeu e sentou-se à mesa. Eu fiz o mesmo, tentando não rir da feição da menina.
— Ai, papai, mas você nem fez... Nossa. — ela também se sentava à mesa reclamando, e eu e Shawn nos olhamos rindo da atitude de North. A pequena crescia cada vez mais rápido, e tinha cada vez mais opiniões próprias. Era incrível saber que daqui a um tempo eu não poderia mais chamá-la de pequena. Terminamos de jantar e North só não reclamou mais porque era seu sabor predileto. A garota já estava de banho tomado e depois de escovar os dentes, eu a levei até o quarto, a ajudando a arrumar sua cama.
— Deixa que eu arrumo isso, Shawn, amanhã você trabalha cedo... — falei ao voltar para cozinha e ver Shawn lavando a louça e arrumando a mesa.
— Ficou maluca? Você acabou de se recuperar do acidente, Mila, não tinha nem que estar aqui, já tinha que estar na cama...
— Ai, meu Deus, agora eu tenho oito anos também. — disse, rindo do jeito mandão de Shawn. — Sai daí. — falei, o empurrando e pegando a louça para lavar. — Eu já estou me sentindo muito melhor, juro. — disse, piscando o olho para Shawn, que sorriu em troca, dizendo que subiria para tomar banho. Terminei de arrumar toda a cozinha e logo subi para o meu quarto. Eu também já estava de banho tomado, e ao começar a arrumar minha cama, senti uma leve dor no braço, com certeza pelos movimentos abusivos feitos.
— Você vai dormir aqui? — Shawn falou, adentrando meu quarto apenas de calça de moletom, cabelos molhados e uma toalha em volta do pescoço.
— Onde mais eu dormiria? — disse, arrumando meu travesseiro. — Esse é o meu quarto. — falei marota e Shawn riu.
— Quem sabe... — ele se aproximava e, em um piscar de olhos, agarrou minha cintura. — No meu quarto, comigo, agarradinhos. Vamos? — ele pediu, ainda com os braços a minha volta e um sorriso estampado no rosto escondido no meu pescoço. Quem resiste?
— Vou só pegar meu remédio porque meu braço está começando a doer... — disse, me desfazendo do abraço de Shawn.
— Viu! Eu falei que não tinha que ficar lavando louça e nem arrumando nada, tinha que fi...
— Ih, Shawn! Tchau! — falei, gargalhando, descendo as escadas para pegar o remédio e em menos de cinco minutos eu já estava de volta, mas, dessa vez, no quarto de Shawn. Apaguei a luz e me deitei ao lado do homem à minha espera. Deitei no peito de Shawn, que acariciava meu braço no local em que eu dissera que estava dolorido. Respirei fundo, sentindo o cheiro de Shawn e sorri sem nem perceber, fechando os olhos. Isso só podia ser o paraíso.

Au Pair • shawmila << adaptada >>Onde histórias criam vida. Descubra agora