Capítulo 25

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Duas semanas se passaram e eu estava esgotada. Daria tudo para ficar jogada em uma cama recebendo uma massagem de, no mínimo, umas cinco horas. E fora o fato de que, para conseguir colocar meu sono em dia, eu precisaria dormir pelo menos uns três dias. Eu estava muito cansada. Ainda mais naquela semana, Nate havia passado três dias conosco, e, com isso, o trabalho era dobrado. Kylie e Jade estavam me cobrando uma saída há muito tempo, e eu simplesmente não conseguia. O único tempo livre que eu tinha era para dormir. Mas eu merecia um pouco de diversão, eu precisava.
— Pega a pipoca, Mila. — Kylie falou assim que sentimos o cheiro. Era sábado à noite, chovia muito forte e eu estava na casa das meninas. Uma simples noite de garotas que eu não tinha há muito tempo.
— Qual nós vamos assistir primeiro? — Jade perguntou assim que voltei com duas bacias cheias de pipoca. Nós tínhamos alugado uns quatro filmes e queríamos assisti-los todos naquela madrugada.

— Jogo de Amor em Las Vegas, por favor. — implorei. Eu amava aquele filme.
— Quem me dera viver um amor em Vegas. — Kylie disse, se tacando no tapete da sala, abrindo seus braços, suspirando.
— Falando nisso, Kylie... — Jade dizia, enquanto se sentava ao lado da menina. — Faz quanto tempo que você não tem um encontro? — falou, já com a pipoca na boca.
— Ai, Jade, não começa... — Kylie rolou os olhos, fazendo com que Jafe e eu começássemos a rir. Nós adorávamos implicar com Kylir pelo fato de que a mesma não costumava ficar com quase ninguém, e ela realmente não se importava com isso.
— Não liga não, Kylie, eu concordo com você... — falei, colocando meu moletom. Aquela noite realmente estava de arrepiar, além de muito frio, chovia demais. Raios e trovões eram pouco perto do que estava acontecendo lá fora. — Eu também adoraria viver um amor em Vegas, ou em qualquer outro lugar. — disse, encolhendo minhas pernas.
— Cala a boca, Mila! — Jade me deu um leve empurrão. — Você tem o gostoso do Lucas dando em cima de você, e fica aí reclamando. — a morena falava, enquanto colocava o filme.

— Ai, gente... O Lucas... Não sei! — falei, balançando a minha cabeça.
— Jade, esqueceu que a Mila está apaixonada? — Kylie se levantou do tapete e fez Jade gargalhar. Ótimo, era minha vez de ser caçoada.
— Ah, é mesmo! — Jade voltava ao seu lugar, prendendo seu cabelo em um coque para ficar mais a vontade para ver o filme. — Esqueci do host dad dela. — as duas não paravam de rir e eu rolei os olhos mais uma vez.
— Não tem ninguém apaixonada aqui, e não sei se vocês esqueceram, mas o Shawn nem sequer está falando comigo direito... — falei, roubando o pote de pipoca das mãos de Kylie.
— Chega de falar de homem, meninas... — Kylie se arrumou em seu canto. — Vamos ver o filme e se frustrar eternamente por nunca ter um Ashton Kutcher em nossas vidas. — ela dizia, iniciando um dos meus filmes prediletos.

O domingo chegou rapidamente e a única coisa que eu e as meninas fizemos foi dormir o dia inteiro. Olheiras estavam garantidas após passar a madrugada vendo filmes. Peguei um táxi e fui para casa o mais rápido possível. Já eram cerca de dez da noite, e estava mais frio do que a noite anterior, se fosse possível. Entrei em casa, deixando as chaves em cima da mesa da cozinha. Tudo estava apagado e a única luz vinha da televisão da sala. Caminhei até lá, encontrando Shawn deitado no sofá, todo coberto, assistindo um canal qualquer.

— Boa noite! — o cumprimentei. Shawn soltou um som estranho e me cumprimentou também. — North foi para casa de Hailey? — perguntei, me aproximando um pouco mais. Shawn novamente soltou um barulho estranho, algo parecido com um gemido.
— Ela... Foi. — respondeu com dificuldade. Estranhei o jeito de Shawn e fui até o sofá, dando de cara com o mesmo um pouco pálido e tremendo.
— O que houve? — falei, me ajoelhando perto de Shawn, que não me respondeu, apenas fechou os olhos. Levei minha mão até o rosto de Shawn e me assustei. — Shawn, você está queimando... — disse, levando a mão até minha boca. Tirei rapidamente o cobertor que o cobria e coloquei um termômetro. Shawn estava fraco e não falava nada. Esperei alguns minutos e vi que ele estava queimando em febre. — Você tem que tomar um banho... — falei, puxando a mão de Shawn.

— Mila... — ele engoliu seco. Shawn respirou fundo e se sentou com dificuldade. — Não consigo, sério... — ele falava, sonolento. — Estou com dores em todos os lugares do corpo. — disse.
— Não vai me dizer que você pegou aquela chuva de ontem... — nem precisei terminar a frase, já que Shawn soltou uma risadinha fraca. — Vem comigo. — puxei a mão de Shawn novamente e o ajudei a levantar. Coloquei seu braço em volta do meu ombro e o ajudei a ir até o banheiro. Shawn tirou sua camisa e, em uma lentidão eterna, tirou a calça. — Tira a calça logo, Shawn... — falei, como se tivesse brigando com ele.
— Calma, poxa. — ele falou, se apoiando na parede de uma forma tão fofa que eu prendi uma risada baixa. Shawn estava muito abatido. É incrível o fato de que ele, um homem mais velho, pai de família, não sabe que pode pegar até uma pneumonia se pegar uma chuva forte. Desci e preparei um chá, juntamente com um copo d'água e um remédio. Após vinte minutos, eu subi novamente, encontrando Shawn apenas de calça de moletom em seu quarto.
— Coloca uma camisa... Qualquer vento que você pegar vai piorar. — falei, deixando a bandeja com as coisas em cima da mesinha de cabeceira de Shawn e fechando a janela em seguida. Ele se tacou na cama, reclamando de lombeira e dor no corpo. Shawn estava inclusive até com uma pequena dificuldade de respirar.
— Obrigado. — ele agradeceu quando eu lhe entreguei o remédio.
— É só um resfriado, amanhã você melhora. — expliquei, puxando o cobertor para cima de Shawn. Ele passou a mão em seu rosto, tentando ficar acordado, porém, seus olhos estavam fechando sozinhos praticamente. — Não adianta lutar contra o cansaço, Shawn... Toma esse chá e descansa. — falei que logo voltaria para medir sua temperatura novamente e Shawn fez o que eu mandei. Desci as escadas, recolhendo as pequenas coisas que estavam espalhadas pela sala, e, em seguida, arrumando a cozinha também. Já eram mais de onze horas e agora era o meu cansaço que estava dando sinais. Tomei um banho rápido e coloquei meu pijama. North voltaria apenas na quarta, o que me daria uns três dias de descanso e eu agradeci por isso.
— Voltei. — falei, adentrando no quarto de Shawn novamente. O mesmo estava deitado com a aparência visivelmente cansada, porém, bem melhor de quando eu cheguei. Entreguei-o o termômetro e ele mesmo o colocou. Sentei na cama de Shawn e esperei os três minutos necessários, em silêncio. Um silêncio incomodador. — Você ainda está com febre, mas abaixou... — falei, guardando o termômetro.
— A dor está começando a passar. — ele falou e eu sorri de leve, me levantando da cama e indo em direção à porta.
— Estou no meu quarto, qualquer coisa, é só me chamar...
— Estou com frio... — ele reclamava como uma criança. Voltei para perto da cama onde Shawn estava deitado.
— Você quer que eu pegue mais um cobertor? — perguntei, colocando meu cabelo para trás da orelha.
— Quero que você deite aqui comigo. — ele respondeu da forma mais simples do mundo. Abri a boca para responder algo que nem eu mesma sabia o que era. Shawn realmente havia me pegado de surpresa.
— Como? — perguntei, confusa. Ele chegou um pouco para o lado, ajeitando o cobertor para que eu pudesse deitar ao seu lado.
— É sério... Se acontecer alguma coisa, eu não vou ficar te gritando... — ele falou, sério. Eu não via nenhuma segunda intenção na voz de Shawn. Na verdade, eu não via nada, ele parecia indiferente, mas realmente estava decidido a me fazer deitar com ele.
— Tudo bem... — respondi. Fui até a luz do quarto de Shawn, perto da porta e a apaguei. — É melhor mesmo, se acontecer algo, eu já estou aqui... — falei um pouco sem graça. Puxei a coberta e me deitei ao lado de Shawn, de barriga para cima, com as mãos em meu peitoral. Engoli seco e preciso admitir que eu não estava me sentindo nada bem. Ter o homem que tem me causado tantas sensações deitado ali do meu lado e não poder fazer nada era desesperador. Shawn encostou uma de suas mãos em minha cintura, me despertando de meus insanos pensamentos.
— Vem cá. — me puxou para mais perto.
— Shawn... — tentei me pronunciar, mas ele logo me interrompeu.
— Relaxa, Mila, é só frio. — ele falou. Respondi em silêncio, mordendo meu lábio inferior e deixei que meu corpo se aproximasse do corpo de Shawn. Ele me abraçou pela cintura e afundou seu rosto no travesseiro. Eu ainda estava me sentindo incomodada, com a mão para o alto, sem saber se poderia tocá-lo ou não. É engraçado o fato de como Shawn me intimidou depois que resolveu mudar, e eu não tinha mais a intimidade que tinha antes. Abaixei minha mão, levando até o cabelo de Shawn. Passei a mão em um carinho amedrontado. Eu tinha medo de que Shawn a qualquer momento pudesse me expulsar dali, dizendo que eu não podia fazer aquilo, porque, como ele mesmo disse, éramos apenas au pair e host dad. Mas ele não fez nada. Continuou com os olhos fechados, respirando fundo, abraçado ao meu corpo, pegando no sono, acredito eu. Relaxei minha cabeça no travesseiro e me confortei em seus braços, acariciando Shawn, o fazendo dormir. Não sei por quanto tempo isso durou, sei que, sem dúvidas, naquela noite, eu adormeci com um sorriso enorme no rosto.

Au Pair • shawmila << adaptada >>Onde histórias criam vida. Descubra agora