Capitulo 38

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— Bom dia! — escutei a voz de Shawn de longe e rolei minha cabeça no travesseiro, porém, sem abrir os olhos. — Preguiçosa! — ele falou novamente e eu finalmente acordei, virando-me e dando de cara com Shawn em pé ao lado da cama com uma bandeja enorme de café da manhã.
— Uau, bom dia! — falei, sorrindo, esfregando meus olhos e sentando-me na cama com as costas encostadas no travesseiro. Shawn colocou a bandeja em meu colo, com inúmeras coisas diferentes, juntamente com uma flor.
— Parabéns. — ele falou em português e minha expressão não podia ser outra a não ser:
— Awwwwwn! — e aquela cara que só pessoas bobas apaixonadas fazem.
— Falei certo? — ele voltou para o seu idioma e eu afirmei, o vendo comemorar. Imagino como Shawn havia treinado na frente do espelho para falar uma simples palavra no meu idioma.
— Isso tudo é para mim? — perguntei, olhando a quantidade de coisas que tinham ali. Nem morta eu conseguiria comer aquilo tudo.
— Claro que não! — North adentrou ao quarto de surpresa com uma flor nas mãos. A menina subiu na cama e beijou meu rosto, me desejando parabéns.
— Vocês são lindos, sabia? —falei com um sorriso no rosto, olhando para os dois.
— Sabia! — a pequena deu de ombros, fazendo com que eu e Shawn começássemos a rir. Nós três tomamos café da manhã juntos, na cama, e depois de quase uma hora rindo das baboseiras que Shawn falava, eu finalmente levantei para tomar um banho. Coloquei um vestido largo por cima do meu biquíni e desci. A casa inteira estava em festa. Justin e Matthew cantavam Happy birthday to you toda vez que me viam. Na cozinha. Na sala. Na varanda. Já estava chato. Mas esses foram os amigos que eu escolhi. E nada me fazia mais feliz.

— Ai, eu vou morrer de calor... — Perrie falava, se levantando da toalha que estava esticada na areia da praia.
— Calor? — olhei-a, sem entender. O clima estava ameno, aquele sol bem fraquinho que a gente mal sente. — Você não aguentaria nem três horas no Rio de Janeiro. — falei, rindo da minha amiga.
— Promete que vai deixar a gente te visitar quando você voltar? — ela perguntou, sorrindo. — Claro! — respondi.
— Eu também... — Lucas falava, voltando todo molhado depois de um mergulho. — Sempre quis conhecer o Brasil... — ele falava, passando a mão em seus cabelos molhados.
— Perfeito! Vão os dois! — falei, rindo. — O que você acha, Kylie? — perguntei para minha amiga, que estava em um momento ridículo de admiração pelo corpo de Lucas. — Kyl? — a sacudi levemente, a despertando de seu transe.
— Oi? — ela perguntou, confusa, fazendo com que Lucas e eu caíssemos na gargalhada. Para a frustração de Jade, eu encontrei o bolo que ela havia feito de manhã enquanto eu dormia. Obviamente eu veria, afinal, seria impossível esconder um bolo de mim tendo uma cozinha apenas.
— Alguém viu o Shawn? — perguntei aos rapazes depois de procurar por toda a casa.
— Acho que ele está lá nos fundos, Mila... — Justin dizia. — Lá é o único lugar que pega celular e ele disse que tinha algumas chamadas. — ele me explicou.
— Hm... — balbuciei, dando de ombros.
— Mila! — North me gritou, correndo pela praia em direção da casa. — Mila! Vem aqui! — a pequena puxava minha mão sem ao menos me deixar andar.
— Eu vou cair, North! — dizia, rindo, sendo carregada pela menina.
— Nós fizemos uma surpresa para você! — ela disse, indo até onde as outras crianças estavam. — Fecha o olho... — ela pediu.
— Mas eu vou cair...
— Fecha! — a pequena disse mandona e eu rapidamente acatei sua ordem. Andei devagar para não tropeçar em nada e finalmente cheguei ao local onde as outras crianças me esperavam. — Pode abrir! — ela disse, puxando minha mão e, ao abrir, encontrei um desenho, um tanto quanto torto, na areia. Era um enorme coração, enorme mesmo, com o meu nome escrito dentro, desejando feliz aniversário. Um pequeno mimo, que me deixou boba de felicidade.
— Amor, você tem que ver o que as crianças fizeram para mim! — falei, sorrindo, quando encontrei Shawn na varanda.
— Mila... — ele disse, sério. Parei imediatamente e o encarei.
— O que foi? — perguntei, curiosa, reparando seu estado.
— Eu vou ter que ir embora. — ele falou simplesmente.
— Você o quê? — arqueei uma sobrancelha, sem acreditar no que tinha ouvido.
— Eu preciso ir embora, Mila... Não posso explicar agora. — ele falou, se virando para Justin. — Você leva as crianças, cara? — perguntou, se referindo ao fato de ficarmos com um carro a menos.
— Claro. — o amigo confirmou imediatamente. Shawn correu para o quarto para provavelmente arrumar sua bolsa e todos ficaram se olhando, tentando entender o que tinha acontecido.
— Shawn! — falei, adentrando ao quarto e comprovando minha teoria. — Como assim você vai embora? Hoje é o meu aniversário... — falei chorosa ao vê-lo arrumar sua bolsa.
— Mila, amanhã você já está de volta e aí a gente comemora... — ele falou, levantando-se e vindo até mim. — Por favor, não fica triste comigo. — pediu, acariciando meu rosto.
— Então me fala o que aconteceu pelo menos... — pedi, o olhando.
— Eu não sei ainda... Não posso falar nada agora, Mila! — ele conclui e eu olhei incrédula.
— É alguma coisa com a sua mãe? — perguntei, confusa. — Ou com o trabalho, sei lá...
— Não... Nenhum dos dois. — ele me interrompeu. — Depois a gente conversa, ok? — falou, por fim, dando um beijo na minha testa. Cruzei meus braços e não evitei a lágrima que caiu de meus olhos. — Mila... — Shawn me chamou da porta do quarto. Funguei, passando a mão pelo meu rosto, e me virei para ele. — Eu te amo. — falou, por fim, sorrindo.

— Amiga, não fica assim... — Kylie dizia, sentando-se na rede em que eu estava ao meu lado.
— Sabe por que eu estou assim, Ky? — falei, olhando para minha amiga. — Porque eu tenho quase certeza de que é por causa da Hailey... — disse, cruzando os braços. — Eu não sei o que está acontecendo entre os dois... — falei firme.
— Nossa, Mila, nada a ver... — Kylie falou, balançando a cabeça. — O Shawn é apaixonado por você e deixa isso bem claro. — ela me convencia.
— Eu sei, Kylie... Não estou falando que eles estão voltando ou algo assim... Mas que alguma coisa está acontecendo, está sim... — finalizei. O dia foi bem diferente do que eu havia pensado que seria. Meus amigos fizeram de tudo para me ver feliz e conseguiram. Eu não ia passar meu aniversário com cara de bunda pelo simples fato de que Shawn não estava comigo. Eu queria aproveitar como nunca aquela data, com pessoas que se importavam comigo em um lugar maravilhoso. No final do dia, recebi o telefonema de minha mãe. Em meios a lágrimas, ela dizia como estava triste por eu não estar passando meu aniversário com ela. Primeiro foi o Natal. Depois, o Ano Novo. E agora, meu aniversário. Tentei explicar para minha mãe que essa era uma experiência única na minha vida e eu que poderia passar todas as outras datas comemorativas com ela. Mas nada a convencia. Depois de quarenta minutos ao telefone, passando pelo meu pai, minha avó, meus padrinhos e alguns primos, eu finalmente consegui desligar.

— Não acredito que acabou! — Jeremy falava tristonho enquanto colocávamos as coisas nos carros.
— Nem me fala, Matthew. — disse, tristonha. Aquele lugar era maravilhoso, e, se Jade permitisse, sem dúvidas eu voltaria mais vezes.
— Mila... — North dizia com uma de suas bolsas, me entregando. — Será que a gente pode morar aqui? — ela perguntava.
— Ah, claro... Vamos pedir para o seu pai comprar uma casa assim, que tal? — falei, entrando na brincadeira da pequena, que concordou. Passamos meia hora arrumando tudo. Já que Shawn não estava mais conosco, eu voltei no carro de Justin, com Lucas, North e Nate.
— Posso deitar no seu colo? — North perguntou assim que Justin entrou na estrada.
— Claro, meu amor. — respondi, fazendo carinho na cabeça da pequena, que deitava em meu colo. Lucas olhava pelo espelho do carro para Nate no banco de trás na cadeirinha o tempo todo. Apesar de tudo, esse tinha sido um ótimo final de semana. E eu tinha certeza de que naquele final de semana havia nascido um sentimento em Lucas que ele jamais havia sentido.

— Ai! — North reclamava enquanto puxava sua bolsa para dentro de casa.
— Vai! Força! — eu brincava com a menina. Justin e Lucas já haviam nos deixado em casa e, como eram poucas bagagens, não pedi a ajuda deles. Com muito esforço, North e eu conseguimos entrar em casa com nossas coisas.
— Papai! — a pequena correu para o colo de Shawn, que estava na cozinha preparando um chá.
— Desde quando você bebe chá? — olhei para Shawn, rindo, porém estranhando.
— Oi, Mila... — ele falou, sorrindo fraco, me dando um selinho.
— Estou morrendo de dor na coluna por causa da viagem... — falei, fazendo uma cara feia, indo até a sala. — Preciso de uma massagem urgente! — brinquei, encarando Shawn enquanto colocava minhas bolsas em cima do sofá. Olhei para o canto da sala e reparei que havia uma mala e uma bolsa. Aquela não era a mala que Shawn havia levado para a casa de praia. Na verdade, nem aquela mala nem aquela bolsa eram de Shawn. — De quem são essas coisas, Shawn? — perguntei, encarando Shawn, que abriu a boca para me responder, mas logo foi interrompido.
— Olá, minha filha! — ouvi a voz conhecida. Uma voz que eu não ouvia há muito tempo.
— Mamãe! — North correu para a escada e, quando eu me virei, dei de cara com Hailey descendo as escadas, de chinelos e pijamas, bem confortável, por sinal.
— Mila... — Shawn cochichou para mim quando viu minha expressão ao vê-la ali.
— O que está acontecendo aqui? — perguntei, olhando dessa vez para Shawn, que mordeu seu lábio inferior. Ele não respondeu nada e eu novamente repeti minha pergunta. — Shawn? — o encarei com a pior expressão que eu poderia fazer naquele momento. Afinal, o que essa vaca estava fazendo ali?

Au Pair • shawmila << adaptada >>Onde histórias criam vida. Descubra agora