Capitulo 30

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Nunca na vida eu havia sentido uma dor tão forte na cabeça, assim como um peso enorme em meus olhos. Custei muito ao abri-lo e ao encarar a claridade, senti uma tonteira inexplicável. Eu estava com os olhos abertos, mas ainda assim não enxergava nada.
— Camila? — escutei alguém me chamar e imediatamente me movi. Apertei meus olhos como se os forçassem a enxergar, e pelo visto adiantou, já que agora eu encarava uma enfermeira ao meu lado. — Como está se sentindo? — ela perguntou, sorrindo. Tentei falar algo, em vão. Minha voz falhou.
— Com... Sede. — respondi com muita dificuldade, sentindo minha garganta queimar de tão seca. A enfermeira, agora acompanhada do médico, rapidamente me trouxe um copo d'água.
— Enfim acordamos, então... — o médico, aparentando seus cinquenta anos, entrou no quarto com sua prancheta na mão. Forcei um sorriso e logo as cenas do acidente vagaram pela minha mente.
— Eu fiquei muito tempo desacordada? — perguntei, tentando me lembrar.
— Desde ontem, quando você chegou. — ele me explicou. — Vamos fazer uns exames agora para checar se está tudo bem, ok? — ele falou e eu concordei com a cabeça. Eu estava com o braço imobilizado, e um joelho enfaixado. Reparei diversos arranhões pelo meu corpo, mas, apesar de tudo, eu já me sentia bem.
— Obrigada! — agradeci a enfermeira que me ajudou a executar os exames.
— Camila... Eu volto em vinte minutos para te dar seu diagnóstico, tudo bem? — o médico disse, me fazendo sorrir tranquila. — Mas, pelo que eu vi, acredito que já poderá ter alta. — ele falou e eu respirei aliviada. — Agora olha... — ele falou, se aproximando da cama. — Tem umas pessoas ali fora querendo te ver, e eu vou deixá-los entrar todos de uma vez porque eu não aguento mais a algazarra que eles estão fazendo nesse hospital. — ele disse sério, porém em tom de brincadeira.
— Tudo bem, doutor. — falei, rindo, desconfiada.
— Está no seu controle. — o médico avisou a enfermeira e eu me ajeitei na maca. Acompanhei o médico com o olhar, e ao sair porta fora, imediatamente o quarto foi tomado. Shawn, North, Justin, Lucas, Jade, Kylie e Matthew estavam ali. Até a coordenadora do meu intercâmbio estava ali. Arregalei meus olhos ao vê-los e fiquei confusa quando todos começaram a falar juntos.
— Gente, calma! — pedi, rindo da situação. — Calma! — pedi novamente.
— Vocês precisam falar baixo, senão serei obrigada a tirar todos do quarto. — a enfermeira pediu e imediatamente o quarto se calou.
— Mila! Que bom que você melhorou! — North foi a primeira a vir até mim e dei um leve abraço na pequena, com dificuldade.
— Que susto que você deu na gente... — Jade disse, vindo em minha direção e pegando em minha mão.
— Eu sei, gente, eu sei... — falei, rindo fraco. — Mas agora estou ótima! — falei, encarando meus amigos.
— Com um braço quebrado, um joelho lesionado e toda machucada, realmente você nunca esteve melhor. — Matthew brincou e eu sorri fraco, olhando sem entender para Jade. O que ele estava fazendo ali?
— Você nem imagina... — Jade cochichou, dizendo que depois me explicaria.
— Mila... — Kylid veio até mim, também segurando em minha mão. — Estou muito feliz em te ver bem... E queria que você me desculpasse... — Kylie dizia, já começando a chorar. — Quando eu soube que você tinha sido atropelada, eu fiquei desesperada, ainda mais pelo fato de nós duas não estarmos nos falando e...
— Kylie! — a interrompi. — Tudo bem, calma... — falei, acalmando a menina, que sorriu aliviada.
— Desculpa interromper... — o médico havia voltado. — Eu preciso que todos se retirem agora... Até porque se souberem que eu botei tanta gente em um quarto assim, serei demitido. — o doutor falou, rindo. — Ela vai receber alta ainda hoje, então vocês podem fazer a bagunça que vocês estavam fazendo aqui, em casa. — ele disse e o quarto foi tomado por risadas.
— Me desculpe pelo bagunça, doutor... — Shawn proferiu suas primeiras palavras. Ele estava de longe, apenas observando tudo.
— A gente podia fazer algo amanhã para comemorar a alta da Mila, que tal? — foi a vez de Lucas falar e imediatamente todos concordaram. O médico pediu mais uma vez, e rapidamente todos se despediram, ficando somente Shawn, que estava como meu acompanhante, já que North havia ido embora com Justin.
— Sr. Mendes, ela vai precisar de alguns cuidados, tudo bem? — ele falava e Shawn escutava atentamente. — Esse remédio ela vai precisar tomar durante duas semanas, para amenizar a dor que ela provavelmente vai sentir por causa da pancada na cabeça... — eu apenas escutava silenciosamente — E esse aqui é só se ela sentir dor por causa das lesões. — ele continuava.
— Quanto tempo vou ter que ficar imobilizada, doutor? — perguntei, me referindo ao meu braço.
— Umas três semanas! — ele respondeu e eu me lembrei de que faltava pouco tempo para que meu intercâmbio acabasse.
— Tem problema, Shawn? — perguntei ao meu host dad, aflita.
— Claro que não, Mila. — ele respondeu prontamente, pegando as receitas com o médico. — Eu vou cuidar de você! — disse, olhando em meus olhos e eu o olhei, sem expressão alguma. O resto do dia passou rápido e finalmente eu estava arrumada para ir para casa. Fui levada até o carro de Shawn de cadeiras de rodas. Nós entramos no carro e rapidamente Shawn começou a fazer o caminho de casa.
— Tem certeza de que está se sentindo melhor? — Shawn perguntou e eu apenas balbuciei um uhum, olhando para janela. Tudo estava claro na minha mente. Eu lembrava exatamente o momento em que eu havia sido atropelada. Ao chegar em casa, estavam a minha espera Justin, Jade e North. O casal, que assim seja, tinha voltado para casa com a pequena enquanto eu e Shawn resolvíamos as coisas no hospital.
— Deixa que eu te ajudo... — Justin falava, pegando as bolsas que estavam com Shawn, enquanto ele me ajudava a andar.
— Eu quero muito tomar um banho, porque banho no hospital é a mesma coisa que nada. — falei, os fazendo rir e rapidamente eles me ajudaram a subir, deixando apenas Jade em meu quarto comigo.
— Ai, socorro! — falei, gargalhando, quando Jade tentou me ajudar a sentar na cama.
— Finalmente ficamos a sós. — ela falou, indo até a porta do quarto a fechando. Olhei apreensiva para minha amiga, que sentava bem a minha frente. — Mila, você não tem noção do que aconteceu naquele hospital. — ela falava, levando a mão até sua boca.
— Ué, então me conta. — disse nervosa e Jade riu.
— Não sei nem por onde começar...
— Pelo começo, Jade, anda! — interrompi a minha amiga, que riu do meu desespero.
— Ontem, o Shawn me ligou, dizendo que você tinha sido atropelada e eu fui correndo para o hospital com o Justin... — ela começava a me contar. — Amiga, nunca vi o Shawn naquele estado, meu Deus! — ela dizia rindo e eu olhei sem entender. — Ele estava desesperado, quase chorando, por pouco não invadiu o quarto antes de o médico liberar. — ela gargalhou, provavelmente imaginando o quanto Shawn seria zoado por isso. — Um tempo depois o Matthew chegou com a Kylie... Agora imagina o climão! — ela falou e eu levei minha mão até a boca.
— O Shawn e o Matthew... — disse, pensativa.
— A única coisa que eu sei é que uma hora o Matthew chamou o Shawn para conversar e eles saíram...
— Saíram? Como assim saíram? — a interrompi novamente.
— Não sei! Acho que eles foram lanchar, sei lá... Sei que ficaram umas meia hora juntos. — ela disse e eu abri a boca chocada. Mal podia acreditar neles dois juntos. Contei a Kim que fiquei muito surpresa ao ver Jeremy no hospital, já que, desde o acontecido, nós não nos falamos mais. — E quando o Lucas chegou, ele e o Shawn se cumprimentaram, você tem noção? — ela continuou, me contando toda a polêmica que meu acidente havia feito acontecer.
— MENTIRA! — falei, incrédula.
— Não conversaram nada, mas isso já é meio caminho andado, não é? — ela perguntou, duvidosa, e eu concordei de imediato. Eu mal podia acreditar que Shawn havia conversado com Matthew e depois cumprimentado Lucas. Eu estava literalmente boquiaberta com tudo isso. Jade ficou o resto do dia comigo, me ajudando em tudo, e prometeu que todo tempo livre ela viria para cá. Até porque não é em tudo que Shawn poderia me ajudar.

Au Pair • shawmila << adaptada >>Onde histórias criam vida. Descubra agora