Será o fim de tudo?

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REBECCA

Minha irmã estava super feliz. Dona Guida, a costureira, havia nos mostrado vários modelos de vestidos de noiva, que foi muito difícil para ela se decidir por um. Estávamos na estrada há alguns minutos e a Sara ria muito, fazendo planos e mais planos, já se sentindo rainha por antecipação. Até que aconteceu.

Estávamos em uma curva, quando um veículo vindo na direção oposta fez uma ultrapassagem proibida, diretamente em nossa direção. A Sara foi rápida em seus reflexos e passou para a outra faixa, mas o carro rodou na pista, naquele momento a gente clamou por Jesus, o carro saiu da pista e não me lembro de mais nada. Tive alguns lapsos de consciência que iam e voltava, mas a escuridão me tomou por completo.

Acordei num lugar diferente e notei que estava em um hospital. Aos poucos fui me lembrando do ocorrido. Minha cabeça doía muito. Minhas pernas formigavam e senti que faixas envolviam o meu abdome. Uma enfermeira entrou no quarto e logo quis saber da minha irmã. Ela me disse que ela estava bem, que eu tinha me machucado bem mais que ela. Perguntei qual era a gravidade da situação. Ela respondeu que eu havia sofrido a uma cirurgia no abdome, quis saber detalhes, mas ela resolveu chamar o médico para me examinar.

Aguardei e assim que ele chegou, fui direto ao assunto:

_ Afinal, qual é o meu estado?_perguntei enquanto ele me examinava e anotava algo numa prancheta.

_ Seu estado é melhor do que imaginávamos. Você reagiu muito bem. Agora é só aguardar que logo você poderá voltar pra casa._disse simpático.

_ O senhor não entendeu. A enfermeira me disse que fui operada. Quero saber todos os detalhes._fui insistente.

Ele pensou por alguns instantes.

_ Tudo bem. Primeiramente vou avisar a sua família que você já acordou.

_ Sim. Mas não quero ver ninguém antes de conversar com o senhor.

Ele saiu e eu fiquei imaginando o que poderia estar faltando em mim, as lesões que tive e as demais seqüelas. Após alguns minutos, ele retornou e começou a explicar-me tudo o que havia acontecido, o estado em que eu havia chegado, o que eles fizeram, tudo.

_ Sim, entendi. Acaso perderei alguma função?_fiquei preocupada.

_ De maneira alguma. Seu outro rim está perfeito e não impossibilitara suas funções, não fique preocupada, foque na sua recuperação.

_ E o resto? Todos os meus órgãos atingidos ficaram ilesos?_insisti.

Ele ficou em silencio por alguns instantes e disse:

__ Quanto a isso, os seus órgãos reprodutores ficaram muito machucados, o que te impedira de ter filhos posteriormente.

O quê? Eu não teria filhos? Eu não conseguia imaginar a minha vida sem filhos: era o meu maior sonho. E o Isaac? Ele também já havia dito que adorava crianças. Meu Deus! Eu aprenderia a conviver (apesar de muito sofrimento), mas e o meu Zac? Ele não merecia isso. Ele merecia uma mulher completa, que lhe desse filhos. Resolvi desprende-lo do compromisso que tinha comigo, para que não sofresse.

Sim, ele sofreria a inicio, mas ia evitar um sofrimento maior mais tarde para ambos, quando já estivéssemos casados e ele visse os filhos de seus amigos com tristeza, sem que ele tivesse condições de ser pai. Não, eu não poderia suportar vê-lo sofrer.

Enquanto aguardava meus pais entrarem, fiquei pensando que era o melhor a fazer.


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