Capítulo 1 (segunda parte)

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II

Nos dias que se seguiram não nos esbarramos mais, ele apenas dava sorrisinhos sarcásticos de longe, mas não falava nada com ninguém. Continuou tudo tal e qual, eu não dava espaço para as provocações dele e com a correria de fim de ano, Enem e tudo mais, acabei esquecendo aquela cena do dia do jogo.

Nos últimos dias de aula o pessoal organizou uma festa, todas as turmas no último ano estariam lá e eu fui todo animado, decidido a perder até o rumo de casa, meu lado festeiro estava bem atuante, eu até costumava beber, mas não o suficiente para fazer besteiras. 

Eu tava lá, acompanhado da Amanda e duas amigas dela quando chegou o Igor, com dois amigos dele. Em outras festas de colegas ele nunca aparecia, mas naquela eu tinha certeza que ele iria, talvez mais para aproveitar a última oportunidade de me aporrinhar do que para se divertir de fato. Aproveitei bem a noite, bebi, comi, conversei, até dancei, sempre mantendo um olho no meu antagonista, porque alguma coisa me dizia que ele ia aprontar, quando nossos olhos se cruzavam, ele dava um sorrisinho suspeito. Não foi surpresa nenhuma quando ele deixou os amigos de lado e veio até mim, eu já estava preparado para botar ele pra correr. Mas o que ele fez me pegou de surpresa: eu estava numa conversa ao pé do ouvido com uma menina que ele já tinha tido uns paranauês no passado quando ele chegou perto demais, tão perto que deu para sentir o cheiro de bebida da boca dele.

— Até parece que gosta de mulher — disse ele quase no meu ouvido, mas o suficiente para que a garota escutasse.

Ignorei e dei dois passos para o lado, saindo de perto, mas ele continuou.

— Vou tirar a camisa pra você babar, como daquela vez. Quer?

— Sai daqui, seu babaca.

E ele riu alto, me olhando e levantando a camiseta, mostrando parte da barriga, dançava completamente fora do ritmo da música. A menina que eu estava conversando se irritou com ele, eu ameacei de dar umas porradas, mas a galerinha de sempre me impediu. Eles sempre estavam por perto quando o Igor se aproximava de mim.

— Deixa ele — pediu a Amanda. — Ele já bebeu e tá o maior babaca, sem noção.

— Tá, eu deixo, mas se ele me procurar...

O Igor me interrompeu falando alto e rindo.

— Aí tu apanha mais uma vez.

Suspirei e voltei para a minha rodinha de amigos, nas meninas que estavam comigo, na que eu estava num papo mais íntimo, mas a imagem daquele idiota não me saía da cabeça. Por fim a garota saiu fora e, de longe, eu só via o Igor me olhando com cara de deboche. Aquilo foi me dando um ódio...

O tempo foi passando, eu fui bebendo e bebendo, as amigas foram se arranjando com seus crushs, ou outras opções que apareceram na hora e eu fui ficando de escanteio. Lá pelas tantas da noite, depois de estar bem alcoolizado, eu resolvi ir embora sozinho, conformado com a vergonha de não ter pegado ninguém, afinal o zé ruela do Igor me atrapalhou. Na saída eu o vi com uma garota, não estavam fazendo nada, apenas conversando, pelo visto. Ele sorriu para mim e eu entendi como mais uma provocação, já tinha me distanciado para sair do local, mas tive um ataque de raiva repentina, voltei, fui até ele e dei um empurrão, pegando-o de surpresa. Ele quase caiu no chão, mas como era mais esperto e mais forte do que eu, ele pegou um copo de vinho e jogou em mim, me sujando todo. Parti pra cima dele na hora e a galera começou a gritar.

Meu Mais ou Menos Inimigo (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora