Capítulo 6 "Me esconder".

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O sol batendo na janela iluminando todo o quarto, a cortina semiaberta entrando o ar fresco da manhã. Dormira como se há anos não havia dormido, sentia seu corpo e mente cansada. Eram 9 da manhã. Pediu o café da manhã para alguém da recepção e foi tomar um banho. Os dias estavam confusos e estranhos, precisava parar a mente uns instantes que fossem e fazer de conta que estava tudo normal, mas não estava... deixa a água morna cair sobre seu corpo, deixando fluir e levar embora toda a energia negativa que pairava em sua vida, toda a confusão. Pensava em Daniel, nas mãos, nos braços e nos lábios dele. Lembrara do seu corpo nu e constantemente bronzeado como na última vez que o viu, estava magnifico naquele terno bem alinhado com seus olhos sempre penetrantes. E rodeado de mulheres, isso a deixava sempre irritada sempre que se lembrava. Daniel é lindo, isso era inegável, e dividi-lo com o mundo era espantoso, ela se sentia egoísta, mas sabia que estava apaixonada, envolvida, necessitada dele, e agora, ele estava desaparecido e tudo parecia desmoronar. A possibilidade de ele estar morto a matava pouco a pouco, ela tentava afastar esses pensamentos a todo custo, não queria cogitar essa hipótese, mas tinha que ser realista. Ele estava desaparecido, sem notícia e sem vestígios de seu paradeiro, era angustiante, desesperador. Precisava ter esperanças. Precisava acreditar que ele ainda estava vivo e bem, mesmo que tudo indique o contrário. Ela ouve seu celular tocar, mas decide não atender, queria ficar ali quietinha por alguns minutos com suas esperanças.

Três chamadas perdidas, todos com um mesmo número. No tempo que ficou no banho parecia que se passaram algumas horas, deixou o celular tocar e o serviço de quarto deixara o café da manhã disponível na porta. Tentou retornar a ligação, mas não completava a chamada. "Melhor eu tomar café e depois vejo isso." Decidiu. Vestiu o roupão e levara o café para a cama, ajeitando os cabelos ainda molhados jogando-os para trás e se sentou, ligando a enorme TV enquanto prepara uma xícara de chá. Logo encontra um canal de notícias, falava do desparecimento de Daniel, sentiu uma pontada e um nó na garganta. Se encosta na cama e ouve atentamente a repórter tomando goles lentos do chá. Parecia surreal tudo aquilo. O celular toca outra vez mas não dá tempo de atender. Chega uma mensagem de texto. "Não saia de onde está!" Seus olhos pareciam duas chamas, seus pensamentos se reviraram. Quem mandou essa mensagem? Tentou ligar para o número, e nada, não completa a ligação. Se perguntava se podia contar ao detetive, ou esperava mais um pouco para ver se algo mais acontecia. Passou a olhar o visor do telefone a todo instante. Por que ela não podia sair? Foi perseguida no dia anterior e agora pediam que ela não saísse do hotel. Alguém mais sabia que onde ela estava. Seria o assassino? De repente sentiu um pânico, um desespero. Vestiu uma camiseta regata que ela pouco usava e uma calça jeans, causou seu tênis de corrida, que foi o que encontrou na correria. Amarrou seus cabelos num rabo de cavalo. Ela não podia continuar ali, estava sendo observada. Tentou abrir a cortina discretamente para olhar lá fora. Não havia nenhum carro escuro parado na frente do hotel, nada suspeito, talvez fosse o momento certo de sair sem ser percebida e ir para um lugar seguro. Sentia uma adrenalina estranha e ao mesmo tempo uma corrida contra o que ela desconhecia. Tentou ligar para o detetive mas caiu na caixa postal, deixou um mensagem de voz na secretária contato que alguém desconhecido havia entrado em contato com ela e que estaria indo para outro lugar seguro. De repente ela não achou uma boa ideia contar pra ele mas já estava feito.

Abriu a porta bem devagar, olhou para o corredor, para os dois lados. Não havia ninguém. Decidiu descer pelas escadas, a saída de emergência que se encontrava no fim do corredor. Estava trêmula, ela não sabia muito o que estava fazendo, apenas que não podia ficar ali. O saguão estava vazio, apenas os funcionários passando de um lado para o outro, entretidos em seus afazeres. Observou a entrada e não via ninguém, nada que fosse suspeito. Atravessou o enorme saguão e foi até a recepcionista, deixando a chave enquanto ela sorria educadamente. Vestiu seu casaco colocando o capuz, assim passava despercebida entre as pessoas.

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