O sol que bate na janela afeta a vista de Helena, que desperta com um ruído vindo do outro lado da porta de madeira surrada, dando para ver as sombras dos passos que ali passam, indo e vindo, com vozes abafadas e confusas. Ela não consegue se sentar, nota que suas mãos e os pés estão amarrados e há uma fita adesiva em sua boca, a impedindo de pedir socorro ou mesmo tentar se salvar. Helena procura por Daniel, que não está ali. O quarto é pequeno e sujo, há uma cama em mau estado e ainda um balde, que ela desconfia que seja para usar como privada ou algo parecido. Seu corpo está todo dolorido, tenta se mexer para ficar mais confortável e só consegue se deitar de lado, e sua cabeça dói, dói muito.
Alguém entra no quarto com passos quebrantes no chão de madeira empoeirada, vestido de uma máscara de tecido fino, deixando sua silhueta visível mas não tão definidas, ele tem barba, uma barba mal feita e desamparada, e em seu braço esquerdo, uma tatuagem do que parecia ser um dragão. Ele se aproxima e oferece um copo de água, tirando a fita adesiva.
— Não grite, entendeu? — Ele ordena.
Helena concorda com um aceno com a cabeça e bebe a água, em silêncio, depois, o homem volta a colocar a fita adesiva em sua boca, saindo logo em seguida. Não havia muito o que fazer naquele momento e Helena tenta não se desesperar, está mais preocupada com Daniel do que com sua própria segurança. Ela tenta ouvir algo, há alguns sussurros por detrás da porta, com vozes e passos apressados, que ora cessam e parece que alguém fala ao telefone. Então ela não está tão longe da cidade, o que lhe dá esperança. Helena não faz ideia de quanto tempo estava ali, sequer do tempo, o horário. Apenas notava a mudança da direção do sol, até o seu finde, caindo no outro lado do planeta deixando suas luzes mais alaranjadas. Só então, alguém invade o quarto e começa a arrasta-la, levando-a até um carro esporte com mais dois homens também usando máscaras de tecidos finos, mas estes, não tem barbas.
Vozes alteradas, algo como mudança de planos e abortar missão. Algo deu errado e parecem estar desesperados, e ela temia que a matassem e a jogassem em qualquer lugar, podendo nunca ser encontrada. Tenta observar tudo o que há pelo caminho na estrada de terra através da janela semi aberta. Parece haver uma plantação por todo caminho, como milheiro. O carro corre e eles estão sempre olhando nos retrovisores, falando palavões e pedindo que o motorista dirija mais rápido. Do que estão correndo? O que havia dado errado? Por que Daniel não estava com ela? Algo em seu íntimo sugeria que Daniel pudesse já estar morto e ela estaria servindo de escudo para fugirem. "Meu Daniel!!!"
Já meio da noite quando o carro resolve parar em algum lugar no meio do nada, todos estão cansados e estressados. O homem do banco de passageiro da frente parece estar impaciente, batendo sua cabeça várias vezes com as mãos.
— O que faremos? — Pergunta o motorista, parando o carro.
— Precisamos chegar até o "Keluttes", lá saberemos o que fazer. Eles me devem um favor —Responde o homem do banco de passageiro da frente, o líder. Seria o irmão de Daniel?
— E ela?
— Ela é nossa garantia. Eu resolvo isso!
Os dois homens do banco de trás a olham, e um terror sobe pela sua espinha. Ela estava certa, estava sendo usada como escudo e logo poderia ser descartada. O carro segue na direção da estrada asfaltada, segundo o o vento e incerteza, os homens ficam em silêncio, cada com suas indagações. E a palavra Keluttes não saía de sua mente. Era uma máfia? Alguma legião de outros criminosos?
Três horas mais tarde o carro pega uma nova estrada até chegar em uma estradinha mais estreita, e chegam até um portão alto com trepadeiras por todos os lados. O homem do banco da frente de passageiro vai até o portão apertando algo e falando alguma coisa, e logo se abre a entrada e ele volta para o carro, continuando o percurso. O caminho é todo tomado de árvores e alguns galhos secos caídos, sendo quebrados em seus estalares. Alguém os recebe, um homem corpulento, cabelos grisalhos e com a fisionomia cansada e preocupada, ele abraça depois um aperto de mão o homem que estava no banco da frente de passageiro, e depois todos saem do carro a arrastando até o homem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu milionário
RomanceApós terminar uma relação cheia de instabilidades, Helena se sobressai com novas mudanças na sua vida, e no meio de tudo, conhece o "Sr. Sério Demais". Será que essa nova paixão vai ser pra valer? Assassinatos, romance, mistérios e ação são os...