Com burburinho de vozes baixas vindos do jardim, e uma leve melodia suave que alguém cantava em meio ao vozeiro. O dia estava nublado, indicando que iria esfriar ainda mais. Helena se levanta da cama, percebe que dormira demais quando olha para o relógio no criado mudo, marcava mais de 9 horas da manhã. Veste o roupão e vai para o banheiro. Ela se olha no espelho e vê seu reflexo, sentia que envelhecera nos últimos dias. Ela lava o rosto e enxuga numa toalha branca reservada que encontra no canto na pia.
- Bom dia, Helena – Cumprimenta Rosie assim que ela entra na cozinha.- Dormiu bem, querida?
Helena não tinha o hábito de conversar logo pela manhã. Ela tinha necessidade de acordar bem antes de dizer as primeiras palavras, e isso piorou quando ela foi morar sozinha.
- Bom dia, Rosie.
Sra. Rosie apronta a mesa, colocando todo o café da manhã e despeja em uma xícara chá bem fumegante. Uma variedade de biscoitos, pãezinhos frescos lhe foram apresentado, abrindo seu apetite. A Sra. Rosie volta para as suas tarefas domésticas, cantarolando. Parecia feliz, diferente da melancolia do dia anterior. Algo a deixou nesse estado, talvez uma notícia boa, ou estar esperançosa de que tudo iria terminar bem, quem sabe. Ela sorria, cumprimentava com os olhos cheio de afetos, guardando uma coisa aqui e ali. Era bom vê-la assim, contagiante.
- Está contente, Rosie – Helena acompanha os passos da governanta enquanto ela sorri.
- Sim, hoje acordei mais leve. Deus há de preparar coisas boas pra gente.
As palavras soaram esperançosas, confiantes. E Helena começou a ter um misto de sentimentos, de esperança, de vontade de fazer algo bom acontecer, mudar toda a situação, e de repente se lembra, não dependia dela. Mas a alegria da Sra. Rosie era de fato contagiante.
Depois de um café da manhã completo e satisfeito, como não comia desde que tudo aconteceu, e vislumbrar a manhã alegre com Sra. Rosie cantando, e o jardineiro limpando e aparando a grama, Helena leva todo aquele entusiasmo para o banho matinal. Mas se sente culpada por estar alegre enquanto Daniel estava desaparecido e sabe-se lá Deus em qual estado. Quando tudo aquilo acabasse, ela nem sabia se Daniel se interessaria em ter um relacionamento com ela, que para sua surpresa, ela pensava nisso, mas de antemão, ele precisa apenas estar a salvo, era o mais importante no momento. Sua alegria se desanuvia assim que lembra da carta e de falar com o detetive sobre ela.
Ao sair do banho percebe seu celular tocando mas cessa a ligação assim que alcança o aparelho. O número não é mesmo novamente, e quando retorna não completa a ligação. Começa a questionar se é a mesma pessoa que sempre liga, e que esta, poderia estar usando linha pré paga, descartando- a para não ser rastreada, e isso a deixou ainda mais aturdida. Em seguida disca o número do detetive mas é interrompida quando chega uma mensagem de texto.
"Não confie em ninguém e continue onde está"
Logo depois, mais uma mensagem.
"Mantenha seu celular sempre ligado."
Que diabo era aquilo? Será que seu celular estava sendo rastreado, ou era apenas uma coincidência? Sabiam onde ela estava, parecia que isso estava claro. Teria algum cúmplice entre os empregados de Daniel? Sra. Rosie estava alegre... Será? Precisava saber o que estava acontecendo, e não se decidia se ligava para o detetive ou não. Decidiu dar uma saída.
Atravessando a rua após sair da casa de Daniel, Helena avista um orelhão próximo a uma esquina de uma padaria anexada a um bistrô elegante. Olhando para todos os lados e procurando por olhares suspeitos, e se estava sendo seguida, ela se aproxima do orelhão com o número do detetive escrito na palma da mão, deixando o celular na casa, com medo de estar sendo rastreada, ela disca e logo uma voz a atende:
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Meu milionário
RomanceApós terminar uma relação cheia de instabilidades, Helena se sobressai com novas mudanças na sua vida, e no meio de tudo, conhece o "Sr. Sério Demais". Será que essa nova paixão vai ser pra valer? Assassinatos, romance, mistérios e ação são os...