Capítulo 10 "Surpresas"

59 4 0
                                    


  Há um tempo que Helena não tinha uma noite de sono tão tranquilizador, nunca imaginara que um hospital a faria descansar como daquela forma, em meio a tantos caos. Ela se sentia renovada. 

  Ao lado, o detetive Alex dorme em uma poltrona com estofado verde já tão desgastado. Ele segura a cabeça com uma mão e outra fica caída, e passara a noite toda no quarto. Ela tenta acordá-lo, um pouco embaraçada com a situação, mas uma enfermeira entra com uma bandeja de remédios, anunciando que o médico logo irá vê-la, e já pede que Helena se sente na cama para aplicar as medicações, pegando no seu pulso, verificando o "picc" e fazendo os exames preliminares para checagem atualizada do seu quadro daquela manhã. Helena a obedece, um tanto ansiosa pela sua alta, estava preocupada com os compromissos da empresa, que continuava em passos lentos sem a presença do próprio CEO, sem notícias, e ela prometera que todo o trabalho realizado não seria perdido, que deixaria a empresa erguida, apesar de não ter poder de grandes decisões. Soubera que realizaram algumas reuniões  internas entre os diretores de alto escalão e não a chamaram, e ela decidiu marcar uma outra reunião com alguns deles para decidir os próximos passos da próxima tiragem da revista na próxima edição, já com as mudanças anexas desde o novo lançamento.

  — Como se sente nesta manhã? — Perguntou a enfermeira.

  — Ando ouvindo muito essa pergunta, mas estou melhor, estou bem. Receberei alta hoje?

  — Não sei dizer, isso é só com o médico, querida.  Vou avisá-lo que você já acordou. 

  — Obrigada. 

  Assim que a enfermeira sai fechando a porta, o detetive Alex desperta do seu sono profundo. Seu rosto cora quando percebe que Helena está acordada e olhando para ele. Se levanta do sofá, envergonhado, e se aproxima dela  com se procurasse justificar algo, mas parece ter desistido.

  — Bom dia, Alex...

  — Bom dia. Dormiu bem?

  — Sim, muito bem até.  Não me lembro de ter dormindo tão bem assim já faz algum tempo.

  — E a sua cabeça?

  — Dói um pouco. 

  — Você teve sorte de não ter raspado a cabeça para dar pontos. Foi um corte pequeno. 

  — Ainda assim, terei que usar algo na cabeça, não poderei lavar os cabelos ou penteá-los, não sei como farei. 

  — Calma, você terá uns dias em casa para se recuperar, e até lá, já estará fazendo tudo isso.

  — Eu não posso... ficar em casa. Preciso trabalhar, Alex.  A empresa está um caos, uma bagunça...

  — Eu sei, Helena, mas você precisa descansar. Está em constante estresses, você desmaiou sob fortes emoções, está segurando o mundo com as mãos!

  Ela tenta argumentar, mas não encontra as palavras certas, não consegue justificar suas escolhas apesar de serem tão nítidas para o detetive Alex. Ela não podia deixar a empresa a mercê da mídia, que aos poucos a deixaram em paz após tantas especulações fantasiosas. Precisava cuidar do que havia conquistado e, mais ainda, da sua mente, manter-se ocupada para não enlouquecer-se de vez. 

  — Você quer alguma coisa? Irei na cantina tomar um café, e depois passarei em casa pra trocar de roupa. Mas irei depois de falar com o médico. —  Disse Alex.

  — Só quero ir pra casa... Se tiver um hambúrger, me traga, estou faminta! 

  Ele sorri.

Meu milionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora