Helena passara o resto do dia preocupada com Marisa no meio da nevasca, que deu início à tarde. Os ventos que começaram leve e traziam a neve ainda mais densa e branca, que cobriam não só os caminhos do campo, mas o ar, deixando toda a vista lá fora esbranquiçada, tornando impossível uma caminhada sem sentir tanto frio, mesmo com várias vestimentas e luvas reforçadas para o inverno. A nevasca era uma fenômenos isolado para àquela época do ano e os meteorologistas se mostravam preocupados com a intensidade dela, preocupando ainda mais Helena e os caseiros, que não sabiam se Marisa estava fora da estrada e se chegara bem na cidade. Não conseguiram contato com ela, nem mesmo com o mundo exterior, até a linha telefônica havia parado de funcionar, e o pouco sinal nos celulares eram agora, inexistentes, o que os deixavam ainda mais isolados naquele campo, e naquele momento tão inseguro e inesperado.
— Preparei uma sopa, está tão frio! — dizia Claire, chamando Helena para o jantar.
Como sempre, o cheiro estava maravilhoso atiçando o apetite de Helena que antes não sentia fome, e seguramente pretendia dormir sem jantar por estar preocupada, o seu estômago não estava "feliz" para se alimentar, mas ao sentir o cheiro da sopa de vegetais com carne bovina parecia que havia apertado o botão automático para o seu apetite acordar. O Sr. Lincon, que sempre era caso, estava agitado, reclamara do frio enquanto fechava a porta dos fundos da cozinha esfregando suas duas mãos e tentando esquentar seu nariz avermelhado, ele se senta na cadeira e sua esposa lhe serve um prato generoso da sopa.
O jantar foi basicamente calado, se ouvia mais as sugadas nas colheres e os sopros para esfriarem a sopa antes de devora-la, cada qual com seu pensamento e preocupação. Dava para ouvir o vento ranger as portas e janelas, pareciam vários assobios.
— Meu bem, deixe as velas preparadas. Se a energia elétrica der pausa, preciso acionar o gerador lá fora. — Pediu o Sr. Lincon.
— Vou buscar já.
A Sra. Claire nunca retrucava o marido, sempre cedia a tudo o que ele pedia com um sorriso no rosto ou com aprovação. O companheirismo dos dois era invejável. Ela se levanta e vai a sala de despensas e volta com algumas velas na mão. O Sr. Lincon continua o seu jantar enquanto sua esposa prepara os castiçais.
— Tome, minha querida, leve esse para o seu quarto. Se a luz nos faltar você terá esse castiçal para iluminar o caminho . — Ela entrega à Helena o castiçal dourado com detalhes de cristal. — Não sei se vamos conseguir manter o gerador com esse tempo.
— E o aquecedor? — Helena pergunta.
— Eu te aconselho a dormir na sala com a lareira acesa. — Sugeriu Sr. Lincon, ainda se deliciando de colheradas da sopa, mas atento á conversa.
— E vocês?
— Na nossa casinha tem lareira também, pequena, mas tem, é aconchegante. Não se preocupe conosco, menina.
— Mas e se... eu precisar de vocês?
— Só nos chamar pelo sino que tem na entrada dessa porta dos fundos, nós a ouviremos de imediato. Vocês quer que fiquemos com você aqui?
— Não sei, acho que estou com medo de ficar sozinha aqui, Claire. Não fico sozinha em uma casa desde que toda essa loucura começou.
— Eu compreendo, minha querida. O que acha de deixarmos um dos cães aqui?
— Um cachorro? Ele não morde?
— Não. Todos eles só se agitam com presença desconhecida, podemos deixar o Stanley, é um cão de guarda e já a conhece.
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Meu milionário
RomanceApós terminar uma relação cheia de instabilidades, Helena se sobressai com novas mudanças na sua vida, e no meio de tudo, conhece o "Sr. Sério Demais". Será que essa nova paixão vai ser pra valer? Assassinatos, romance, mistérios e ação são os...