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Anna C. Evan, 13/02/2018. Praia de Aparecida, Santo - SP

     Hoje foi nosso último dia na praia e amanhã cedo iremos partir para a vida com os poluentes atmosféricos da cidade grande que nem é tão grande assim.

     Daqui três dias as meninas e minha avó estarão indo para suas respectivas casas e eu voltarei a dormir só naquele quarto grande demais.

     Fomos pra praia de manhã e acabamos por ficar um pouco vermelhas/queimadas demais, e para fechar o dia ainda fomos a uma praia ainda mais longe, onde as ondas pareciam querer nos engolir. A Alex não pretendia soltar minha mão nem que a pagassem, já que depois daquele mortal pra trás ela ficou um tanto quanto traumatizada.

    O que nos deixou um pouco triste no final do dia, depois de termos comido o frango em tiras (feito pela minha mãe) com purê de batata (feito por mim e por minhas primas), foi a notícia de que o campo onde passamos boa parte de nossa infância, geralmente quando eu viajava para Belém nas férias, foi invadido e loteado para pessoas que (nas palavras da minha prima) não precisam, que são escrotas e que oprimem, que dão medo. E isso me faz pensar em como as coisas mudam. Nos quatro anos desde a última vez em que viajei para lá eu não pensei em como as coisas mudaram. Para mim quando eu voltasse lá meu priminho de quatro anos ainda teria quatro anos, mas agora ele já está para completar seus nove aninhos, daqui alguns meses.

     E novamente, em questão de minutos, eu consigo ferrar as coisas me sentindo inútil e descartável. Sempre 100% descartável. Dizem pra mim que o que sinto é falta de auto-estima e insegurança, mas tenho certeza de que tudo que penso e sinto tem algum micro fundamento.

     Me sinto egoísta e nojenta por ter inveja. Por ter inveja delas por elas terem uma a outra. Por sentir que elas estão bem sem mim. Por sentir que sem elas eu sou só mais uma pessoa que não tem coragem de se vestir como quer. Por sentir que por elas conhecerem a Angela (uma de nossas primas de 3º grau que elas dizem ser realmente incrível) elas não precisam mais de mim. Por pensar que com todas as nossas outras primas (consaguineas ou não) eu apenas existo nas vidas delas por minha mãe ser irmã do pai e da mãe delas.

     Eu sei que isso não faz sentido nenhum e espero parar de pensar nisso tanto quanto eu já penso.

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