twenty one

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Anna C. Evans, 28/03/2018. Distrito de Itaim Bibi, São Paulo, SP.

   Dezenove dias sem escrever uma palavra.

   Em dezenove dias eu pensei em voltar a escrever por diversas razões, sendo uma dessas a certeza de que irei reprovar a primeira etapa.

  Penso em todas as provas que fiz até agora e em todas as notas baixíssimas. Penso em como minha mãe vai se sentir decepcionada. Em como meu pai vai pensar que eu não estou me esforçando o suficiente. Penso em como o Pedro gasta seu tempo me ajudando a estudar, mesmo que eu seja incapaz de aprender qualquer coisa.

   O Paulo é uma outra razão para eu querer escrever.

   Ele é um novato no Colégio como eu, a diferença é que ele é extremamente inteligente. Ele é um tanto ansioso e raivoso, mas ele realmente se importa comigo, e isso me faz sentir péssima por não poder corresponder as expectativas dele nem de ninguém.

   Eu estou me esforçando ao máximo para tentar corresponder a isso. Tentar de algum jeito me satisfazer academicamente.

   Existe também o Thomas, o menino da tarde que me faz esquecer meus problemas quando ficamos abraçados enquanto esperamos que a aula dele comece.

   Ele gosta de conversar sobre filmes e sobre como deveríamos fugir por aí. Me faz esquecer o sorriso e os olhos adoráveis do menino bonito da minha sala. Não por ser lindo (coisa que, sim, ele é), mas por me fazer sentir bem enquanto conversamos sobre monstros que dropam atrás de nós quando estamos de frente para o espelho.

   Eu seria horrível se me esquecesse da Thaís, uma menina da tarde que conheci a quase dois meses numa prova de sábado.

   Ela é tão retardada quanto eu, e eu já a considero uma das minhas melhores amigas. Ela também é conhecida como “A pessoa pra ligar em crises existenciais”, e ela foi responsável por me apresentar a boa parte dos amigos e colegas que tenho naquele colégio.

   Existem muitas pessoas que eu conheço a pouco tempo, porém considero muito, mas é uma lista um tanto comprida demais.

   Só espero que eles saibam que eu os amo.

×

   Ontem eu tirei 9,7 no teste de Química.

   No primeiro teste eu havia zerado a prova por motivos de “Eu sou uma inútil e não sirvo pra descobrir molaridade”.

   Foi inacreditável quando puder ler a caneta vermelha do meu professor de química deslizando pelo papel e formando um “9,7” com os números tão bonitos quanto a própria caligrafia dele. O Pedro pareceu tão feliz quanto eu, se não até mais. 

   O teste de ontem teve a nota que teve por motivos de “Eu ainda não sei descobrir molaridade, mas eu sirvo muito pra estudar gráfico de pressão por temperatura”.

   De qualquer forma... EU TIREI 9,7!

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