Capítulo 9

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DRAKE NÃO ERA BOBO, MUITO MENOS sentia qualquer remorso por apressar Evangeline a sair da Impulse e entrar em seu carro antes que tivesse tempo de questionar seu consentimento hesitante. Também deu ao motorista uma ordem clara para levá-los ao seu prédio sem demora, ordem essa que Brady cumpriu de imediato e, para imensa satisfação de Drake, o carro encostou em tempo recorde em frente ao arranha-céu que, na cobertura, abrigava seu apartamento. Evangeline estava sentada ao lado dele, imóvel e calada, aparentemente congelada. Tinha os olhos arregalados, quase como se estivesse lutando para digerir aquilo tudo. Ou talvez estivesse apenas começando a entender a dimensão de sua decisão. Não que Drake tivesse lhe dado alguma opção. Aquela proposta praticamente não tinha sido formulada como tal. Mas, de novo, ele não era tão bem-sucedido nos negócios – e na vida pessoal – por hesitar cada vez que uma oportunidade aparecia. Quando – e não se – Evangeline recuperasse o juízo, ele queria que ela estivesse em seu território. Onde ela não pudesse fugir . Não havia
como escapar . Ele com certeza não investiria tanto de sua persuasão se estivesse perseguindo no vácuo, que era justamente onde ela o teria deixado se ele não tivesse tirado vantagem de seu choque e da sua momentânea perda de bom senso. Se isso fazia dele um canalha... Bem, com certeza já havia sido chamado de canalha antes – e, na real, era mesmo um – talvez até pior que isso. No fim das contas, o que importava era conseguir o que queria. Evangeline. Angel. Anjo. Seu anjo. Em seu apartamento. Na sua cama. Sob sua mão forte, sob sua proteção. Por quanto tempo ele desejasse. Pela primeira vez, ele não tinha investido um tempo limitado em uma ficada. Merda, nem estava considerando aquilo algo tão casual. Era o fim de seus casos de uma noite só ou mesmo de um fim de semana, quando ele ficava com a mesma mulher para saciar seus desejos até a segunda de manhã, antes do trabalho, em seus raros sábados e domingos livres. Tudo que sabia era que ela estava lá. Com ele. Prestes a entrar em sua casa. Um lugar ao qual ele nunca levara uma mulher – qualquer mulher – e ele não tinha a menor intenção de deixá-la ir embora em breve. Ele franziu o cenho, sem saber como lidar essa constatação em particular . No momento, preferiu mandá-la para longe sem pestanejar, e guardá-la em algum lugar da mente ao qual pudesse voltar mais tarde. Bem mais tarde. Depois que cuidasse de Evangeline e que a relação dos dois estivesse mais estabelecida. Abriu a porta do carro e pegou a mão de Evangeline, sabendo que ela não conseguiria abrir a outra porta e fugir pela rua. Ela não demonstrou resistência quando Drake saiu e, com cuidado, a puxou. Assim que ela desceu do carro, ele pôs o braço ao redor de sua cintura, e rapidamente a conduziu para a entrada e para o saguão, onde as portas do elevador já haviam sido abertas pelo porteiro da noite. O porteiro estendeu gentilmente o braço em direção ao interior do elevador e murmurou um respeitoso: — Boa noite, Sr . Donovan.

Mas Drake percebeu um discreto levantar de sobrancelha no rosto dele ao reparar em Evangeline encostada em seu corpo. Drake inseriu o cartão que dava acesso a seu apartamento e lançou um olhar frio que fez o porteiro recuar . Estava consciente da surpresa do porteiro, dado que Drake nunca tinha levado mulheres para casa, mas achou que ele deveria ter sido mais cuidadoso e evitado transmitir suas impressões pela linguagem corporal. Quando o elevador começou a subida, Evangeline precisou se apoiar de leve em Drake. Em silêncio, ele xingou aqueles malditos saltos que tinha sido obrigado a calçar de volta nos pés inchados dela. E, em seguida, simplesmente se abaixou e, com os dedos em torno de um dos delicados tornozelos de Evangeline – ignorando o gemido de surpresa – levantou primeiro um dos pés dela e depois o outro para remover os sapatos. Evangeline precisou se segurar no braço dele para não perder o equilíbrio. Quando ela tentou pegar os saltos de volta, ele os enfiou debaixo de um braço e usou o outro para segurar na cintura de Evangeline, pegando com firmeza as costas dela. — Você não vai mais usar esses sapatos para trabalhar — ele disse, sem rodeios. — Aliás, não vai trabalhar . As únicas ocasiões em que usará saltos é quando sair comigo ou se eu quiser foder você enquanto estiver usando-os. Evangeline se enrijeceu e seus olhos brilharam quando inclinou a cabeça para cima e seus olhares se encontraram. Ela abriu a boca, mas o elevador parou, as portas se abriram de imediato e Drake se aproveitou para puxá-la para o saguão. Tinham dado apenas alguns passos quando Evangeline parou de repente. Ele olhou para baixo, preparando-se para o inevitável protesto, ela tinha recobrado o juízo, ou talvez tivesse finalmente descoberto o que queria dizer agora que não estava mais tão perplexa. Mas Evangeline apenas olhava com os olhos arregalados, não para ele. Ela não lhe dava a mínima atenção. Seu olhar varria o enorme e espaçoso apartamento de conceito aberto, uma expressão aturdida em seu rosto. Então ela enfim levantou
o olhar para encontrar o dele, completamente perplexa e deslumbrada. — Este é o seu apartamento? — Ela mal conseguiu sussurrar . — Não imaginava que construíam apartamentos tão grandes em Nova York. Ele quis dar um soco na própria cabeça. Sua vontade de levá-la ao seu apartamento o mais rápido possível era porque não queria deixá-la espantada demais. Mas conhecer e estar ali era o empurrão que faltava para fazê-la despencar ladeira abaixo. Sem saber o que fazer ou dizer naquele momento, ele começou a trazê-la ao abrigo de seus braços para dar-lhe conforto, mas, assim que as pontas de seus dedos roçaram os braços dela, o interfone tocou. Evangeline deu um pulo e se virou como se esperasse que alguém estivesse atrás dela. Drake, porém, estava puto. Ele caminhou poucos passos até a parede onde ficava o aparelho e bateu o polegar sobre o botão. — O quê? — rosnou. Após uma breve hesitação, a voz de Thane invadiu o cômodo. — Er ..., Drake? Acho que você vai querer vir aqui. Temos uma situação. — Que situação? — perguntou Drake num tom frio. — Deixei ordens bem claras a todos os meus homens para não me perturbarem em nenhuma circunstância. Thane suspirou alto. — Uma mulher apareceu no clube logo depois que você saiu e exigiu te ver . Disse que se eu não fizesse você aparecer imediatamente ela chamaria a polícia. E eu a trouxe aqui para que qualquer que seja a merda que ela tem para resolver seja resolvida e a gente não acabe incorrendo em problemas desnecessários. Houve outra pausa breve enquanto Drake pensava em cada palavrão que conhecia. E depois disse alguns. — E, Drake, acho que é uma boa ideia trazer Evangeline com você. Antes que ele pudesse responder àquele absurdo, um grito ressoou pelo interfone e o fez estremecer .

   Submissa      (Série The Enforcers #1)  Onde histórias criam vida. Descubra agora