Capítulo 2

359 39 1
                                    

DRAKE DONOVAN ENCOSTOU EM FRENTE AO estacionamento de funcionários atrás da Impulse e, com agilidade, digitou o código de segurança no console de seu carro, esperando, com impaciência, o portão abrir para que ele pudesse entrar. Normalmente, seu motorista o
levava, mas, quando ia à boate, Drake preferia ir dirigindo para poder sair a hora que quisesse, sem precisar esperar.
Parou na vaga em que estava escrito RESERVADO, a mais
próxima da entrada. Havia outras vagas reservadas na mesma fileira,todas para os sócios, mas Drake preferiu não marcá-las – nem com seu
nome nem com o deles – por não querer anunciar para todo mundo qual vaga era de quem.
Pegou sua pasta e saiu do carro, dirigindo-se com passos
acelerados até a entrada dos fundos, onde mais uma vez teria de digitar o código de segurança para conseguir entrar. Quando estava a apenas alguns passos de lá, porém, uma mulher subitamente se jogou na
frente dele, forçando-o a recuar para não trombarem – o que claramente não seria um problema para ela.
Ele deu uma escaneada rápida na mulher e xingou mentalmente
Ela usava roupas curtíssimas, muita maquiagem e um penteado
elaborado: havia um convite quente e sensual naqueles olhos cor de
mel – apesar de que era difícil enxergar a cor deles embaixo de todo o
make esfumado que ia das sobrancelhas aos cílios.
— Senhor Donovan — ela disse num gritinho, esticando-se para
colocar a mão no braço de Drake. Ele se afastou, com o olhar glacial.
— Você está invadindo uma propriedade privada. Ou não reparou
nos avisos e no fato de que a única forma de entrar nesse
estacionamento é por uma portaria de segurança?
Os lábios carregados de batom fizeram um biquinho, mas um
convite muito claro ainda ardia nos olhos dela.
— Achei que você ia gostar de ter companhia esta noite — ela
disse, ofegante. — Posso ser muito acolhedora.
O olhar da mulher entregava que, se ele a mandasse ficar de
joelhos ali mesmo, no concreto do pavimento, e chupá-lo, ela aceitaria
sem hesitar e em tempo recorde. Porra. A única forma de ela ter
conseguido entrar ali era escalando as grades altas que cercavam o
terreno. Ou... alguém a tinha deixado passar. Se fosse esse o caso,
cabeças iriam rolar e alguém seria demitido. Assim que chegasse lá em
cima, assistiria às filmagens das câmeras de vigilância para determinar
exatamente como ela tinha furado o esquema de segurança.
Drake se orgulhava de ter uma segurança impenetrável. Se tivesse
mesmo escalado a grade, a mulher com certeza teria sido flagrada e
convidada a se retirar do local antes que ele chegasse.
— Infelizmente para você, não estou muito acolhedor esta noite
— ele disse, em um tom gélido. Enfiou no ouvido o fone que o
conectava a todas as atividades dentro da boate, um link direto com os
empregados, e deu uma ordem rápida. — Preciso de segurança no
estacionamento. Agora.
Os olhos da mulher se arregalaram de medo.
— O que vai fazer? Eu só queria te agradar. Você é um homem
lindo, senhor Donovan. Uma vez que experimentasse o que posso
oferecer, não ficaria decepcionado.
— Estou mais decepcionado porque você está me atrasando e
invadindo um lugar ao qual não pertence.
A porta se abriu com um estrondo e dois dos homens de Drake
correram em direção a ele, alertas e prontos para reagir.
— O que foi, chefe? — perguntou Colbin.
Drake apontou para a mulher, que agora fazia cara de brava.
— Levem-na para fora imediatamente. E, de agora em diante, se
qualquer pessoa, repito, qualquer pessoa, sem autorização entrar nesse
estacionamento, mando para rua todos os responsáveis pela vigilância
aqui.
— Você não sabe o que está perdendo! — a mulher guinchou,
com os dedos curvados como garras.
— Sei muito bem o que não estou perdendo — ele respondeu. —
Não poderia estar menos interessado em uma vagabunda que se joga
em cima de mim com a promessa de me agradar quando tudo nela me
desagrada, e muito.
Ela avançou contra Drake, as unhas longas e coloridas mirando
direto no rosto dele.
Matthews se colocou entre a mulher e Drake na mesma hora, e
Colbin a agarrou pela cintura, levantando-a sem esforço, enquanto ela
gritava de raiva, chutando e batendo, tentando cravar as unhas em seu
rosto.
— Caralho! — Colbin praguejou. — Se liga, vadia. Para de fazer
papel de trouxa. O senhor Donovan não quer saber de você. Além
disso, ele não tolera que invadam sua privacidade. Se te quiser, ele a
procura. Nunca mais venha procurá-lo desse jeito, ou vai acabar presa.
Considere-se sortuda porque, dessa vez, vai sair só com uma
advertência.
— Babaca! — ela gritou para Drake enquanto Colbin a levava
para a saída. Pelo rádio, Matthews chamou um carro para ir ao portão
imediatamente e se livrar de uma “ convidada indesejada”, o que fez a
mulher gritar ainda mais alto.
— Desculpe, chefe — disse Matthews, em tom sério. — Não
tenho ideia de como ela entrou, mas vou descobrir agora mesmo e
tomar as medidas necessárias para que isso nunca mais aconteça.
Faça isso — Drake concordou. — E aproveite para
providenciar a instalação de um arame farpado no topo das grades. E
alguns cães de guarda não seriam má ideia. Apenas será necessário
algum tempo para apresentá-los a todos os meus funcionários, para ter
certeza de que os animais não confundirão um deles com um invasor.
Isso é ridículo.
— Entendido, chefe. Não vou te desapontar.
Drake foi até Matthews e, sem lhe dar atenção, pegou o rádio
dele.
— Viper e Thane. Puxem as imagens das câmeras do
estacionamento de funcionários de duas horas atrás e deixe tudo pronto
para eu assistir em meu escritório. Estou subindo.
— Pode deixar — Thane respondeu na mesma hora.
Drake sacudiu a cabeça, contrariado. Aquela mulher não era
diferente das outras enfileiradas no quarteirão da porta da Impulse,
aguardando ansiosamente a chance de entrar. Algumas entrariam, outras
não. Havia também alguns casais, tanto de ficantes quanto de gente em
um relacionamento sério, mas, principalmente, mulheres – e homens –
que iam à boate para pegar alguém, ver e ser visto, elevar seu status e
fingir ser o que não eram.
Drake entrou, respondendo com um leve aceno às saudações dos
funcionários com quem cruzou, apressado para chegar ao escritório, de
onde tinha uma visão panorâmica de tudo o que se passava na boate.
Ele era especialista na clientela que a Impulse atraía, mas isso não
diminuía seu desgosto ou sua impaciência com o tipo de gente que
frequentava seu estabelecimento.
Ele até aproveitava quando queria, mas nunca tinha ficado com a
mesma mulher por mais de uma noite – ou duas, no máximo – e havia
dois lugares aos quais nunca as levava: seu escritório na Impulse e sua
casa. Tinha padrões rigorosamente específicos para as mulheres que
levava para a cama e o número um era que elas tinham de ser
submissas e deixá-lo com o controle total, da mesma forma como
estava no controle de cada aspecto de seu negócio e de sua vida pessoal.

   Submissa      (Série The Enforcers #1)  Onde histórias criam vida. Descubra agora