Capítulo 5

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AINDA PARALISADA COM O CHOQUE, EVANGELINE sentou-se no banco de trás do carro luxuoso. Devia estar tremendo como vara verde, completamente enlouquecida. Ok, então ela estava enlouquecendo, mas não precisava ficar exibindo isso para o homem grande e silencioso que havia sido incumbido de "levá-la para casa". O mesmo homem que tinha impedido Eddie de bater nela. Ele sabia o que tinha acontecido no escritório, ou no que diabos Drake chamava aquilo? Parecia mais um covil, e ele, uma fera obscura e sombria. Uma fera que tinha a boca muito safada e sabia como usá-la para dar prazer a uma mulher . Evangeline foi tomada pela vergonha, quase destruindo sua postura, tão cuidadosamente construída. Ela se permitiu ser escoltada para fora do escritório de Drake, como se os dois tivessem tido apenas uma conversa, e ele foi atencioso o bastante para garantir que ela chegasse em casa em segurança. Mas, dentro dela, tudo estava uma bagunça, uma bagunça quente e agitada, ainda trêmula depois do orgasmo mais estonteante que poderia imaginar . Não que pudesse
compará-lo com outro, mas orgasmos não poderiam ser sempre tão avassaladores. Se fossem, todo mundo ia querer transar o tempo todo. O planeta giraria em torno de sexo quente e safado. Se tivesse um homem como Drake, era só o que ia querer fazer . Se ele era tão talentoso com a boca, imagina com outras partes do corpo. Pensar no pênis dele penetrando fundo dentro de si quase fez Evangeline gozar de novo, e ela olhou rapidamente para Maddox, rezando para que não tivesse acabado de se entregar com o tremor traidor que tomou seu corpo e deixou todas as suas partes íntimas formigando de novo. Ainda estava hipersensível. Enquanto o carro passava pelo Brooklyn, o couro suntuoso e requintado em que estava sentada vibrava, erótico, sob seu clitóris inchado e pulsante. Era a pior espécie de tortura, porque a distância era longa entre a Impulse e o apartamento que ela dividia com as três amigas no Queens. Não se arriscou a olhar para Maddox por muito tempo. Não queria que ele percebesse seu escrutínio. Por isso, e porque estava certa de que bastaria uma olhada na cara dela e ele saberia cada um de seus pensamentos, o que levaria seus nervos ao limite, em uma noite em que eles já tinham sido desgastados e reduzidos a meros fios. E ela quase já não estava conseguindo se segurar nesses fios. De qualquer forma, ele a ignorava completamente. Seu olhar estava fixo em um ponto sobre o ombro do motorista, como se estudasse as ruas, alerta em todos os movimentos. Esperava que fossem sequestrados ou algo parecido? Evangeline quase riu, mas tinha consciência de que isso também ia entregar sua crescente histeria. Óbvio que escoltar mulheres errantes da boate do chefe não estava em sua lista habitual de afazeres. Se não tivesse tido aquela noite dos infernos – e dos céus, Deus, a última parte tinha sido êxtase puro – talvez conseguisse sentir alguma compaixão por aquele homem que estava indo até o Queens fazendo papel de babá. Seguiram em silêncio pelo caminho e, quando estavam a poucos minutos de seu apartamento, Evangeline suspirou de alívio. Mas, para
seu choque, Maddox se voltou para ela e, pela a primeira vez em todo caminho, falou: — Você está bem? — ele perguntou, gentil, e balançou a cabeça, claramente irritado com a própria pergunta. — Claro que não está bem. Mas vai ficar? O queixo dela caiu porque tinha a nítida impressão de que aquele era um trabalho tedioso e indesejado, mas agora uma preocupação genuína, e pior, compaixão, se refletiam nos olhos dele. Ela estremeceu. Não queria a pena daquele homem. Aliás, nem a de Drake. A noite tinha sido um desastre. Quer dizer, menos pelo orgasmo de peloamor-de-Deus-derreter-a-alma que Drake tinha dado a ela, porque tinha ficado dolorosamente óbvio a todos naquela maldita boate que ela não pertencia àquele lugar, não importa o quanto Drake tivesse tentado fazê-la mudar de ideia. — Estou bem — ela respondeu, calmamente. Maddox lançou um olhar de dúvida em direção a Evangeline. Um olhar que disse que ele conseguia enxergar através dessa mentira óbvia, mas ela nunca tinha sido capaz mesmo de enganar ninguém. Todo mundo achava Evangeline a Srta. Certinha e, por isso, Eddie a vira como um desafio e quis envergonhá-la e humilhá-la. Ser o cara que conquistou a rainha do gelo para se gabar de sua vitória. Bela vitória. Ele era péssimo de cama, e só tinha sido necessária a boca de Drake e nada mais para deixar isso claro para ela. — É isso — ela murmurou. — Vou ficar bem. Feliz? Vou superar . Sempre supero. Ele fechou a cara. Os olhos dele brilharam, de repente, com raiva, mas cerrou os lábios, graças a Deus. Ela não tinha nenhuma vontade de desnudar sua alma uma segunda vez para um completo estranho como tinha feito com Drake após cinco minutos em sua presença. Ela e esse hábito irritante e ridículo de vomitar toda a verdade, não importa o quão humilhante. Ela se chicoteou mentalmente ao menos uma dúzia de vezes por não ter dito que não era do interesse dele. Mas havia o fato de que Drake não aparentava ser o tipo de cara a quem se mandava cuidar da própria vida.

   Submissa      (Série The Enforcers #1)  Onde histórias criam vida. Descubra agora