Capítulo 19

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VOLTARAM PARA CASA EM UM SILÊNCIO ENERVANTE, mas ao menos Evangeline sentou-se encostada no corpo forte de Drake, aconchegada sob seu braço, a bochecha em seu peito largo. O abraço dele era possessivo, o que, como decidira em algum momento nos últimos dias, Evangeline gostava. Gostava muito. Sentia-se pertencendo, pela primeira vez. Que se encaixava, embora fosse absurda a ideia de se encaixar no estilo de vida brilhante e cheio de excessos de Drake. E mesmo assim sentia-se desse jeito. A primeira vez que sentia-se pertencendo a algo desde que deixara a casa dos pais para morar na cidade grande. Quem diria que se divertiria tanto na boate onde há tão pouco tempo tinha sofrido tantas humilhações? Muito pouco tempo, mas parecia outra vida. Tanta coisa aconteceu desde aquela noite fatídica. De um jeito estranho, doentio mesmo, sua decisão de concordar com o plano das amigas – e o desastre que se seguiu – era o que a tinha colocado na situação em que estava agora e, principalmente, com quem estava agora.

Como dizia sua mãe, o destino tinha formas misteriosas de funcionar, e tentar adivinhar o futuro era como tentar impedir que água escorresse pelos dedos. Suspirou e se aconchegou um pouco mais ao lado de Drake. A cabeça de Drake girou em sua direção, seu queixo esfregando sobre a parte superior de sua cabeça. — Por que o suspiro? — ele quis saber . Ela encolheu os ombros e afundou o rosto no peito dele. Pela primeira vez, não deixou a verdade escapar . Como poderia explicar o que nem sequer compreendia direito? Sem contar que, embora sua experiência amorosa fosse limitada, tinha certeza de que falar de coisas como destino tão cedo em um relacionamento faria com que a maioria dos caras desacelerasse de vez. Ela estava se adiantando demais e, precisava se lembrar, pela primeira vez na vida, de não ficar pensando no próximo ano, no próximo mês, na próxima semana. Viver o momento. Hoje. Aceitar cada dia como ele vier e aproveitar a caminhada. Para sua surpresa, Drake não a questionou mais. Talvez tenha percebido sua súbita introspecção. Seguiram o resto do caminho em silêncio, seu calor envolvendo-a como um casulo. Chegando ao apartamento de Drake, ele ajudou Evangeline a descer do carro e gentilmente envolveu seu corpo em um abraço protetor enquanto se apressava em direção à entrada. Depois, dispensou os dois homens que o tinham acompanhado, homens que ela não tinha notado até então. Os dois logo se imiscuíram nas sombras, o que fez Evangeline se perguntar se eram fruto de sua imaginação. Quando saíram do elevador, Drake tirou o paletó do terno e, como das outras vezes, o jogou sobre o cabideiro perto da porta. Começou a desabotoar as mangas da camisa, enrolando-as sem muito cuidado, tentando ficar mais à vontade. — Meu anjo curtiu sua noite na boate? — Drake perguntou. — Você parecia uma princesa sendo bajulada por seus muitos admiradores. Você foi o sucesso da pista de dança. E fora dela também. Deu um sorriso condescendente para ela, que corou, com uma
autoconsciência súbita. No início, ficara tão animada com uma noite na Impulse quanto ficaria com um funeral, mas precisava admitir que tinha se divertido muito quando conseguiu relaxar e aproveitar . Ser VIP era muito legal, mas ser a Princesa VIP, como Maddox a havia apelidado rapidamente, era diferente de qualquer coisa que poderia ter imaginado. Comparava tudo o que vinha acontecendo a um conto de fadas, mas... aquela noite? Tinha sido como uma fantasia high-tech, futurista, completamente transformadora, que deixava qualquer conto de fadas no chinelo. Tinha sorrido, gargalhado, estranhos completos foram gentis com ela. E, mesmo com todo o poder que tinha, não havia chance de Drake, em tão pouco tempo, ter armado aquilo, uma boate inteira cheia de pessoas diferentes fingindo notar Evangeline. A única conclusão possível era que...uma mágica tinha acontecido. Em algum lugar, ela tinha uma fada-madrinha invisível que sacudiu a varinha mágica e alterou toda a realidade de Evangeline. A melhor parte? Já era bem mais que meia-noite, e seu príncipe estava ali em frente, com um olhar absolutamente delicioso no rosto. Ela se atirou em seus braços, abraçando-o com força. — Obrigada. Foi a melhor noite. Mas a minha parte favorita foi o tempo que passamos juntos sozinhos em seu escritório e você me deu comida na boca. Corou na mesma hora, desconcertada pela maneira como tinha dito aquilo. Parecia uma gata, ronronando feliz porque seu dono tinha lhe dado leitinho. Ele segurou seu queixo e o levantou de maneira que seus olhares se encontraram. — Estou muito contente que tenha gostado de eu te dar comida na boca, pois é algo que quero fazer com frequência. Falo muito sério quando digo que vou cuidar de você, Evangeline. Em todos os sentidos. E esta noite, vou te mostrar um lado de mim e de você mesma que até agora você não viu nem experimentou. Está preparada? Ela engoliu em seco, mas a confiança ardeu em seu peito, e sentiu borboletas no estômago, ficando, de repente, nervosa de ansiedade. Sentiu a boca seca, e passou a língua sobre o lábio inferior . Drake teve uma reação visível àquele gestual inocente, seu olhar descreveu um caminho quente partindo da boca dela e foi descendo e... descendo. — Vá para o quarto se despir — ele disse, com suavidade. — Quero seu cabelo solto. Mas fique com a meia fina e os sapatos. Quero que coloque mãos e joelhos na cama, com os joelhos tão próximos da beirada quanto for possível ficar confortável e sem cair . Vou te dar um tempo para se preparar enquanto faço algumas ligações. Embora não houvesse pressa no tom de Drake, a última coisa que Evangeline queria era não estar pronta quando ele aparecesse. Por isso, entrou no quarto rapidamente e se despiu, ignorando a modéstia natural que gritava de vergonha no explícito conjunto de ordens que Drake lhe havia dado. Tirou tudo, colocando com cuidado os presentes que Drake lhe dera em uma das pequenas caixas de joias que vieram com eles. Com agilidade, jogou o vestido no armário junto com os sapatos, deixando sua lingerie à mostra. Mas logo se lembrou de que ele a queria de meia e salto. Xingando, calçou os saltos de novo e, então, tirou o sutiã e a calcinha, sem ousar checar sua aparência no espelho enquanto, sem perder tempo, soltava o cabelo. Não queria saber como estava, ou o que Drake veria quando chegasse no quarto. Quando voltou para a cama, olhou para ela nervosa, repassando mentalmente as instruções que Drake lhe dera e imaginando como conseguir fazer aquela posição. Até que subiu na cama e, com as palmas das mãos no colchão, arrastou-se até que os joelhos estivessem bem na beirada, suas pernas e os saltos pendurados para fora. Sentiu-se extremamente vulnerável, sabendo que não conseguiria ver Drake quando ele entrasse no quarto, já que estava de costas para a porta. Ficou imaginando se ele tinha calculado aquilo para que ficasse com o elemento surpresa em suas mãos. Sabia que ele queria – exigia – ter a vantagem em tudo. Então Evangeline se perguntou se teria sido muito rápida e quanto tempo mais teria que esperar naquela posição, porque Drake não tinha dito quantos telefonemas precisava dar, nem quanto tempo levariam. De novo, talvez ele tivesse calculado aquilo para aumentar sua ansiedade. Seu corpo inteiro estava pegando fogo, formigando, enquanto ela imaginava o que ele faria, como a tocaria, quão firme e exigente seria. Lembrou-se do que ele tinha dito após fazerem amor pela primeira vez. Que ela precisava de uma transa como deveria ter sido a primeira, mas nem sempre seria daquele jeito com ele. Ela estremeceu, mas nem de longe era medo. Estava ansiosa pelo momento em que ele liberasse todo seu poder sobre ela. Devia ter medo e, no entanto, não conseguia ter medo de verdade dele. Temia o desconhecido, por não saber direito o que Drake tinha planejado, mas não temia Drake. Eddie tinha demorado meses para conseguir convencer Evangeline a transar, e, mesmo assim, apesar de achar que ele era "o cara", ela não queria de verdade dar esse passo com ele. Agora, ela percebia que não confiava completamente nele, e com razão. E, no entanto, depois de apenas algumas horas com Drake, tinha tido um orgasmo e, depois, tinha transado de um jeito tão gostoso que Eddie, ou melhor, sua experiência com Eddie, não passava de uma memória distante que estava se apagando. Uma memória indesejada. Fechou os olhos, entregando-se à euforia que tomava seu corpo devagar, deixando-a em uma névoa letárgica, induzida pela paixão. Estava tão imersa nessa névoa quente e inebriante que não percebeu de imediato a presença de Drake no quarto. Não até que ele envolveu seu cabelo em sua mão e o agarrou, e puxando de leve para que a cabeça de Evangeline se levantasse e ela ficasse totalmente ciente de que ele estava em pé atrás dela. Então, empurrou a cabeça de Evangeline para frente, enfiando o rosto dela no colchão, instruindo a virar a cabeça, deixando a bochecha contra a cama para conseguir respirar . Em seguida, para seu completo espanto, Drake puxou suas duas mãos para trás e as descansou em suas costas, onde, com uma corda em torno de seus pulsos, as imobilizou com firmeza. Um protesto se alojou em sua garganta, mas ela o engoliu,
negando-se a mostrar qualquer resistência àquela primeira exibição do domínio de Drake, sexualmente falando. A maneira enérgica como ele a fazia atender sua vontade a excitava. Não ter qualquer controle sobre a situação só aumentava sua ansiedade. Sua respiração já estava ofegante. Cada músculo em seu corpo estava rígido. Seus mamilos estavam tão tesos que qualquer pressão contra eles seria pura tortura, e algo entre suas pernas começou a pulsar, o que a fez se contorcer sem parar para tentar aliviar a necessidade. — Não se mexa — Drake disse, seco, fazendo Evangeline estremecer e retomar o foco. Reforçou o que havia dito com um tapa forte na bunda dela. No começo, ela ficou atordoada enquanto sentia queimar na parte em que ele batera sem muita delicadeza. Mas quase ao mesmo tempo em que a dor e a sensação de queimadura começaram, o prazer tomou conta dela e sua pele brilhou, quente. Estava tonta, na fronteira entre a dor e o prazer . Pelo visto, Drake conhecia muito bem os limites das mulheres. Decidiu ignorar esse pensamento – ou estragaria toda aquela noite. Não queria saber quantas mulheres tinham vindo antes dela ou quantas viriam depois. Só queria experimentar todo o prazer que Drake poderia dar, não importa quanto tempo durasse o relacionamento. As palmas das mãos de Drake massageavam cada parte da bunda de Evangeline e, então, ele foi abaixando os dedos até que um deslizou para dentro da vagina dela. Com cuidado, ele o enfiou entre as paredes dela, que se contraíam desesperadas, querendo mais, querendo ele. Não apenas os dedos. Queria ele inteiro. Agora que sabia que conseguia recebê-lo inteiro, estava ansiosa por desfrutar ser possuída por ele sempre que pudesse. Porque sabia, dentro de seu coração, que nunca teria tanto prazer com outro homem. Nunca haveria outro homem com quem estivesse tão sintonizada, e que estivesse disposto a ir tão longe para lhe dar o que queria e precisava. — Esta noite é para mim — ele murmurou. — Não haverá uma única parte de seu corpo que não ficará com a marca ou a sensação da minha posse. Vou marcar você, para que não restem dúvidas quanto a
quem pertence, de corpo e alma. Ela suspirou, fechando os olhos enquanto sentia aquelas palavras vigorosas envolverem-na como uma névoa suave. Precisava daquilo. Queria aquilo. Chegar a essa conclusão tinha sido rápido e chocante. Mas, após ter sido a pessoa que cuidava por tanto tempo, sempre assumindo e tomando decisões, fazendo o que precisava ser feito, agora alguém estava cuidando dela. Aliviando a necessidade que tinha de tomar todas as decisões e de assumir a responsabilidade. Com Drake, podia apenas relaxar e desfrutar o fato de estar sob seu controle. — Meu anjo aguenta bem — ele disse. — Você parece tão inocente. Uma raridade, um tesouro, bonita por dentro e por fora. Mas esconde uma força interior que a maioria dos homens não tem, por isso não tenho dúvidas de que aguentará tudo que eu propuser esta noite e que vai curtir cada minuto. Evangeline estremeceu e um gemido suave escapou de seus lábios entreabertos. Drake apertou sua bunda com uma das mãos enquanto, com a outra, explorava ainda mais fundo sua vagina. Já tinha aprendido a perceber, pela linguagem corporal e pelo toque de Drake, quando ele estava satisfeito e viu que estava gostando de sua reação, de seu gemido de aceitação e excitação. Algo que Drake havia dito no começo cruzou seus pensamentos. Não pode me dizer não. Nunca. Devia ter deixado Evangeline assustada, porque ficava totalmente a mercê dele, e, naquela hora, ele poderia fazer o que quisesse, não havia nada que pudesse fazer para detê-lo. Mas ela não queria detê-lo. Percebeu que confiava nele tanto em um nível físico quanto no nível emocional. Aquele homem não a magoaria. Embora tivesse dito que aquela noite era para ele, não tinha dúvida de que teria tanto prazer quanto Drake. Deu outro tapa na outra metade da bunda dela, mas desta vez Evangeline não pulou, nem sequer registrou a dor, porque sabia que o prazer anularia na mesma hora qualquer desconforto inicial. Outro gemido curto escapou dela, ofegante, e ele falou palavras sujas bem baixinho, enquanto tirava os dedos de dentro de sua vagina. — Você gosta disso — ele disse, satisfação evidente em suas palavras. — Ficou tão molhadinha nos meus dedos quando dei aquele tapa nessa bunda gostosa. Vou foder essa bunda, Angel. Mas vou prepará-la antes. Vou deixá-la tão louca que você vai me implorar para foder seu traseiro. Os olhos de Evangeline se arregalaram de choque porque ela nunca tinha sequer contemplado fazer sexo anal. Aquilo estava bem no topo de sua lista das coisas que "nem fodendo" planejava experimentar . Mas com Drake? Não que ele lhe desse escolha, mas de repente estaria até disposta a tentar – e aceitar – o que ele quisesse fazer com ela. — Não vou te machucar, Angel — ele disse suavemente. — Vou empurrá-la. Testar seus limites. E apesar de estar entre o prazer e a dor, sentirá muito mais prazer . E, ao mesmo tempo, entenderá que quando um homem sabe o que está fazendo, a dor é o prazer . A mistura pode ser inebriante e diferente de qualquer coisa que tenha experimentado antes. Mas é minha responsabilidade não ir longe demais e garantir que o prazer supere em muito qualquer dor que sentir . A sinceridade na voz de Drake fez Evangeline derreter, e, de repente, ela sentiu vontade de começar . Queria experimentar cada coisa que tinha prometido. Ela mexeu e se contorceu sem parar, o corpo pegando fogo só com aquelas palavras. Quão mais intoxicante ia ser quando Drake começasse a fazer o que tinha prometido? Levou outra palmada em seu traseiro grande, algo com que ele não parecia se importar de maneira alguma. Na verdade, sua única reação ao corpo dela tinha sido de aprovação, por mais imperfeito que fosse. Ela tinha uma cintura fina, mas estava longe de ser malhada e era flácida em alguns lugares, bem como seus seios. Mas seus quadris eram largos, e tinham uma forma arredondada que parecia quase fora de proporção em relação à cintura e até mesmo aos seios. E sua bunda era grande, grande demais para o gosto de Evangeline, e era por isso que raramente usava roupas justas. A questão é que, como Drake tinha pré-escolhido a maior parte de suas roupas novas, quase todas eram justas e do jeito que ele considerava sexy nela.

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