Capítulo 8

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EVANGELINE TERIA FEITO UMA TARTARUGA PARECER um ás da velocidade enquanto se locomovia pelo corredor da boate, agora fechada, onde seu suposto encontro com Drake aconteceria. Maddox fritava de impaciência, mas controlou os ânimos e caminhou com ela, uma das mãos nas costas, a outra estendida sobre o seu tronco para segurar seu braço trêmulo. Ele deve ter pensado que se não segurasse firme, ela cairia dura no chão e, bom, não estava errado. Quando estacionaram em uma vaga reservada atrás da boate, ela tinha ficado paralisada feito estátua em seu assento, apertando a mandíbula para impedir os dentes de baterem. A boate? Sério? A esta hora? Teria ficado esperando por ela a noite toda, cada vez mais irritado por ela não ter aparecido? Ou simplesmente trabalhava até tarde e cuidava de assuntos de negócio enquanto seus funcionários anunciavam o fechamento e esvaziavam o local para que a faxina pudesse começar? Maddox tinha saído do carro e contornado o veículo até o lado dela. Depois, abriu a porta e ficou em pé, esperando, por vários minutos antes de soltar um suspiro que dava a impressão de que queria estrangulá-la. Até que decidiu agir e a agarrou lá dentro, enfiou um braço sob as coxas dela, outro em torno das costas e arrancou-a do assento para seu colo tão facilmente como se ela fosse uma criança. Foi o fim da sua paralisia e de sua recusa em se mover . Evangeline até esperneou e empurrou o peito de Maddox, exigindo que ele a largasse. Que merda seria ele carregá-la até a boate como uma refém relutante. Ainda que ela fosse exatamente isso. Somente quando passaram pela porta, Maddox relaxou a pegada e colocou Evangeline de volta no chão com cuidado, ambas as mãos segurando seus ombros até que ela estivesse firme o suficiente para andar . Mais de uma vez durante a interminável caminhada até o elevador, ela o ouviu murmurar algo sobre "malditos sapatos" e "você vai quebrar seu maldito pescoço". Na hora em que entraram no elevador e começaram a subir para o escritório de Drake, o peito de Evangeline estava tão apertado que ela não conseguia respirar . Quando tentou, sem sucesso, respirar fundo e aspirar ar para seus pulmões sufocados, o pânico a tomou por inteiro e ela começou a tremer violentamente. Ao lado dela, Maddox soltou vários palavrões e, então, agarrou seus ombros com firmeza e a virou para ficar cara-a-cara com ele. Abaixou a cabeça até seus olhos se encontrarem; seu olhar era feroz. — Respire, droga. Não se atreva a desmaiar comigo. Recomponha-se. Você enfrentou o imbecil do seu ex e também a mim e a Drake, e não recuou, apesar de suas repetidas afirmações de que poderíamos quebrá-la como um graveto. Não vá amolecer agora, pelo amor de Deus, caralho. Você tem orgulho demais para entrar no escritório de Drake nesse estado. Ele parou subitamente, balançando a cabeça. — Esquece. Você tem orgulho demais para eu precisar carregá-la para o escritório de Drake, que é exatamente o que vai acontecer se não sair dessa e se acalmar . Sua voz soava com um chicote e tinha efeito semelhante ao de um batendo na pele dela. De repente, o calor voltou às suas bochechas frias, sua garganta relaxou e ar voltou a entrar em seus pulmões, enchendo-os.

Ela estava mole com o alívio, perto de seu limite após ter chegado até ali embalada pela adrenalina causada pelo medo. Seus joelhos vacilaram e ameaçaram se dobrar . Ainda assim, ela dispensou a ajuda de Maddox de estabilizá-la e optou por se afastar dele e se apoiar no lado oposto do elevador . Quanto tempo demorava para aquela maldita coisa subir o que não poderiam ser mais do que alguns andares? Mas seu colapso e a bronca incisiva de Maddox tinham durado poucos segundos, embora tivesse parecido uma eternidade. Sentia-se tão claustrofóbica e humilhada por sua ridícula exibição de covardia que suspirou de alívio quando o elevador parou e as portas se abriram. E, então, percebeu que agora enfrentaria um homem muito mais assustador e intimidante do que Maddox, e depois do pouco que ele tinha revelado sobre o chefe, Evangeline sabia que Drake não estaria nem um pouco feliz de ter sido deixado esperando por mais de nove horas. Maddox a conduziu do fundo do elevador para fora. Quando se viu em frente ao escritório de Drake, ela parou de repente e tentou dar um passo para trás, mas trombou no peito enorme de Maddox. Foi necessária cada gota de orgulho e disciplina que ela possuía para não gemer alto ou fazer algo ainda mais humilhante, como se desmanchar em lágrimas ou ter outro colapso épico e desmaiar aos pés de Maddox. Evangeline respirou fundo e depois endireitou a postura, deixando a coluna ereta. Levantou o queixo desafiadoramente, e, com raiva, procurou localizar Drake, determinada a não ficar intimidada quando seus olhares finalmente se encontrassem. Por instinto, antes que pudesse se conter, ela buscou algo atrás de si, procurando, com as mãos, encontrar a segurança do corpo de Maddox e encontrou... ar . Droga! Aquele homem era um verdadeiro artista da fuga. Era a segunda vez que ele a "escoltava" até o covil de Drake e depois desaparecia no ar . Ela não tinha sequer notado as portas do elevador se fechando. E agora estava presa com um homem que Maddox tinha dito que não gostava de ficar aguardando e que esperava o cumprimento absoluto de todas as suas ordens. Merda. Fechou os olhos, desistindo da ideia de ser corajosa e procurar Drake – onde quer que ele estivesse – e não se desviar de seu olhar . — Você está atrasada — Drake disse, permitindo que sua insatisfação ficasse bem evidente na declaração. Contudo, ainda enquanto a censurava, Drake percebeu, só de olhar para Evangeline, que ela estava exausta, com os pés doendo. Mal podia permanecer em pé naqueles saltos ridículos, e parecia que ia desmoronar a qualquer momento. Sabia muito bem por que ela não estava no apartamento às 7 horas, como ele a havia instruído. Tinha ido trabalhar em um maldito bar e havia ficado horas em pé sobre sapatos que equivaliam a um acidente esperando para acontecer . Estava pálida, e a fadiga estava gravada em cada ângulo de seu rosto. Murmurando um xingamento, ele se aproximou dela, gentilmente tomou seu braço e a guiou até o sofá. Colocou as mãos em seus ombros e empurrou-a para baixo. Ela não teve escolha a não ser sentarse. — Deite-se e relaxe — ele disse, sucinto. Então, Drake se ajoelhou sobre uma perna e tirou os sapatos dela, praguejando de novo quando viu como os pés estavam inchados. Evangeline parecia estar confusa, de olhos arregalados como se aquela fosse a última coisa que esperava. Ele não tinha feito exatamente muita coisa para convencê-la de que não era um canalha frio e sem coração, algum tipo de monstro que se lançaria sobre ela na primeira oportunidade. Sem dizer uma palavra, ele começou a massagear um dos pés dela, tomando cuidado para não machucá-la ou causar desconforto. Evangeline emitiu um gemido suave e, por um momento, seus olhos se fecharam e ela cedeu, parte da tensão evaporando de seu corpo. Drake massageou o primeiro pé cobrindo cada centímetro e dando atenção especial aos seus arcos delicados. Depois, voltou seu foco para o outro, dando-lhe igual cuidado. Observava Evangeline atentamente, absorvendo cada reação e o prazer em estado puro refletido em seu rosto. Ela era tão responsiva. Absolutamente honesta, sem fingimento.

   Submissa      (Série The Enforcers #1)  Onde histórias criam vida. Descubra agora