+TWENTY_EIGHT+

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Não existem palavras para descrever. Simplesmente não existe tal coragem. Apenas a insanidade o colocaria em causa.

Apenas Jungkook o faria.

Jungkook para à entrada. Ouço a sola dos seus sapatos negros envernizados baterem arduamente contra o chão saloio de madeira espessa.
Nesse momento, reparei na minha situação: ajoelhada perante Jimin completamente estendido no chão, chorando contra o seu peito e, consequentemente, manchando a sua camisa.

- Melhor vir para fora.
Diz ele abafado. A sua camisa cobria metade da sua face, e eu apenas via claramente seus olhos. Talvez nem isso visse claramente, não sei se pelas lágrimas ou se pelos seus cabelos longos e negros.

Inspirei com certa dificuldade, provocando um ruído como se estivesse me faltando o ar. Isso era porque estava, realmente.

- O QUE VOCÊ FEZ JEON JUNGKOOK?
Gritei, levantando o meu corpo todo. Me dirigi a ele, na entrada e lhe vários murros no peito. Claro que, para ele, seria o equivalente a uma massagem corporal. Tossi.

- Eu disse: para fora.
Ele disse firme e friamente.
Nem esperou nenhum tipo de reação compulsiva; me agarrou e puxou para fora da casa, fechando a porta em seguida.

Eu deixei o meu corpo perder as forças ali mesmo, nos três degraus de cimento na entrada. As minhas vias respiratórias começaram a funcionar normalmente novamente.
Jungkook caminhou até uma das janelas frontais da casa, no qual penso ser a da sala de estar, e a abriu, isto enquanto eu limpava os vestígios de lágrimas.

- Vamos.
Disse ele por fim, com um movimento suave com a cabeça. Olhei incrédula.

- Isso é alguma comédia?
Engoli a seco. Ele suspira pesadamente, como que se irritado com a situação.

- Nunca confia em mim.

Diz num murmúrio, me olhando sem emoção aparente. Não entendi se era uma pergunta retórica ou uma afirmação sem fundamento.

- E devo eu confiar? Não sei Jungkook. Acabei de ver meus amigos, e melhor, seus amigos praticamente mortos dentro de sua casa e vem me falando de confiança?!

Ele ri, completamente sem graça alguma. Apenas por ironia.

- Mortos? Tsh.
Franzi a testa, em duvida.

Decide então atravessar até a parte traseira da casa, segundos depois volta á rua principal. Parecia estar a arejar a casa. A tosse cessou, de facto.

Caminhou até ao fim da rua, seguindo reto. O segui hesitante, sempre olhando para trás.
No final do tráfego havia um espaço em terra, do lado direito, no qual alguns carros estavam estacionados. Jungkook tira algo do bolso e os faróis do carros ligam e desligam. Abre a porta do carro e me olha.

O sol nasce ao amanhecer, e com ele nasce uma nova esperança. Talvez, tudo isto tivesse uma explicação. Os olhos de Jungkook mo diziam.

Ele esperou eu entrar voluntariamente e fechamos as portas. Abri a janela, deixando uma fissura arejar o veículo devido ao cheiro a suor e madeiras exóticas.
Jungkook coloca as chaves na sua entrada ligando o motor e suspira, encarando o volante forrado de pele.

- Monóxido de carbono.
Explicitou, por fim. Não esperou a minha resposta. E arrancamos.

Talvez esteja com alucinações, mas tenho quase a certeza que ouvi o som mórbido de sirenes chegando no virar da esquina. Sirenes de ambulâncias.

Tudo não passara, naquele momento e naquela noite, de luzes vermelhas ao fundo do túnel.

🚑🌡🌡🚑

"FARMÁCIA"

Dizia o letreiro piscando a luzes chamativas quando Jungkook me acordou. Abri a porta do lugar do passageiro e esbugalhei os olhos. Me espreguicei.

O sol já empurrava a lua com a sua luminosidade cegante. A lua, monótona, não se assemelha ao sentimento de esperança e felicidade trazido pela grande estrela.
Franzi os olhos, colocando a mão na minha frente. Estava me habituando à escuridão mais clara.

Olhei para as nuvens acizentadas e depois para Jungkook, que entrara no estabelecimento com uma velocidade incrível.
Abri a porta de metal e um sino ecoa. Ele conversava com a farmacêutica, nos seus vinte anos. De facto, bonita.

- Concordo.
Ele afirma, sorrindo. Nunca o vi sorrir assim para mim.

- Estava a pensar...Você está livre de-

- Annyeonghaseyo.
Digo politicamente. A menina olha para mim exaltada e sorri. Eu paro ao lado de Jungkook.

- Deseja algo?
Ela se pronuncia. Rodeio o meu braço no de Jungkook. Ela segue o movimento.

- Penso que não, ajumma. Obrigado.
O sorriso dela desvanece. A sua boca abre mas a língua se enrola. Ouço um estalar.

- Então é tudo?
Inspira ela, olhando para Jungkook amigavelmente. Estende uma saca de plástico branca.

- Sim. 15 000,00 won, por favor.
Ele retira a carteira de couro e entrega o respectivo valor educadamente.

- Volte sempre.
Ela sorri para ele.

- Claro.
Respondo eu. Ironia é a minha linguagem materna.

A campainha toca novamente e Jungkook me entrega a saca. Tinha apenas alguns antibióticos para dores e um inalador de pó bufomix.

- Isso é para mim?
Ele concorda, ligando o carro.

- Poderia falar comigo. Mas se quiser ficar a falar com a farmaceuticazinha, tudo bem. Após que a conversa dela é bem mais interessante.

Ele ri.

- Quer dizer, a ajumma?
Ele diz, contendo o riso involuntário.

- Para mim é considerada velha.

- Sim, vinte anos. Já está na reforma.

Revirei os olhos, camuflando o riso que escapou dos meus lábios.

- De qualquer forma, devíamos voltar para ver se os meninos estão bem.

- A intoxicação não durou nem meia hora. Aliás, eu estive a arejar.

Apertei o banco de pano discretamente.

- Jeon Jungkook. Para casa, já.

Os seus olhos negros me penetraram. E senti um calafrio.
Não sei se de incredulidade e fúria, mas ele me encarava com um persistência que poderia hipnotizar até Namjoon.

- Vamos para casa. Mas não para a minha.

Liga a ignição, com destino marcado.

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N/A: Desafio do dia: conte quantas vezes repeti o pronome 'Ele'. Rsrsrsr

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•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora