+FORTY Pt.2+

2.2K 166 125
                                    

Passados tantos meses, o sentimento era o mesmo. Sentia uma inquietação inexplicável e como eu odiava. No entanto, ódio não era a palavra que me ocorria no momento. Um alívio e tristeza percorreram a minha alma, o meu consciente ou qualquer outra explicação da reação e emoção humana face às diversas situações.
O quadro foi colocado na mesinha de cabeceira, gentilmente.

- Ela está contigo.
Digo ao seu ouvido, secretamente. Recuei, encarando a sua face serena. Olhei ao meu redor, os rapazes tinham voltado aos seus lugares iniciais de quando chegara, exceto claro Park Jimin.
Ainda no cómodo, encostado ao beliche e braços cruzados, encarava me seriamente, segundos após se perder no quadro bordado. 

- Estiveste com o Kim?
Diz nulo.

- A família dele fez questão. São muito amáveis.
O irmão ergue uma sobrancelha. Após isso, desencosta-se da madeira forrada passando por mim. Porém, antes de abandonar o quarto, olha por trás de si, a franja tapando o seu olho flamejante.

- Não faças a mesma asneira, como a outra.

Eva.
Desaparece da minha visão e viro a minha atenção para Jungkook, completamente calmo, como sempre. Desta vez não parece forçado. Pelo menos não parecia. Ia passar a mão pela sua face.

- Passaste a noite com o Kim?

Ouço uma voz profunda e rouca, estremecendo da sola ao couro cabeludo com o timbre inesperado que modifica a quietude do lugar,
e arregalo os olhos encarando o corpo aparentemente inconsciente.
Impeço-me, fico indecisa entre um engolir a seco e um sorriso de felicidade, provando o quão distorcida fico.

Abre os olhos, eficazmente, e após poucos segundos encarando o teto o seu olhar rapidamente me encara, obscuro, desafiador. Porventura, o seu corpo estava relaxado. Como controlava a sua postura de uma forma tão perfeccionista?

- Os pais...

- Eu ouvi isso. Parece que não posso fechar os olhos um pouco. Todas as regras quebradas... merece punição.

Gelei. Pensava que ele mudara, que se queria afastar do seu passado, do seu destino. Do monstro que testemunhou e que por pouco se tornou. Não...
Ele notou a minha quietude e olhar perdido.

- Levanta-te.
Obedeci, trêmula.
- Anda cá.
Novamente, fiz o que dissera. A razão era de facto inexplicável, apesar de ele estar desabilitado por pelo menos o corpo adormecido e dolorido, não me retraía nem desobedecia.
Desta vez por ele, não por mim.

Cheguei perto o suficiente para nos tocarmos involuntariamente.
Olhei para ele e por segundos, pensei que ele se arrependera.

Agarrou no meu pulso e puxou o meu corpo de encontro ao seu. Pressiona com toda a sua força, um pouco de dor de ambas as partes, a minha cintura e os lábios roçam. Intercalam perfeitamente. Faces vermelhas, fervendo de desejo, felicidade, adrenalina.
Eu quero.

Melhor punição da minha existência.

⏳🖼⌛️

Jimin levava Jungkook num ombro, Namjoon no outro. Jin abria a porta, enquanto Yoongi seguia ao seu lado, explorando a área que em seguida se revelou.

- Onde é o quarto?
Jimin pergunta um pouco ofegante por subir as escadas com tanto peso adicional, não se recordava de entrar no lar de Jungkook, no entanto, eu sim. Recordações demasiado vívidas.

O seu braço enfraquecido, Namjoon  segue os meus passos impulsivamente. Se alguém conhecia este lugar bem, esse alguém seria eu, logicamente.

O quarto estava como sempre: simples, delicado e preservado. Oposto ao dono.

Sentaram-no na cama, os cobertores abertos para trás, no entanto ele não deitava.
Olhou para mim, e por fim para eles. A esta hora Hoseok falava completamente empolgado com o reality show que passava na tv, ligada por Yoongi estendido no longo sofá.

- Quero falar com ela.
Namjoon, abanando a cabeça, retira-se do quarto, dirigindo as suas passadas para a cozinha, onde Jin estaria provavelmente a arrumar a cozinha, sem utilidade durante várias semanas.

Jimin, no entanto, permaneceu lá durante uns segundos. As sobrancelhas cerradas, encarou nos por longos segundos enquanto Namjoon se deslocava. Arrastou o pé esquerdo, acabando por ir de encontro a Hoseok e Yoongi, deixando a porta aberta na totalidade.  Propositadamente.

- Há algum problema?
Cada vez que falava, sentia uma submissão que não desejava. A lógica dizia pára. A emoção dizia vai. Claramente, nunca fora uma pessoa muito cooperativa com as minhas emoções. O que sinto é o que sou, no fundo. E eu sinto por ele.
No entanto, Jungkook era um homem complicado. Sem qualquer emoção aparente, eu sempre fora a sua cobaia. Nunca sabia do que necessitava ele a seguir. Nem se sentia realmente algo por mim. Talvez apenas atração física, uma obsessão oca. Talvez por ser eu alguém fácil, submissível. Talvez apenas uma coincidência da vida.
Mas Ele não se move com conectores como "talvez". Tudo é calculado, tudo é certo.

- Tenho um assunto a tratar.

Novamente, precisa de mim para concretizar os seus desejos. A vida se trata disso: a inveja, egocentrismo, necessidade, dita "felicidade" própria. Usamos e somos usamos, conscientemente ou não. Jungkook era apenas sincero quanto ao assunto.

- Do que se trata?
Digo, sentando ao seu lado, em tom baixo como ele, total confidencialidade.

- Quero que entregues uma mensagem a uma pessoa, dongsaeng.

O destino? Inspirei severamente, o meu peito preenchido na totalidade.

Instituto prisional.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora