+THIRTY_FIVE+

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Ouço claramente os passos de Jimin ecoando pela estrada de terra agora sólida, abafando a sua respiração.
Nervosismo iguala a uma respiração profunda e não rítmica, terror e susto (etapas consequentes do nervosismo) igualam a uma respiração descontrolada —basicamente hiperventilação, — enquanto que choque iguala ao suster de respiração. Por norma.
No entanto, não conseguia de forma alguma identificar qual o estado de espírito do meu irmão.

O ritmo de um passo a cada dois segundos tornou-se num único segundo por passo em estimativa, as suas passadas aceleraram e com elas o meu coração.

- Está tudo... bem?
Ele pergunta meio desajeitado, já ao meu lado.

Não respondi logo, pensando numa resposta válida. Decidi que a resposta mais válida seria a ausência de uma. O silêncio.
Fosse positiva ou negativa, ele assumiria a mais lógica.

- Eu sei que deve ser muita informação para reter.
Continua.

- Se é.
Contrasto ironicamente, ouvindo um suspiro.

Passaram longos segundos após. Não olhei para ele em nenhum mas cheguei à rápida conclusão que aquele silêncio era letal para alguém como Jimin. Ao contrário da minha pessoa.

- Podes contar comigo.

Virei a cabeça na sua direção, estupefacta e pouco confusa. Veio do nada.

- Se precisares de ajuda, podes contar comigo.
Inspirou um pouco exageradamente e revirou os ombros, talvez para sacudir a vergonha alheia ou o seu belo orgulho.

Eu sei Jimin, agora eu sei.

- Ele uh magoava muito?
Defina 'muito', pensei. Mas nada disse a respeito, pelo contrário.

- Cabelo negro sobressai os teus olhos, Jimin.

Passei a mão pelos cabelos escuros, esticando o braço. Ele sempre tingia o cabelo, e vejo que Yoongi também seguia a mesma obsessão. Não via o ponto nisso, o seus cabelos naturalmente pretos assentavam na perfeição. Está no seu ADN.
Tal como a sua altura. Esticando o meu braço para chegar à altura máxima do seu corpo, reparei que nem necessitava de esforçar tanto como chegar a Songju, por exemplo. Para um rapaz jovem, o meu irmão mais novo era surpreendentemente alto.

- Obrigad—ya! Tentando mudar de assunto, é menina Park?

- Não me chames isso. Lembra Taehyung.
Digo secamente. A sua expressão suavizou à velocidade da luz e um olhar preocupante, quase amargo, a preencheu enrugando a testa.

- Estás zangada com o Taehyung?
Esfreguei o braço e encolhi os ombros. Mergulhei na lembrança que adquirira minutos atrás, as faces vermelhas na pele cor de mel de Taehyung e o tom da sua voz.
Era muito cedo para eu perdoar as suas palavras, por mais sinceras que fossem, também eram duras de conter e ele sabia-o.
O lembrança ainda era fresca, verde demais para aceitar. Sucumbi.

"Quebraste o meu trato com Jungkook. Ele se magoou, e te magoou. Que faço eu agora?"

"Porque eu me apaixonei, outra vez. E deixei que alguém se magoasse num estupido triângulo amoroso, outra vez."

- Não estou zangada, estou desiludida. Inconformada... Eu não pedi nada disto Jimin!

As primeiras palavras saíram fracas, mas acabei desabando em lágrimas sem parar o passo, Jimin aceitou essa atitude de orgulho e seguiu o seu caminho.
Vi o carro de Jungkook, de longe, já saindo da estrada de terra, para o estacionamento da universidade que frequento, ou devia estar a frequentar, e o meu coração despedaçou ainda mais. Se possível.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora