+THIRTY_SIX+

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Era todos os dias.
Nos dias de semana ia todas as tardes, já que assistia ás aulas da universidade durante a manhã. 
Tinha todo o tempo do mundo para tal.

O sentimento era parecido à época em que Jungkook fora internado na clínica psiquiatra, ou de certo modo, manicômio.
Parecia voltar tudo ao normal, mas não me sentia em paz. Falava algo, um vazio inexplicável.
Cheguei à conclusão de que isto me perseguiria para o resto da minha vida.

Aos fins de semana, era capaz de passar dias inteiros ao seu lado. Por vezes, adormecia no lado direito da cama, sobre as sua pernas ou no sofá de peles gasto em frente à mesma. Acordava com um toque gentil de uma enfermeira nas suas vestes brancas, ou dos rapazes.

Comecei a ter pesadelos, não era mais hábito dormir sozinha. Decidi me mudar para o esconderijo, onde ficava sempre alguém comigo. Por vezes dormia com Jimin.
Nunca mais vira Taehyung, e segundo Yoongi, era propositado.

SeokJin parou o carro em frente à porta central da universidade. Observei, a pintura era nova, mas era definitivamente o carro de Taehyung. Eles evitavam conduzir no de Jungkook, principalmente comigo. Certa parte de mim sentiu culpa de estar naquele carro durante todo o processo, e de ter saído do mesmo. Então ficava bastante depressiva.

Ele sorriu, recalcando a sua beleza invejada, mas apenas o canto dos meus lábios se curvou, enquanto mirava a viatura.

Entro no carro, com certa hesitação ao tocar no destrave. Ao me aconchegar no assento luxuosamente confortável, ao ponto de os meus músculos ficarem indecisos entre se entregar à fofura aconchegante do almofadado ou ficarem rijos de tão delicado e caro ser o assento.

- Como correu?

SeokJin pergunta. Ah, claro, a apresentação.

- Bem, apesar de totalmente improvisada.
Digo, quase num sussurro, com desânimo.

Estranho, não falei sobre a apresentação para Jin. Apenas Hoseok sabia, já que eu dissera esta manhã. Talvez Yoongi também suspeitasse: dois dias atrás estava eu sentada à mesa redonda com folhas na mão aos pulos, decorando as minhas falas e slides. O rapaz resmungava de cada três minutos que passavam, afirmando que eu "disturbava o ambiente e a sua rotina". 

- Acredito que tenha sido impecável, anjo.

Ele diz, sorrindo. O carro já saia do campus e o trajeto já me era demasiado familiar. Duzentos metros em frente tem um semáforo, passando para uma estrada principal, virando á terceira direita o caminho torna-se apertado pois é o atalho mais rápido. Por raras vezes, ambulâncias usam-no em caso de um acidente sem contorno. As setas amarelas marcadas no alcatrão chegam a um fim e numa estrada mais acessível, Jin acelera apesar de dentro das localidades não ser permitido passar dos 50km/h de velocidade.

- Porquê a pressa?
Interrogo, com certo humor. No entanto, essa luz é apagada assim que os meus olhos se encontram com os de Jin, por mais que seja apenas um segundo, senti um revirar na barriga.

Quanto mais eu ansiava por chegar, mais longo parecia o trajeto. Mas finalmente, cheguei.
Saí do carro e corri escadas acima.
Já o suor molhava um cabelo acima da minha orelha quando cheguei à sala de atendimento.

- Ele tem visitas no momento, caso queira esperar pel-

- Não me incomoda, gostaria de entrar agora.

A senhora assentiu e começou martelar o teclado, quando os seus lábios se abrem para me interrogar já eu tinha entrado porta dentro.

A porta do seu quarto estava encostada, o que é invulgar, mesmo em visitas.
Abri sem cerimónias ou qualquer bater, e por bem, pois um segundo poderia para o nosso coração para sempre.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora