+THIRTY_EIGHT+

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O jantar, desde a sua entrada, foi divinal. Apesar de algumas questões pertinentes como família e ocupações. O nome de Jungkook não fora mencionado, e não necessitava, qualquer assunto que tomasse esse rumo acabava com o som dos talheres a baterem na porcelana.

Outra passagem pelas estantes da Senhora Kim e já me sentia em casa, no entanto aquele sentimento de fuga e preocupação não me afugentava daquele ambiente. Sentia a necessidade de voltar para os rapazes, através da estrada lamacenta. Talvez Jimin ou Jin lá estivessem solenemente à minha espera. Talvez Yoongi bebendo completamente entregue a si mesmo e à televisão por cabo. Talvez Namjoon, escrevendo na mesa de madeira circular com uma lâmpada reluzente ao cimo da sua testa. Hoseok não estaria, ultimamente ficara comprometido de tal forma que vive uma outra vida. Voltará.

Verifiquei que fui contactada por Jimin, somente duas chamadas.
Aproveitei a ação para me estontear com o horário, quase à flor da noite e não me encontrava perto de casa.
Olhei de relance para Taehyung, conversando cautelosamente com o progenitor à entrada da sala de estar. Voltei para as estantes de livros, e após encarar minuciosamente toda a poeira de uma ala mais à direita caminhei até ao par.

Os lábios do Sr. Kim pararam de articular palavras contendo-as, formando então um sorriso perturbadamente parecido com o de seu filho, que ao me avistar ao fundo do corredor virou todo o seu corpo anteriormente oposto na minha direção.

Quando parei bem perto, já Taehyung tinha perguntado.

- Há algum problema?
Era óbvio que eu fora intrusa na conversa aparentemente de impera importância. Ele alberga sobre mim, esperando a resposta. Faço o mesmo, sentindo a pressão inexplicável do olhar carinhoso do seu pai sobre mim, parecia uma criança a segredar a atitude insuprível que fizera na casa de um conhecido ao ouvido da sua mãe, esperando pelas consequências.

- Já é um pouco tarde, não devia ir para casa?

- Casa?
Taehyung pergunta, não entendendo a minha querida confidencialidade.

O parente, no entanto entende a situação ao que sugere:
- Porque não fica aqui esta noite e de manhã levamos-a ao centro?

De caminho ao trabalho e ao dever, ofereceram um dos quartos de hóspedes. A Sra Kim fizera questão de escolher o mais próximo do de Taehyung, caso tivesse algo desconforto para o obstar.
Sem muita oportunidade de divergir ou desavir, fiquei. Invulgaridade aquela.
A simpatia era algo, para manter a boa imagem e estatuto social que tanto necessitavam, porém acolher um intruso nas suas casas por pura conexão ou afeto era inconveniente num caso normal. A menos que Taehyung tivesse sugerido fortemente aos pais é que levaria a uma loucura como esta: aceitar e dar estadia um estranho.

Suspirei, vestindo uma das camisas de dormir da Sra. Kim, invejando o seu corpo extremamente bem preservado, capaz de me servir perfeitamente, tendo cerca de vinte anos de diferença, a não ser mais.
Dirigi-me ao quarto de Taehyung, sem vergonha de estar com uma íntima camisa de noite, pronta para alguns esclarecimentos quanto à decorrência daquele dia.
Sentia um controlo sobre mim, como se não tivessem sido as minhas escolhas que me trouxeram àquela posição, e novamente, a minha intuição triunfava solene.

As pessoas gostam de exercer o seu poder sobre mim. Os meus pais inevitavelmente, Jungkook, Taehyung.

Bastara duas pancadas à porta para ela abrir. Por momentos pensei ser movida a sensores ou algo parecido devido à eficácia, mas após ver o rapaz fechá-la por trás, afastei a possível realidade.

- Presumo que esta minha companhia foi de certa forma uma proposta tua. Mas ficar cá a noite?

Cuspo sem redondeio ou conversa fiada. Taehyung não parece surpreendido e sorri suavemente, encolhendo os ombros.

- Necessitava de um alibi para falar contigo...
Diz igualmente certeiro. Abano a mão em renúncia.

- Esse assunto está arrumado para mim. Foste perdoado desde o momento que saí porta fora, apenas não o sabíamos.

Ele sorri:
- Fico contente.

- Mas falar sobre as minhas condições financeiras aos teus pais?
Digo ocultando a minha exposição, tocando nos seus pertences sorteados.
Ouço os seus passos converterem para mim e sinto a sua presença.

- Eles são bastante curiosos. E teimosia é um dos traços mais prevalecentes do parentesco materno. 

- E por isso podes afirmar que não tenho teto?

Um silêncio prolongado. Continuo.
- Eu escolhi não ter, pois seriam despesas desnecessárias de momento. Tenho várias escolhas.

Ele concorda, avisto através do reflexo de uma moldura mordendo o lábio e, por fim desculpa a sua inconveniência.
A foto na moldura tinha um adolescente com duas crianças. Taehyung tinha irmãos?

Afirmei que me ia retirar do quarto, sem qualquer cerimónia. Estava bastante cansada e tonta pelo vinho requintado consumido ao jantar.

Sinto as pontas dos seus dedos passarem pelo meu ombro delicadamente, um arrepio e uma carícia se conjugam. Travaram-me.
Ele queria-me. E que abordagem semelhante à minha tentativa de despedida, sem qualquer cerimónia.

Repentinamente, estava completamente consciente da minha respiração e dos meus batimentos. Os dedos correrem pelo pescoço e seguram os fios de cabelo. A minha cabeça inclina totalmente para o lado esquerdo e sinto os seus lábios baterem na minha pele, com rastos de saliva do ombro até à clavícula. Enquanto isso, mal reparei que agarrava a minha cintura, nos juntando por completo. Com impulsos e pequenos arrepios, acabo por me contorcer de desejo quando ele ousa me tocar intimamente. Os nossos corpos viram, ficando de frente.

O que se passa comigo?

Os seus olhos percorrem a minha face e sorri fechado. Pressiono os olhos quando penso que encara os meus lábios, mas para minha surpresa, beija o meu nariz. Após a bochecha. Após a testa.
Sinto que ele me quer, então porque não age?
Fico escaldante, como que como numa tarde de verão me protegendo dos raios de sol que tanto me torturam. Que tortura.

Que faço?

Esfrego as minhas coxas e, quando ele move da minha cintura até ao término das nádegas, intensifica.
No entanto, parece hesitante. Como eu.

Aperta tudo o que alcança, com certa moderação, e empurra o meu corpo para ele, como se ouvisse qualquer tipo de muro entre nós. Ouço claramente a sua respiração mas a minha nem parecia conter, quanto mais prestar atenção. Com lábios umedecidos, hábito seu, encara os meus. Aproxima a sua face da minha, se curvando ligeiramente e o seu hálito bate no inferior. Mas, num momento rápido, ergue a cabeça e beija a minha testa, me pressionando uma última vez antes da sua voz me acordar.

- Não devemos. Ainda não.
Diz amargamente de si para si. Ouço a desilusão no tom da sua voz e o seu corpo parecia contra-argumentar. O meu igualmente.

Ele vira costas e eu mordo o lábio.

- Menina Park, não faça isso. Não me provoque mais.

Diz e eu fico confusa. O seu olhar cruza com o meu através do reflexo da parede negra de vidraça e engulo a seco. O seu corpo endurece e ele hesita em sair do quarto. A sua garganta ardia de paixão, e o resto chamava por contacto e atenção, mas não faria isso. Nenhum deles.

- Taehyung...
Ela diz tensa. Num milésimo, os calcanhares do homem giram e vão de encontro a ela rapidamente. É empurrada e vai de encontro à cama, o seus peitos se conectam também. Tudo encaixa perfeitamente.
Ele beija os seus lábios apaixonadamente e satisfaz parte da sua vontade. Levanta num salto, como se para se controlar, trava o maxilar e vira costas, desta vez de vez.
Ele assim sai, quieto, fechando a porta atrás dele.
Sem conseguir ver, Taehyung encara o chão que jazia e sorri.

- O que faço agora?
Diz num suspiro, uma única risada e segue para o chuveiro mais próximo.
Do quarto, deixou uma menina pedinte, que após dois minutos, ouvia gotas de água baterem abafadas pelo mármore.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora